Homem justo, rei justo.

Homem justo, rei justo.

Salmos 1 e 2

Desde a minha infância fui ensinado a recitar e memorizar o Salmos 1, certamente uma das preciosidades que me foi ensinada e tem servido como bússola desde então. Mesmo tendo-o lido numa tradução que apresenta seus desafios devido a diferença das construções gramaticais, fui muito beneficiado com seu ensinamento. Portanto tenho grande apreciação pelo mesmo. Mas me restou a pergunta: E se eu o tivesse lido no original, quais teriam sido os benefícios? Fiz esse exercício e quão grande foi o meu deleite! Neste artigo eu partilho a resposta à aquela pergunta.

Nas línguas ocidentais usamos parágrafos, pontuação e sintaxe para ordenar e expressar nossas ideias. No hebraico antigo a “gramatica” era ordenada com posição de ideias, organizada em pequenos blocos que se tornava muito mais fácil memorizar, devido a sua estrutura lógica. Outro ponto diferencial relevante é nós que codificamos ideas e compilamos em livros com índice e páginas, enquanto o hebraico antigo era escrito em pele de animais guardados em forma de rolos. Esse processo era custoso e lento. Poucos tinham acesso aos rolos.

Como não havia abundância desse material pronto para ser escrito, parágrafos e espaço entre as linhas seria uma perda de recursos. Portanto as palavras eram escritas em seguida, sem nenhuma pontuação. Foi daí que surgiu a necessidade de dividir o texto em ideias, em vez de seguir uma estrutura gramatical complexa. O texto dividido em blocos e contraste de ideias ajuda a absorvê-lo melhor. Surge, assim, o acróstico inteligente em forma quiástica. Quiástica vem de quiasmo, que consiste em uma estrutura onde o primeiro elemento corresponde ao último elemento da poesia; o segundo, corresponde ao penúltimo; o terceiro corresponde ao antepenúltimo, etc.. até chegar ao centro onde não há mais correspondência e a mensagem central da poesia é encontrada.

Abaixo o texto apresentado na sua forma original de forma Quiástica:

Quiasmo
O Texto apresentado na sua forma original no quiasmo:
Como os salmos eram dividido por ideias, não em sintaxe, ao lermos o salmos 1 e 2 concluímos que eles, na verdade são temáticos. O salmos 2 é a continuação do salmos 1, expandindo o tema da retidão pessoal até a esfera pública.

Vejamos como funciona:
Salmos 1 – âmbito pessoal.Salmos 1

Portanto, a ideia principal é: D. “as suas folhas não cairão” Salmos 1:3c .
Idea central: serão sustentados.
Por que? Os justos ou retos serão sustentados porque meditam e consideram a lei do Senhor de dia e de noite, em contraste com os ímpios que são como a moinha, formosa e pomposa, mas qualquer vento das tempestades da vida os espalham e destroem. Salmos 1 tenta ditar para o homem comum como viver sua vida e repelir o mal em seu meio.

Salmos 2 – âmbito público.

Salmos 2

Portanto a ideia principal é:
C. “O Senhor me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei.” Salmos 2:7 .
Idea central: O Senhor sustenta os Seus. Por que? Os justos serão sustentados porque: “… ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião.” Salmos 2:6.
A escolha do Senhor ao seu “ungido” é baseada na escolha prévia do individuo de seguir seus mandamentos: “Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.” Salmos 1:2

Salmos 2 aborda as nações como um todo. Então podemos concluir que minhas escolhas no âmbito pessoal são refletidas na esfera pública. O homem reto que escolheu meditar e andar nos caminhos do Senhor será um bom líder e governante do seu povo. Salmos 2 começa com as pessoas confiando em si mesmas, “coisas vãs”, em suas próprias capacidades, inteligência e altivez, expandido para os governantes. Ele termina com um convite à retidão, uma admoestação a andar nos caminhos do Senhor, ponderar a sua Lei e só assim eles serão abençoados, assim como as nações. Caso contrário, serão destruídos pelas sua próprias escolhas, vãs filosofias e ideologias. O alerta fica para aqueles que querem provar o sustento do Senhor (Salmos 1) durante as vicissitudes da vida e querem provar da benção de uma vida plena, ao cumprir os mandamentos do Senhor, que não são pesados, estão ao nosso alcance, e o Seu cumprimento traz vida. (Deuteronômio 30:11-15). Salmos 2 é na verdade a continuação do Salmos 1 e deveriam ser lidos em paralelo.
O Salmo 2 termina alertando que os governantes que não atentarem às palavras do Senhor, vão acabar sendo destruídos.

Adivalter De Assis

HALLOWEEN – Dia das bruxas e dia finados, qual a relação?

HALLOWEEN – Dia das bruxas e dia finados, qual a relação?


HALLOWEEN – Dia das bruxas e dia de finados.

INTRODUÇÃO: Qual seria a necessidade de um estudo sobre o Halloween se esta é uma festa americana e de alguns países europeus?
Apesar desta festividade não ser muito conhecida pela maioria das pessoas no Brasil, ela vem ganhando um grande espaço em nossa cultura através de escolas primárias, escolas de inglês, TV, clubes, etc.

O QUE SÃO AS FESTAS DE HALLOWEEN? O Halloween acontece nas noites próximas do dia 31 de Outubro que são geralmente celebradas com festas a fantasia, fogueiras e com crianças fantasiadas de monstros, fantasmas, bruxas, etc., saindo de casa em casa pedindo doces (brincadeira de “trick or treat”, “travessuras ou doces”). Hoje, Halloween é um dia importante para os lojistas americanos. É uma noite em que “as pessoas decentes se tornam exibicionistas ultrajantes”. Sessenta por cento de todas as fantasias são vendidas a adultos. No dia 31 de outubro, uma em cada quatro pessoas com idades que variam de dezoito a quarenta anos vestem algum tipo de fantasia representando certo personagem. Para os se declaram psíquicos, bruxos, clarividentes e visionários, este é o dia mais agitado do ano. As editoras que publicam livros que vão desde astrologia até bruxaria registram um aumento colossal nas vendas. Salém, no Estado de Massachusetts, sede da bruxaria norte-americana, celebra na época do Halloween, o “festival da assombração”, assim expandindo a temporada de verão.

SIMBOLISMO E SUAS ORIGENS: Definição: “Halloween” é uma palavra do Inglês antigo que significa “santo”, e “e’en” também de origem inglesa significa “noite”, então o significado é “Noite Santa” ou “All Hallows Eve”, “Noite de Todos os Santos”. O dia 31 de outubro não é uma escolha por acaso. No calendário celta, este é um dos quatro principais dias de descanso das bruxas, os quatro dias de “meio trimestre”. O primeiro, 2 de fevereiro, conhecido como Dia da Marmota, honrava a Brigite, a deusa pagã da cura. O segundo, um feriado de maio chamado Beltane, era entre os bruxos, o tempo de plantar. Neste dia os druidas executavam ritos mágicos para incentivar o crescimento das plantações. O terceiro, uma festa de colheita em agosto, era comemorado em honra ao deus sol, a divindade brilhante, Lugh. Esses três primeiros dias marcavam a passagem das estações, o tempo de plantar e o tempo de ceifar, bem como o tempo da morte e ressurreição da terra. O último, Samhain, marcava a entrada do inverno. Nesse tempo, os druidas executavam rituais em que um caldeirão simbolizava a abundância da deusa. Dizia-se que era tempo de “estado intermediário”, uma temporada sagrada de superstição e de conjurações de espirito. SAMHAIN (palavra de origem celta para designar “O Senhor da Morte”). Para os druidas, 31 de outubro era a noite em que Samhain voltaria com os espíritos que morreram naquele ano para possuir o corpo dos vivos. Assim, nesse dia, faziam a comemoração apagando todas as luzes da casa, acendiam enorme tochas e usavam roupas feitas de peles de bichos para espantar os espíritos. Eles precisavam ser apaziguados ou agradados; caso contrário, os vivos seriam ludibriados. Acendiam-se enormes fogueiras nos topos das colinas para afugentar os espíritos maus e aplacar os poderes sobrenaturais que controlavam os processos da natureza. Com a imigração de aproximadamente 4.5 milhões de Irlandeses para os Estado Unidos entre os anos 1820 e 1930, esses introduziram o costume das festa de Halloween. No final do século passado, esse costume se tornou popular. Era oportunidade de infligir danos às propriedades e consentir que se praticassem atos diabólicos não tolerados noutras épocas do ano. A Igreja Católica celebrava originalmente o “Dia de Todos os Santos” no mês de maio e não no dia 1 de novembro como é feito atualmente. O Papa Gregorio III, em 835, tentando apaziguar a situação nos territórios pagãos recém conquistados no noroeste da Europa, permitiu-lhes combinar o antigo ritual do “Dia de Samhain” ou “Vigília de Samhain” (No Brasil, A Igreja Católica usou o mesmo método com os deuses africanos e os santos da igreja no tempo da escravidão). No Panteão de Roma (Pantheum em grego, Pan = muitos, Theum = templo, templo de muitos deuses), templo edificado para adoração de uma multiplicidade de deuses, foi transformado em igreja em 14 de Maio de 609 pelo então papa Boniface IV. Os cristãos celebravam ali o dia dos santos falecidos no dia posterior ao que os pagãos celebravam o dia de seu Senhor dos Mortos. Mas a palavra final nessa mudança de dadas foi pelo papa Gregório IV que introduziu a festa de “todos os santos” no calendário romano, tornando assim universal a dada de 1 de novembro, transferido de 31 de outubro para 1 de novembro. Pouco mais de um século após introduzir o dia de “todos os santos”, a Igreja católica determinou que seria melhor comemorar o “dia dos mortos” logo após o dia de “todos os santos”, sendo assim 2 de novembro o tão conhecido “dia de finados” quer dizer mortos. Uma sequência natural à celebração dos mortos ou “honra a alma do morto”. Numa clara evidência do sincretismo religioso que tem se expandido em todo o mundo nos últimos dois mil anos.

Elementos da Festa da Bruxas:

1- DRUIDAS Estes eram membros de um culto sacerdotal entre os celtas na antiga França, Bélgica, Espanha, norte da Itália, Inglaterra e Irlanda que adoravam deuses semelhantes aos dos gregos e romanos, mas com nomes diferentes. Pouco se sabe sobre eles, pois os sacerdotes passavam seus ensinamentos apenas oralmente jurando e fazendo jurar segredo. Algumas práticas porém são conhecidas, eles moravam nas florestas e cavernas, e diziam dar instruções, fazer justiça e prever o futuro através de vôo de pássaros, do fogo, do fígado e outras entranhas de animais sacrificados. Os druidas também ofereciam sacrifícios humanos e tinham como sagrados a lua, a “meia-noite”, o gato, o carvalho, etc. Os druidas foram dizimados pelos romanos na França e Inglaterra antes do final do primeiro século, mas continuaram ativos na Irlanda até o quarto século.

2- BRUXAS E FANTASMAS Os antigos druidas acreditavam que, na noite de 31 de outubro, bruxas, fantasmas, espíritos, fadas, e duendes saiam para prejudicar as pessoas.

3- LUA CHEIA, GATOS E MORCEGOS Acreditava-se que a lua cheia marcava a época de praticar certos rituais ocultos, que as bruxas podiam transferir seus espíritos para gatos e que toda bruxa tinha um gato. O gato era tido como “um espírito familiar”, por superstição e muitos eram mortos quando se suspeitava ser uma bruxa. Os druidas também tinham os gatos como animais sagrados, acreditando terem eles sido seres humanos transformados em gatos como punição por algum tipo de perversidade. Representavam portanto seres humanos encarnados, espíritos malvados, ou “espíritos familiares” das bruxas. A cor do gato originalmente não era um fator importante. O morcego, por sua habilidade de perseguir sua presa no escuro e ter hábitos noturnos, adquiriu a reputação de possuir forças ocultas e de ser demoníaco e também por possuir características de pássaro, que para o ocultismo é símbolo da alma. Assim, surge a crença, no período medieval, de que demônios transformavam-se em morcegos.

4 – CABEÇAS DE ABÓBORA (“JACK-O-LANTERNS”) A lanterna feita com uma abóbora recortada em forma de “careta”, veio da lenda de um homem notório chamado Jack, a quem foi negada a entrada no céu por sua maldade, e no inferno por pregar peças no diabo. Condenado a perambular pela terra como espirito até o dia do juízo final, Jack colocou uma brasa brilhante num grande nabo oco, para iluminar-lhe o caminho através da noite. Este talismã, representada hoje por uma abóbora, simbolizava uma alma condenada.


5- “TRAVESSURAS OU DOCES – “TRICK OR TREAT”
Na cultura celta havia uma crença de que para se apaziguar espíritos malignos, era necessário deixar comida para eles. Esta prática foi transformada com o tempo e os mendigos passaram a pedir comida em troca de orações por qualquer membros mortos da família de quem lhe dava esmola. Também neste contexto, havia na Irlanda a tradição, que um homem conduzia uma procissão para angariar oferendas de agricultores, a fim de que sua colheitas não fossem amaldiçoadas por demônios. Uma espécie de chantagem, que daí deu origem ao “travessuras ou doces” “Trick or Treat”.

6- AS MÁSCARAS E FANTASIAS As máscaras têm sido um meio de supersticiosamente afastar espíritos maus ou mudar a personalidade do usuário e também de comunicação com o mundo dos espíritos. Acreditava-se enganar e assustar os espíritos malignos, quando vestidos com máscaras. Também em outras culturas pessoas tem usado máscaras para assustar demônios que acreditavam trazer desastres como epidemias, secas, etc. Grupos envolvidos com magia negra e bruxaria também usam máscaras para “criar uma ligação” com o mundo dos espíritos.

7 – AS FOGUEIRAS A palavra inglesa para fogueira é “Bonfire”. Alguém pode até pensar que quer dizer “fogo bom”, mas na verdade vem de “Bone” (osso) + “Fire” (fogo). Nas celebrações da “Vigília de Samhain” nos dias 31 de outubro, os druidas acreditavam poder ver boas coisas e mal agouros do futuro através do fogo. Nestas ocasiões, os druidas construíam grandes fogueiras com cestas de diversos formatos e queimavam vivos prisioneiros de guerra, criminosos e animais. Observando a posição dos corpos em chama, eles diziam ver o futuro. Mais tarde, mulheres, crianças, filósofos e cientistas foram “assados” vivos por católicos, calvinistas e luteranos.

8 – AS CORES LARANJA E PRETA As cores usadas no Halloween, o laranja e o preto, também tem sua origem no oculto. Elas estiveram ligadas a missas comemorativas em favor dos mortos, celebradas em novembro. As velas de cera de abelha tinham cor alaranjada, e os esquifes eram cobertos com tecidos pretos.

9 – FEITIÇARIA NO PASSADO Não só os católicos cometeram as atrocidades da Santa Inquisição, mas também os seguidores de Lutero, durante a selvagem perseguição aos anabatistas, e os calvinistas em sua feroz intolerância, promoveram barbaridades e injustiças com a desculpa de estarem em “Guerra Santa”. Acreditava-se que mulheres com poderes de feitiçaria podiam lançar aos seus vizinhos toda espécie de sorte maléficas, como morte de gado, perda de colheita, morte de filhos, etc. Segundo a tradição, o poder mais pernicioso de tais bruxas era de tornar seus maridos cegos a respeito da má conduta de suas esposas e de fazer com que as chamadas feiticeiras gerassem filhos idiotas ou aleijados. Como a caracterização de bruxas era a de velhas megeras desdentadas com hábitos excêntricos e fofoqueiras, que se dizia possuir língua venenosa. Em 1692, nos EUA, na cidade de Salem, muitas mulheres foram mortas simplesmente por possuírem algumas destas características. Tamanha era a barbárie que ter um filho com alguma deficiência já caracterizava a mãe como bruxa ou feiticeira. Na Europa, a figura de feiticeira era a de “uma moça linda e perversa”, e grande número de adolescentes e jovens mulheres casadas foram mortas na Alemanha e França. As primeiras perseguições ocorreram no séc. XIII e depois em 1484 com a Santa Inquisição. O papa Inocêncio II recomendava que seus os inquisidores torturassem até obter provas que elas eram bruxas. Durante a Revolução Protestante essa caça assumiu proporções absurdas. Lutero aconselhava que se matasse feiticeiras com menos consideração e misericórdia do que se tinha com criminosos comuns. Sob o comando de Calvino em 1545, 34 mulheres foram queimadas ou esquartejadas (vivas) sob acusação de serem ou praticarem feitiçaria. Mulheres, moças e até crianças eram torturadas com agulhas enfiadas sob suas unhas, assando-se os pés em fogueiras ou esmagando-se as pernas sob grandes pesos “até que a medula espirrasse dos ossos”, tudo isso para obriga-las a confessar “orgias repelentes com os demônios”. O ápice desta histeria ocorreu no final do séc. XVI onde o número de vítimas pode ter chegado a 30 mil. Durante essa época em cidades alemãs mais de 900 mulheres foram mortas num só ano, não restando uma só mulher em algumas cidades. Até pessoas celebrizadas por nós defendiam que pessoas fossem mortas sob simples suspeita de feitiçaria.

O HALLOWEEN HOJE  O Halloween tem outros aspectos negativos além de sua herança pagã arraigada na bruxaria e sua ênfase sobre o diabo e as trevas. Alguns vândalos estão mais interessados em brincadeiras de mau gosto do que em festas. Todavia, tais associações com o mal não indicam que os pais que permitem que seus filhos participem dessas celebrações do Halloween estejam a par de suas ramificações históricas. Mas seria difícil achar alguma virtude nos festejos do Halloween pois seu simbolismo envolve demônios, fantasmas, morte, trevas, esqueletos, medo e terror.

O QUE A BÍBLIA DIZ:

O que Deus pensa dessa práticas e seus praticantes:
Deut.18:9-14
“9 Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações.
10 Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro;
11 Nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos;
12 Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti.
13 Perfeito serás, como o Senhor teu Deus.
14 Porque estas nações, que hás de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém a ti o Senhor teu Deus não permitiu tal coisa”

Isaías 8:19
19 Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?

Levítico 19:26, 31
26 Não comereis coisa alguma com o sangue; não agourareis nem adivinhareis
31 Não vos virareis para os adivinhadores e encantadores; não os busqueis, contaminando-vos com eles. Eu sou o Senhor vosso Deus.

Levítico 20:6-8
6 Quando alguém se virar para os adivinhadores e encantadores, para se prostituir com eles, eu porei a minha face contra ele, e o extirparei do meio do seu povo.
7 Portanto santificai-vos, e sede santos, pois eu sou o Senhor vosso Deus.
8 E guardai os meus estatutos, e cumpri-os. Eu sou o Senhor que vos santifica
.

Levítico 20:27
27 Quando, pois, algum homem ou mulher em si tiver um espírito de necromancia ou espírito de adivinhação, certamente morrerá; serão apedrejados; o seu sangue será sobre eles.

Romanos 12:2
2 E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus

Gálatas 5:19-21
19 Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia,
20 Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,
21 Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus

Efésios 6:12
12 Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.

Apocalipse 21:8; 22:15
8 Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos que se prostituem, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.

Apocalipse 22:15
15 Mas, ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira.

REFLETINDO Existe algo de ruim nisto? Quer dizer que esta simples festividade com pessoas e crianças se fantasiando, pedindo doces é um remanescente de antigas práticas de magia negra, culto aos mortos e outras coisas sinistras?

TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES Nos Estados Unidos foram proibidas as orações públicas. O princípio do secularismo tirou das escolas a celebração do Natal. Mas o Halloween permanece. O abrigo de gatos de Chicago tem uma procura muito grande de gatos pretos durante os festejos de Halloween. Temendo que os gatos estivessem sendo usados em rituais macabros pelos que se auto-proclamam bruxos, a Sociedade Protetora de Animais excluiu a adoção durante essa temporada. No Brasil e no mundo estão aparecendo pessoas se auto-intitulando bruxos.Simbolismo apenas? Pense em alguns símbolos e analise-os. Há algum significado? Há alguma importância? Há alguma influência? Devemos acolher tais festividades? Deve um crente participar de tais festividades?

Autor: Adivalter De Assis

BIBLIOGRAFIA: 

BURNS, E. M., Western Civilizations, Their History and Their Culture, W. W. Norton & Co. Inc., New York, 1968.ANKERBERG, J., Weldon, J., The Facts on Halloween: What Christians Need to Know. Harvest House, Oregon, 1996.
PHILLIPS, P., Robie, J., H., Halloween and Satanism. Starburst, 1987.
HURT, R., The History of Halloween and the Word of God, not published (?).
MARGADONNA, S., Halloween Oct. 31: What’s It All About?, not published (?).
PHILLIPS G., Halloween: What It Is From a Christian Perspective, not published, Bay View Church, Alabama:

Que o Senhor Reine!

Que o Senhor Reine!

A todo o momento somos desafiados a fazer escolhas, afinal a vida é feita de escolhas seja na esfera pessoal ou coletiva. Enquanto na nossa nação somos guiados por um sistema democrático, na nossa esfera pessoal somos chamados a servir, num sistema teocrático.
A palavra “democracia” tem origem do grego, e vem de “Demokratia”, sua versão em latim era “Democratia”. O termo tem em sua base duas palavras gregas: DEMOS, que significa “povo” e KRATOS “Domínio, poder”, o que nos traz o significado de “poder do povo” ou “governo do povo”. A democracia, de entre muitos outros sistemas de governo, parece ser o menos nocivo ao indivíduo na esfera pessoal, apesar de ter suas limitações.

Em contraste, a palavra Teocracia, com origem também no grego, é a junção do grego “theos” que significa D-us e “kratein” que significa governar, então um governo regido por D-us.

A vontade da maioria do povo tem suas complicações. O próprio Messias divino foi entregue à morte pela vontade da maioria, do mesmo modo que a tentativa de implementar um governo teocrático se mostrou falho através da história. A chamada democracia optou por matar um inocente e soltar um ladrão (Mateus 27:20); o povo, manipulado pelos líderes, gritou: “Solte Barrabás! Condene Jesus!”

Voltando a origem do homem, antes do pecado entrar no mundo, vemos que havia uma harmonia onde o homem decidia o que fazer debaixo do domínio do Senhor. Nessa liberdade de decisão havia também a possibilidade até de desobedecer. Da mesma forma, hoje, no “pós queda”, somos confrontados por escolhas. O Senhor, ao criar o universo e a terra como habitação para o homem, deu-lhe a escolha de servi-lo livremente ou escolher o seu próprio caminho. Devemos notar que toda a terra estava sujeita ao domínio do homem, mas o Senhor tinha separado um jardim e uma árvore que era do domínio Dele somente. Ao fazer isso, Ele estava dizendo: 99.9% é para você desfrutar, viver e ser feliz, mas esse 0.01% é do meu domínio e você precisa respeitá-lo. Essa árvore chamava-se “a árvore do bem e do mal”.

Se voltarmos um pouco mais no relato da criação, vemos que D-us criava algo e declarava: “Isso é bom”. De facto, existem 7 (perfeições) declarações em Gênesis 1, usando a palavra “bom”, (Tov, em hebraico), que também significava “bem”. Declarar o “bem” e o “mal” era uma prerrogativa da autoridade divina. A realidade de como as coisas deviam ser definidas se originava Nele. Ao pôr a árvore do “bem e mal” no meio do jardim Ele dá a escolha ao homem para viver dentro da realidade proposta e criada por Ele, ou criar a sua própria realidade.

A tentação da serpente é: “e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal (Gênesis 3:5), sugerindo que homem teria a capacidade de decidir o que é “bem e mal”; não precisaria de D-us para isso. Ele poderia, de fato pode torcer a realidade e criar a sua própria sem D-us, a prerrogativa passa ser dele. Ao escolher comer dessa árvore há a possibilidade do homem nomear e determinar o que passa a ser o bem e o mal; se comer poderá declarar (como D-us) o certo e o errado. O homem pensou: Por que não ter 100% do domínio, ditar as regras e ser senhor do meu próprio destino? Se posso ter 99.9%, por que não ter o outro 0,01% também? Essa foi a tentação: querer dominar tudo, ter o que não lhe é permitido, passar dos limites, redefinir a realidade seus meus próprios olhos: “Agora eu defino o que é “TOV”, não preciso de D-us para fazer isso por mim”.

Assim como Adão e Eva, somos na esfera pessoal, diariamente confrontados com essa mesma escolha, pós queda. Agora que somos conhecedores do “bem e do mal” podemos render nossas escolhas para fazer o bem “TOV – טֽוֹב” ou o mal “RA – רָע “ .

Enquanto o voto democrático tem suas limitações, manipulações e inúmeras falhas; na esfera pessoal, podemos render nosso poder de decisão aos padrões que D-us estabeleceu para que vivamos uma vida plena e realizada. Na verdade não é difícil escolher o bem e não é impossível aplicá-lo, o Senhor declara:
11 Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não te é encoberto, e tampouco está longe de ti.
12 Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos?
13 Nem tampouco está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar, para que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos?
14 Porque esta palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires.
15 Vês aqui, hoje te tenho proposto a vida e o bem, e a morte e o mal; (Deuteronômio 30:11-15).

Portanto internamente devemos tentar viver uma “teocracia”, onde D-us governa; consequentemente, haverá um impacto no exterior que será transformado pelas nossas boas escolhas.

Devemos escolher:
1- A vida sobre a morte: A vida é um presente de D-us, só Ele pode criar só Ele pode tirar. Gen 9:6, Salmos 36:9 Toda vida humana é muito importante, até mesmo a de um bebê na barriga da mãe. Por isso, tirar de propósito a vida de um bebê que ainda não nasceu é o mesmo que assassinato. “Se alguns homens pelejarem, e um ferir uma mulher grávida, e for causa de que aborte, porém não havendo outro dano, certamente será multado, conforme o que lhe impuser o marido da mulher, e julgarem os juízes. Mas se houver morte, então darás vida por vida”. (Êxodo 21:22,23)
O Senhor nos propõe:
19 Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, Deuteronômio 30:19
Quem nos deu a autoridade de determinar se um inocente viva ou morra? Essa prerrogativa pertence só ao autor da vida.

2- A honestidade sobre o roubo: Honestidade é falar a verdade, vivendo de maneira íntegra.
O que é verdade? Quando ações e palavras são harmonizadas, andam juntas.
Deus se agrada da honestidade porque ele é o D-us da verdade e odeia a mentira. Deus abençoa quem é honesto. O honesto ganha a confiança de outras pessoas e faz a comunidade prosperar. O salmista escreveu:
Senhor, quem habitará no teu santuário?
Quem poderá morar no teu santo monte?
Aquele que é íntegro em sua conduta e pratica o que é justo; que de coração fala a verdade e não usa a língua para difamar; que nenhum mal faz ao seu semelhante e não lança calúnia contra o seu próximo; (Salmos 15:1-3)

3- A fé sobre a dúvida: Fé, ou “emuná” (em Hebraico) tem mais haver com a fidelidade do que crença. Enquanto crença é aderir a um tipo de ensinamento ou filosofia previamente postulada, a fidelidade é ser fiel a uma aliança/contrato estabelecido. Portanto, tenho fé quando aceito essa aliança feita, sou fiel aos seus termos (essa aliança foi feita entre D-us e os homens através de Sua interação com o povo de Israel), e tento viver nesses princípios. A dúvida é corrosiva à nossa fé, e traz caos à vida humana, nunca estando seguro do que é certo ou errado, relativizando os princípios e se reduzindo aos seus desejos e impulsos. Com a relatividade dos princípios tudo que desejo passa a ser o “certo”, o grande ego está no controle, eu domino os 100%! Quem precisa de D-us?

4- D-us e não o estado: O escritor inglês G. K. Chesterton, (1874-1936) disse: “não há problema em não acreditar em Deus; o problema é que quem deixa de acreditar em Deus começa a acreditar em qualquer outra bobagem, seja na história, na ciência ou sem si mesmo, que é a coisa mais tola de todas. Só alguém muito alienado pode acreditar em si mesmo.” Aqueles que rejeitam a ideia de D-us e a criação acabam acreditando em qualquer coisa; no vácuo muitos tentam substituir D-us pela imagem do estado, porque o mesmo, às vezes, se propõe como provedor de alimento, organizador do caos humano e promovedor da “felicidade” humana, mas isso é uma farsa. A própria história recente já mostrou que quando o estado tenta calçar as botas de D-us as consequências são terríveis; normalmente, se termina com milhares esmagados pelas botas da intolerância humana. O estado tem sua função estabelecida por D-us para boa governança mas o mesmo nunca poderá substituí-lo e precisa estar sujeito às Leis divinas. Toda vez que se tenta substituir leis divinas por filosofias humanas (humanismo), acaba-se em desastre. O humanismo começou no jardim do Éden, onde o homem tentou ser o centro do universo, e até hoje sofremos suas consequências.

Enfim, ao fazer a suas escolhas, seja no âmbito pessoal ou comunitário, considere O Senhor, em todas as coisas; seus princípios e seus mandamentos. Certamente, as suas escolhas internas vão afetar a sua comunidade e o seu país. Que Ele lhe dê sabedoria para viver uma vida plena sem nunca se esquecer que ele é o autor e consumador da vida e só a Ele devemos nossa lealdade (fé).

Adivalter De Assis

Marta e Maria em seu contexto.

Antes de qualquer interpretação bíblica precisamos entender o seu contexto geográfico, linguístico, cultural e espiritual, só assim estaremos aptos em adaptar a passagem ao nossos dias e consequentemente as nossas vidas.

Primeiramente, é do interesse do leitor notar que o texto que temos em mãos passou por varias transformações que se forem ignoradas poderão resultar numa interpretação equivocada.  Ressalto algumas dessas considerações:

1- Contexto histórico: Antes de Mateus, Marcos e Lucas seus livros a maior parte das histórias originais estavam separadas por tópicos, essa é a conclusão que o linguista e pesquisador Robert L. Lindsey [1917-1995] chegou após anos de dedicação ao estudos dos evangelhos sinópticos. Esse pequeno relato de Marta e Maria fazia parte de um texto bem maior, com ao passar dos anos ficou disperso entre os 3 evangelhos. Lindsey usando técnicas linguisticas e temáticas põe o texto de Marta e Maria dentro do seu context original encontrados em  Lucas 10:38-42, Mateus 6:25-34 = (Lucas 12:22-31) Lucas 12:16-20 e Lucas 16:19:31.

Lucas 10:38-42

38 E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa;

39 E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra.

40 Marta, porém, andava distraída em muitos serviços; e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude.

41 E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa (preocupada) e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária;

42 E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.

Mateus 6:25-34

25 Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos (preocupado) quanto à vossa vida (alma), pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida (alma) mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?

26 Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?

27 E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados (preocupação), acrescentar um côvado à sua estatura?

28 E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam;

29 E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.

30 Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?

31 Não andeis, pois, inquietos (preocupados), dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?

32 Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;

33 Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.

34 Não vos inquieteis (preocupados), pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.

Lucas 12:16-20 e  Lucas 16:19-31

2- Contexto Cultural: Os rabinos do primeiro século viajavam de cidade em cidade ensinando a Lei de Moises (Torá e os livros proféticos), essas viagens poderiam durar alguns dias ou até meses. Jesus, um rabino típico do primeiro século ensinava de povoado em povoado e se hospedava na casas dos seus seguidores/discípulos contando com a bondade e hospitalidade dos mesmos, a lei de Moises proibia o recebimento de dinheiro ou pagamento pelo ensino da escrituras (Torá e os profetas). Os ensinamentos eram esporádicos e propositalmente relacionados com atividades do dia a dia dos seus ouvintes. 

3- Método de ensino: A forma mais usada e eficaz de ensino no primeiro século era o uso de parabolas em pares, razão desse uso se acha na Torá, Deuteronômio 19:15 “Uma só testemunha contra alguém não se levantará por qualquer iniqüidade, ou por qualquer pecado, seja qual for o pecado que cometeu; pela boca de duas testemunhas, ou pela boca de três testemunhas, se estabelecerá o fato.” Se tornou pratica de ensinar alguma ideia divina com uso de 2 parabolas para enfatizar a ideia. Assim como no caso de José do Egito, ele teve 2 sonhos paralelos para confirma a sua veracidade. 

4- Problemas na tradução: Consideremos que os sinópticos originais foram escritos em Hebraico e não Grego, como comumente aceito pela maioria. Existem evidencias irrefutáveis que comprovam o caso.Vou explorar esse tema em outra postagem.

5- Visão Grego/Romana vs Visão Hebraica. Na nossa cultura altamente influenciada pela lógica e visão grego/romana temos a tendencia de ler o texto bíblico com nossos óculos culturais grego/romano. A visão grego/romana sustenta a ideia do dualismo, onde tudo que é espiritual é bom e tudo que é material é mau. Se escolho A, automaticamente excluo B.

Se quiser saber mais, leio meu artigo https://raizeshebraicas.com/2013/10/12/mente-hebraica-x-grego-romana-integra/  

Considerando esses aspectos essenciais para uma interpretação saudável, vamos lá: 

V 38 E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa;  

Apesar de o texto em Lucas não mencionar o local preciso, sabemos que isso ocorreu em Betânia de acordo com João 12:1. 

Ao viajar de povoado a povoado Jesus fazia paradas para repousar durante a noite que normalmente durava alguns dias. As viagens no oriente medio eram cheias de perigos, assaltantes, feras do campo e também era muito cansativa. As temperaturas poderiam chegar aos 45-50 graus durante o verão e abaixo de zero no inverno, o que adicionava ao desconforto de uma viajem a pé. 

V 39 E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra.

Aqui existe uma omissão ou má tradução que muda nosso entendimento da passagem, a palavra “a qual” deveriam ser traduzida por “também”, que quer dizer que tanto Marta como Maria estavam sentadas aos pés de Jesus para aprender.

“Sentar-se aos pés” é simplesmente uma expressão que quer dizer “aprender do mestre” Paulo em atos 22:3 usa essa expressão para identificar seu mestre “Quanto a mim, sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, e nesta cidade criado aos pés de Gamaliel, instruído conforme a verdade da lei de nossos pais, zelador de Deus, como todos vós hoje sois.”

Isso é uma reminiscência do ditado judaico no m. ʻAbot 1: 4: “Que a tua casa seja uma casa de reunião para os Sábios (rabinos/metres) e sente-se no meio do pó dos seus pés e beba as suas palavras com sede”.

V-40: Marta, porém, andava distraída em muitos serviços; e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude. 

Maria está se esquivando de suas responsabilidades de ajudar a irmã? Na cultura de Jesus, deveres domésticos eram considerado parte da responsabilidade somente das mulheres. Aprender a Torá (escrituras) era desaprovado. Tenho certeza de que os discípulos de Jesus esperariam que Ele ficasse do lado de Marta aqui e dissesse algo como: “Maria, sua irmã tem muito para fazer. Por que você não se levanta e a ajuda? Seria ótimo”. Mas ele surpreende todos com sua resposta.

Por que Jesus diz coisas tão absurdas? Porque Ele está ensinando. Ele está deixando uma impressão indelével e memorável na mente de Seus discípulos. Seus seguidores foram educados para considerar as responsabilidades de alguém para com a família como preeminentes. Jesus exalta a escolha de Maria mas não repreende Marta pela escolha que fez, afinal todos temos chamados distintos.

V-41 E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária;

Em Lucas 10:5-6 Jesus prescreve hospitalidade para discípulos viajantes.  “E em qualquer casa onde entrardes, dizei primeiro: Paz seja nesta casa. E, se ali houver algum filho de paz, repousará sobre ele a vossa paz; e, se não, voltará para vós.”

Parece contraditório que Jesus não recebesse bem a diaconia (diakonia = serviço em Grego) de Marta. Em João 12:2 Marta é exaltada pelo serviço prestado “Fizeram-lhe, pois, ali uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele.”

Em João 12:26 Jesus ensina a importância do serviço aos outros e ao Senhor,  “Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará.” 

Toda sua vida se resumia ao serviço aos outros, Ele com frequência se mostrava como um servo. Vemos isso em Lucas 22:27 “Pois qual é maior: quem está à mesa, ou quem serve? Porventura não é quem está à mesa? Eu, porém, entre vós sou como aquele que serve.”

Lendo esses textos acima fica difícil de acreditar que Jesus por algum momento diminuiu os esforços de Marta. O serviço de Marta não é avaliado negativamente em nenhum outro texto Lucas. Essa história poderia realmente ser sobre zelo exagerado Martha? 

V-42 E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada. 

Jesus responde a Marta: “Maria escolheu Grego – agatha (boa parte)”. Esta palavra não precisa ser traduzida como “melhor ou excelente”. Pode significar simplesmente “bem”. Jesus está dizendo que Maria escolheu o “bem” e não vai tirar Maria de sua atividade para voltar ao povoado para ajudar Marta. Neste momento, Jesus só confirma a validade da escolha de Maria.

Vale a pena notar que era culturalmente reprovável uma mulher “sentar aos pés do rabino” e aprender direto de um rabino. Normalmente o rabino ensinava ao esposo e o mesmo ensinava a mulher. Como Jesus quebrou muitas barreiras culturais, essa oportunidade de aprender diretamente do rabino foi imperdível para Maria que com essa ação quebrou muitas barreiras culturais. 

Para o Judeu do primeiro século o fato de Jesus ter dito “Maria escolheu a boa parte” não exclui o bom trabalho de Marta, não existe tensão na sua afirmação. Visão Hebraica. Entretanto nossa visão Grego/Romana não deixar espaço para a tensão, a mentalidade Grego/Romana eleva a dualidade, exemplo preto ou branco, material ou espiritual etc.. Já a mente Hebraica vive muito bem com o holismo, pode não ser preto ou branco mas sim cinza, não é nem material nem espiritual mas sim um conjunto dos dois e ambos podem ser bons ou ruins dependendo de como se aplica. 

Jesus reconhece o trabalho valioso de Marta e a escolha de Maria, sem excluir ninguém. Esse episódio não foi isolado, provavelmente Jesus ficou por alguns dias na casa de Marta e Maria. Possivelmente Maria teve a oportunidade de servir assim com Marta.

Portanto Jesus afirmou a posição, chamado, missão de Marta assim como também afirmou a posição, chamado e missão de Maria. Reconhecendo que as pessoas são diferentes, tem personalidades diferentes e chamados distintos mas todos são uteis em sua capacidade no reino. Imagine se todos fossem chamados ao ministério de ensinar, ninguém ao ministério de servir? Seria impossível de alcançar algo concreto.

Contexto do Livro:

O Evangelho de Lucas foi escrito pelo Dr. Lucas, um gentio e o único autor bíblico que não é judeu. Embora ele não fosse um apóstolo original, Lucas era um associado próximo do Apóstolo Paulo, então o Evangelho de Lucas e o Livro de Atos que ele também escreveu, sempre foram considerados “apostólicos” pela Igreja; “Apostólico” significa “dos Apóstolos” – o fato de que uma obra foi escrita por um apóstolo ou (como no caso dos Evangelhos de Marcos, Lucas e Atos) por alguém muito próximo tanto no tempo quanto no relacionamento com um apóstolo, autenticado o trabalho e foi importante em sua colocação final como escritura sagrada.

Lucas era um homem erudito – um médico – e ele era um historiador e escritor – então, podemos esperar que a escrita de Lucas seja cheia de significado e se mantenha unida e não simplesmente seja uma cadeia ou coleção de declarações desconexas. O publico de Lucas foram os gregos, incluindo judeus e gentios helenizados, que esperavam e apreciavam esse tipo de pensamento e escrita sistemáticas. Eles não estavam interessados ​​em ler versos isolados ou passagens curtas; seu lema não era “apenas me dê os fatos. Eles gostavam de ler e considerar obras inteiras para ver como as proposições e a história se mantinham juntas e para captar mensagens e temas gerais.

 

Teologia da substituição Parte 2

Teologia da substituição Parte 2

Como discutido na postagem anterior: Teologia da substituição Parte 1 – https://raizeshebraicas.com/2022/01/29/teologia-da-substituicao-parte-1/
     A teologia da substituição erra em vários pontos, primeiro por apresentar uma narrativa incompleta, depois por deturpar o caráter de D-us. A aliança feita com Abraão foi unilateral, imutável e irrevogável.
Como eram feitas as alianças na antiguidade?
     Numa era onde não existia escrita, nem papel, desenvolveu-se rituais para firmar pactos e alianças de paz, casamento, compra e venda de propriedades etc… Como acreditava-se em vários “deuses” que eram os sustentadores da ordem natural do universo e tinham o poder sobre a morte e vida tudo era feito em nome desses “deuses”. Se duas partes A e B tinham interesse em fazer um pacto ambos traziam alguns dos melhores animais do seu rebanho, os partiam ao meio e arrumavam de forma que as duas metades fizessem um corredor. Então o pactuante A passava ao meio das carcassas e recitava a parte de sua obrigação no contrato, depois o pactuante B fazia a mesma coisa, ao terminar cada um oferecia suas carcassas num altar ao seu deus.
     Esse ritual significava que se tanto parte A ou B não cumprisse sua parte do contrato ele estaria dando a autoridade a outra parte de cortá-lo ao meio como foi feito com os animais.
Tendo dito isso, vamos ver como aconteceu o pacto entre D-us e Abraão:
Gen 15:
1- D-us instrui Abraão o que deve fazer.
v9 E disse-lhe: Toma-me uma bezerra de três anos, e uma cabra de três anos, e um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho.
v10 E trouxe-lhe todos estes, e partiu-os pelo meio, e pôs cada parte deles em frente da outra; mas as aves não partiu

2- A parte de D-us no contrato.
V13 Saibas, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos.
V14 Mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza.

3- A parte de Abraão no contrato, estranhamente ele é posto para dormir por D-us e não recita sua parte da aliança.
v12 E pondo-se o sol, um profundo sono caiu sobre Abrão; e eis que grande espanto e grande escuridão caiu sobre ele.

Indicando que esse pacto seria unilateral, D-us cumpriria sua parte da aliança mas Abraão seria incapaz de cumprir, sabendo disso o pôs para dormir.
Encontramos mais detalhes dessa aliança em Gen 17:7 E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti.

A palavra chave aqui é “perpétua” em hebraico Olam (עוֹלָם), com significado em português: posteridade, para sempre, sempre, eterno, eternamente, perpétuo, existência contínua, perpétua, futuro indefinido ou interminável, eternidade. No grego, aiōn (αἰών): para sempre, uma era ininterrupta, perpetuidade do tempo e eternidade. Exemplo Hebreus 13:8 “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente (αἰών).”

Portanto a aliança feita com Abraão é definitivamente imutável, irrevogável e eterna independente das tendencias e influencias eclesiásticas, método de interpretação humano e triunfalismo gentílico. Lembrando que Paulo nos adverte em Rom 11:25
“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.”

Sim, a maior parte dos judeus rejeitaram o messias mas a aliança eterna e unilateral de D-us continua sendo valida. O evangelho só chegou a nós porque uma minoria dos judeus como os discípulos e os apóstolos foram fiéis ao Senhor e passaram a mensagem para frente chegando até nós, os gentios.

Paulo ainda nos alerta:
Rom 11:
v1 – Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum;
v2 – Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu.
v11 – Digo, pois: Porventura tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum, mas pela sua queda veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação (ciúmes).

E finalmente a exortação mais pungente:

Rom 11:18
“Não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti.”

Finalmente gostaria de lembrar que o apóstolo Paulo (seu nome grego), Saulo (seu nome hebraico) At 13:9 era um rabino e mesmo depois do encontro com o Senhor Jesus no caminho damasco, continuo a guardar o sábado (At 13:14), circuncidou a Timóteo (At 16:3) sua bíblia era o Tanak (velho testamento). Ele manteve sua identidade judaica, observava a Torá e em suas próprias palavras podemos ver que a “teologia da substituição” é uma dicotomia errônea.

A Sfalsin

Mulher virtuosa quem a achará?

Mulher virtuosa quem a achará?

Provérbios 31:10-31

O último poema do livro bíblico de Provérbios fala a respeito da mulher “virtuosa”. O poema foi originalmente escrito em hebraico e consiste em 22 versos, cada verso começando com a primeira letra do alfabeto (aleph) até a última letra do mesmo (tav), assim listando 22 virtudes de uma mulher sábia num acróstico inteligente em forma quiástica, diferentemente do português o poema em hebraico tenta harmonizar as ideias e não as palavras. Infelizmente quando esse lindo poema foi traduzido para português perdeu essa linda estrutura, que na sua forma quiástica aponta para uma mensagem central.
Mas antes de tudo, o que é um quiasmo? O quiasmo consiste de uma estrutura onde o primeiro elemento corresponde ao último elemento da poesia, o segundo corresponde ao penúltimo, o terceiro corresponde ao antepenúltimo, etc.. até chegar ao centro onde não ha mais correspondência e a mensagem central da poesia é encontrada.
Exemplo:

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O Texto apresentado na sua forma original no quiasmo:

Texto 2

Minha interpretação da ideia de cada versículo:

Definicao

Quero frisar que a palavra hebraica traduzida como “virtuosa” no v. 10 é hay’il (חַיִל ). A conotação dessa palavra em português está ligada a pureza, simplicidade ou moralidade, diferentemente do hebraico que tem vários significados relacionados ao poder, força, poder; capaz, valente, virtuoso, valor; exército, forças, riquezas, substância. O significado básico deste substantivo é “força”, da qual pode ser derivado” exército” e “riqueza“. Hay’il é usado 244 vezes na Bíblia. Portanto, a melhor tradução concisa dessa mulher seria, “a mulher cheia de fibra”.
Note que a ação no lar tem um alcance na sua comunidade local, não só de forma econômica mas também social, ela ajuda aos de casa e também aos de fora, ela ajuda a seu marido em diversos aspectos da vida familiar e pública. “Seu marido é conhecido nas portas”, isso quer dizer que ele se tornou um dos magistrados da cidade expedindo justiça ao povo, isso só foi possível com a ajuda dela. Penso que a mensagem central desse texto seja o comprometimento de um casal em querer o bem comum, sabendo que ambos ganham quando o amor existe entre eles, não só a família mas assim como toda a sociedade. Quando esse comprometimento não ocorre a família é a primeira vítima mas a sociedade em geral.
Infelizmente basta olhar ao nosso redor para ver uma triste realidade de casais separados, famílias destroçadas e filhos sem rumo. Esse poema apesar de seus quase 3.000 anos é tão relevante para nossos dias, devemos prestar atenção e aprendemos com ele.

Autor: A Sfalsin

Teologia da substituição Parte 1

Teologia da substituição Parte 1

     Mas o que realmente é a teologia da substituição? Basicamente é a crença que a igreja substituiu Israel com respeito as promessas e propósitos de D-us. Uma definição mais abrangente pode ser expandida da seguinte forma:
1- Há a possibilidade de judeus individualmente serem salvos aceitando Jesus como Senhor e salvador de suas vidas, mas D-us rejeitou o povo judeu como instrumento dos seus propósitos porque eles como povo rejeitaram ao messias, Jesus.
2- Ao rejeitar a Jesus, o povo judeu transgrediu as alianças que D-us fez com os patriarcas, assim D-us anulou-as.
3- A igreja substituiu Israel como o povo da aliança e propósitos, assim passando a ser o “novo Israel de D-us”
4- As promessas dadas a Israel no passado agora com a “nova aliança” são dadas a igreja.
5- O estado moderno de Israel não tem relevância especial aos acontecimentos recentes. Israel é um país como qualquer outro.

     O impacto da teologia da substituição é sutil, basta abrir a bíblia e olhar no índice onde se divide a bíblia em 2 partes, “velho” e novo testamento. O que a princípio parece inocente ao nossos olhos está carregado de um sentimento antisemita de centenas de anos de má vizinhança entre gentios e judeus. Porque velho e novo testamento? Inconscientemente assumimos que o velho já está ultrapassado portanto o novo testamento é melhor ou até mesmo superior.
     A teologia da substituição tem como raiz o orgulho de pensar que “nós” somos melhores do que “eles”, infelizmente vemos essa teologia aplicada não só em relação aos judeus mas entre as próprias denominações, onde certos grupos empossam a verdade exclusivamente e excluem os que pensam de forma diversa. Sendo assim o problema não está na teologia da substituição, mas sim no coração humano.
     Muitos teólogos que aderiram a essa teologia influenciaram grandes multidões, entre eles destaco Dr Robert Reymond um estimado teólogo dos Estados Unidos, que no seu artigo “Sword and Trowel” (A Espada e a espátula) escreve:
“todas as promessas da terra de D-us para Israel no Antigo Testamento devem ser vistas como sombras, tipologia e profecia, em contraste com a realidade, substância e cumprimento de que o Novo Testamento atesta…” e “nós cristãos, como membros do reino messiânico de Cristo, somos os verdadeiros herdeiros das promessas da terra das escrituras sagradas aqui e agora, e que também se cumprirá no futuro celestial…”
     Provavelmente você já ouviu essa mesma ideia sendo pregada dos púlpitos com diferentes nuances, eu particularmente cresci na igreja ouvindo que “nós éramos o novo Israel de D-us”. O que muitas vezes me deixou inquieto e me fez questionar tal afirmação e caráter de D-us.
     Naturalmente para chegar a essa conclusão tudo vai depender de como você lê a bíblia, sua perspectiva é hebraica ou helenística? Exploro esse tópico com mais detalhes nesse artigo: https://raizeshebraicas.com/2021/05/23/uma-questao-de-perspectiva/
Se você estiver lendo com uma perspectiva helenística provavelmente a narrativa se desenrola desta forma: D-us criou o universo, o homem pecou desobedecendo seu mandamento, então Ele no seu imenso amor ao invés de julgar o homem pelo pecado providencia o redentor Jesus, e todos os que invocarem esse nome será salvo e habitará no céu. Tem algo de errado com essa descrição? No mínimo está incompleta porque ignora a eleição de Israel como povo escolhido para abençoar as nações de todo o mundo.
     Visão hebraica: D-us criou o universo, o homem pecou desobedecendo seu mandamento, então Ele faz várias alianças com o homem através de Noé, Abraão e através dessas alianças Ele abençoa não só a Noé e Abraão mas através de seus descendentes todos os povos gentios são abençoados (Gen 12:2-3) dentro dessa provisão ele manda o redentor da linhagem de Abraão, Jesus; e todos que entrarem nessa aliança (relacionamento) continuará nesse relacionamento com Jesus no mundo por vir. Julgo que essa visão é mais completa e faz jus a bíblia do gênesis ao apocalipse.
     O problema principal da perspectiva helenística é que ignora a história de Israel como povo escolhido para trazer o salvador, Jesus. Ela vê essa história somente como uma sombra do que estava por vir, o messias, e quando o messias foi revelado essa sombra já não tem muita importância, foi cumprida e pode ser descartada. Ela se concentra num D-us universal com atributos abstratos dos filósofos platônicos como: Soberano, perfeito, onipotente, onipresente, primeira causa, fundamento do ser e as vezes até inatingível. Em constraste, D-us se revela ao homen como um D-us particular, pessoal e presente nos conflitos humanos. Esse D-us elege uma família especifica, faz dessa família um povo, se envolve em seus conflitos internos, cuida, interage, está presente todos os dias, se entristece com as más escolhas que fazem e até antecipa seus planos futuros para Abraão Gen 19:23-25 e Moisés Êxodo 32:9-10
     Essa ideia é revelada em toda a bíblia, no “velho” testamento (Tanak):
1- “Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para ser vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus” Números 15:41 , Êxodo 29:46, Levítico 11:45, Levítico 22:33,
2- “Vede agora que eu, eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e ninguém há que escape da minha mão.” Deuteronômio 32:39
3- “E ele lhes disse: Eu sou hebreu, e temo ao Senhor, o D-us do céu, que fez o mar e a terra seca.” Jonas 1:9
4- “Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há D-us; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças;” Isaías 45:5
5- “Portanto o santificarás, porquanto oferece o pão do teu Deus; santo será para ti, pois eu, o Senhor que vos santifica, sou santo.” Levítico 21:8
6- “Porque eu sou o Senhor teu Deus, que agito o mar, de modo que bramem as suas ondas. O Senhor dos Exércitos é o seu nome.” Isaías 51:15
7- “O Senhor guarda os estrangeiros; sustém o órfão e a viúva, mas transtorna o caminho dos ímpios.” Salmos 146:9
     E no novo testamento:
1- “E, acerca dos mortos que houverem de ressuscitar, não tendes lido no livro de Moisés como Deus lhe falou na sarça, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó?” Marcos 12:26
2 – Mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel; Mateus 10:6
3 – Luz para iluminar as nações, E para glória de teu povo Israel. Lucas 2:32
4 – Bendito o Senhor Deus de Israel, Porque visitou e remiu o seu povo, Lucas 1:68
5 – E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Marcos 12:29
6 – E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades. Romanos 11:26
7 – Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Efésios 2:12

     Diferentemente do D-us universal dos filósofos gregos que influenciaram os “pais da igreja” como Clemente de Alexandria (c. 150-200 d.C), Basílio “o Grande” (c. 330-379 d.C.), Justino Mártir (100-165 d.C.) e Agostinho (354-430 d.C), a visão bíblica é de um D-us particular que começa sua missão de resgate através da eleição de uma familia especifica e dá a eles mandamentos específicos para terem uma relacionamento íntimo com ele.
     A teologia da substituição erra em vários pontos, primeiro por apresentar uma narrativa incompleta, depois por deturpar o caráter de D-us. A aliança feita com Abraão foi unilateral, imutável e irrevogável, ao pôr Abraão para dormir durante a consumação da aliança (Gên 15) D-us mostrou que essa aliança seria unilateral, onde Ele manteria sua palavra da parte do contrato porque naturalmente Abraão falharia assim como sua descendência.
Conforme a teologia da substituição, porque Israel não guardou a aliança rejeitando o messias então D-us elegeu um outro povo, os gentios, para ser seu “novo” povo escolhido.
Bom, se D-us faz uma aliança unilateral e depois volta atrás, como poderia estar certo da garantia da vida eterna?

No próximo artigo vamos um pouco mais profundo no assunto.

A Sfalsin

MEIA REFORMA DE LUTERO

MEIA REFORMA DE LUTERO

Há 495 anos atrás enquanto a Europa afundava-se em seus anos negros com cultos aos mortos promovido pela festa do Halloween, Lutero se destacava como uma luz na escuridão ao pregar publicamente suas 95 teses, na porta da Catedral de Wittenberg (Alemanha). Seu apelo era por uma mudança nas práticas da Igreja Católica, e acesso as sagradas escrituras na língua do povo comum.

Ao desafiar os costumes da igreja católica e do império ele possibilitou que o povo tivesse acesso à Bíblia em sua própria língua. A principal doutrina de Lutero era contra o pagamento de penitências e indulgências aos lideres religiosos, ao descobrir lendo em Habacuque e Romanos que a salvação é pela graça somente, não por obras, houve uma profunda mudança em sua vida.

Essa ação deu origem ao que conhecemos hoje como o movimento “protestante” que sem dúvida mudou o curso da história eclesiástica, motivo de comemoração para os cristãos protestantes ou evangélicos. Infelizmente Lutero não “reformou” o suficiente e doutrinas católicas que ainda permanecem enraizadas na igreja protestante, entre algumas, tristemente destaco a “teologia da substituição” que basicamente afirma: “por causa do pecado de Israel em rejeitar Jesus, D-us rejeitou o povo judeu e elegeu um novo povo, a igreja, “o novo Israel de D-us”.

Lutero, mantenedor dessa doutrina, tentou se aproximar das comunidades judaicas ao perceber que os judeus não iriam se converter, ele se empenhou em persegui-los. No fim de sua vida ele incentivou a matança e desprezo de todos judeus que não se convertesse ao chamado “cristianismo” de Lutero. Em 1543 ele escreveu um livro chamado “Os Judeus e suas mentiras” onde ele acusa os mesmos pelo crime de ter matado o messias e por isso mereciam todo o desprezo de D-us e seus seguidores. Triste realidade!!!

Trecho do livro – Os Judeus e suas mentiras, de Martinho Lutero: “A Alemanha deve ficar livre de judeus, aos quais após serem expulsos, devem ser despojados de todo dinheiro e jóias, prata e ouro, e que fossem incendiadas suas sinagogas e escolas, suas casas derrubadas e destruídas (…), postos sob um telheiro ou estábulo como os ciganos (…), na miséria e no cativeiro assim que estes vermes venenosos se lamentassem de nós e se queixassem incessantemente a Deus”. – “Sobre os judeus e suas mentiras” de Martinho Lutero.

Espero que tenhamos um apreço pela iniciativa de Lutero mas ao mesmo tempo reconheçamos que na reforma de Lutero ainda ficaram muitos erros teológicos que precisam ser corrigidos se quisermos viver as escrituras em sua plenitude.

A Sfalsin

MEIA REFORMA DE LUTERO

MEIA REFORMA DE LUTERO

Há 495 anos atrás enquanto a Europa afundava-se em seus anos negros com cultos aos mortos promovido pela festa do Halloween, Lutero se destacava como uma luz na escuridão ao pregar publicamente suas 95 teses, na porta da Catedral de Wittenberg (Alemanha). Seu apelo era por uma mudança nas práticas da Igreja Católica, e acesso as sagradas escrituras na língua do povo comum.

Ao desafiar os costumes da igreja católica e do império ele possibilitou que o povo tivesse acesso à Bíblia em sua própria língua. A principal doutrina de Lutero era contra o pagamento de penitências e indulgências aos lideres religiosos, ao descobrir lendo em Habacuque e Romanos que a salvação é pela graça somente, não por obras, houve uma profunda mudança em sua vida.

Essa ação deu origem ao que conhecemos hoje como o movimento “protestante” que sem dúvida mudou o curso da história eclesiástica, motivo de comemoração para os cristãos protestantes ou evangélicos. Infelizmente Lutero não “reformou” o suficiente e doutrinas católicas que ainda permanecem enraizadas na igreja protestante, entre algumas, tristemente destaco a “teologia da substituição” que basicamente afirma: “por causa do pecado de Israel em rejeitar Jesus, D-us rejeitou o povo judeu e elegeu um novo povo, a igreja, “o novo Israel de D-us”.

Lutero, mantenedor dessa doutrina, tentou se aproximar das comunidades judaicas ao perceber que os judeus não iriam se converter, ele se empenhou em persegui-los. No fim de sua vida ele incentivou a matança e desprezo de todos judeus que não se convertesse ao chamado “cristianismo” de Lutero. Em 1543 ele escreveu um livro chamado “Os Judeus e suas mentiras” onde ele acusa os mesmos pelo crime de ter matado o messias e por isso mereciam todo o desprezo de D-us e seus seguidores. Triste realidade!!!

Trecho do livro – Os Judeus e suas mentiras, de Martinho Lutero: “A Alemanha deve ficar livre de judeus, aos quais após serem expulsos, devem ser despojados de todo dinheiro e jóias, prata e ouro, e que fossem incendiadas suas sinagogas e escolas, suas casas derrubadas e destruídas (…), postos sob um telheiro ou estábulo como os ciganos (…), na miséria e no cativeiro assim que estes vermes venenosos se lamentassem de nós e se queixassem incessantemente a Deus”. – “Sobre os judeus e suas mentiras” de Martinho Lutero.

Espero que tenhamos um apreço pela iniciativa de Lutero mas ao mesmo tempo reconheçamos que na reforma de Lutero ainda ficaram muitos erros teológicos que precisam ser corrigidos se quisermos viver as escrituras em sua plenitude.

A Sfalsin

Feliz Ano Novo 2023

 

Feliz Ano Novo

Gostaria de desejar a todos um feliz ano novo, mas um verdadeiro ano novo, não como se fosse uma manta mágica de desejos que caísse sobre nós sem qualquer relação com a nossa vida prática e ações.

Gostaria que nesse ano novo:

Os pais fossem mais presentes na vidas dos seus filhos,

As pessoas corressem menos e dessem mais tempo ao seu próximo e aos relacionamentos.

As famílias vivessem em equilíbrio e paz interna.

As pessoas fossem valorizadas pelo que são e não pelo que tem.

Os líderes religiosos falassem menos de amor e amassem mais seu próximo.

Que os lideres religiosos erguessem menos paredes e mais vidas, falassem menos sobre dinheiro e mais sobre servi ao próximo.

Que as pessoas fossem menos aos templos e visitassem mais aos necessitados ao seu redor.

A saúde das pessoas não fossem tratada como comodidade ou politizada e fosse meio de enriquecimento rápido.

Que nenhum pai ou mãe tivesse que chorar a morte prematura de um filho(a).

Que as pessoas aprendessem que vidas não são descartáveis e sim as possessões materiais.

O pequeno agricultor ganhasse um preço justo pelos seus produtos e os atravessadores parassem de ganhar fortunas exorbitantes pela exploração dos mesmos.

Que não haja outra crise econômica causada pela ganância dos investidores do mercado financeiro.

Que os EUA parassem de invadir países atrás do petróleo usando o pretexto que estão espalhando a liberdade e democracia.

Que os novos milionários olhassem para os milhares que não tem nada ao seu redor antes de comprarem sua primeira Ferrari.

Que houvesse menos apelo sexual na mídia e mais promoção dos valores da família.

Que os meios de comunicação falassem a verdade sem partidarismo.

Que houvesse menos ostentação dos ricos e mais consideração aos valores humanos.

Que aprendêssemos admirar e a valorizar as pessoas que tem experiência e sabedoria e não as pessoas com títulos acadêmicos, esses muitas vezes são acumuladores de informação mas desprovidos de qualquer sabedoria.

Que a “comissão dos direitos humanos” lutasse pelos direitos da vítima e não do delinquente.

Que o conhecimento fosse democratizado e não comercializado.

Que considerássemos as falhas do próximo da mesma forma que queremos ser considerados.

Que escolhamos vida acima da morte, salvar o inocente e indefeso quando esse mesmo não tem voz.

Que o Senhor use uma medida maior de sua graça quando considerar minhas falhas.

Que a pessoa honesta e reta seja honrada e a desonesta e mentirosa seria seja envergonhada.

Que tenhamos a capacidade de olhar o mundo ao nosso redor através dos olhos com uma consciência de que há um D-us maior do que nós, e não olhássemos o mundo com os olhos sem a consciência. 

Que as pessoas acreditem que pode haver um mundo melhor, um mundo onde minhas decisões por menor que sejam tem um profundo poder de mudar o mundo ao meu redor.

Se nada disso acontecer, infelizmente não será um ano novo, mas uma repetição tediosa do ano que acaba de passar com todas as suas mazelas.
Autor: A. De Assis

O que significa a palavra “benção”

O que significa a palavra “benção”

Antes de qualquer interpretação bíblica precisamos entender o seu contexto histórico, geográfico, linguístico, cultural e espiritual, só assim estaremos aptos em adaptar o texto ao nossos dias e consequentemente as nossas vidas.
Assim como muitas outras palavras usadas no vocabulário de muitos que frequentam à igreja, a palavra “benção” se tornou parte desse vocabulário sem uma definição exata ou até significativa. Muitas vezes, infelizmente, é usada de forma aleatória e esporádica levando a perda do seu real significado.
A melhor forma de entender uma palavra é voltar a sua raiz e saber o que deu sua origem, desse modo proponho explorar a palavra benção.
Uma das formas para determinar o significado de uma palavra precisamos examinar onde ela aparece pelo primeira vez, o que vai nos indicar seu sentido original. A palavra benção em hebraico é “barak” בָּרַךְ aparece nesse versículo de Gênesis 24:11

“E fez ajoelhar (“barak” בָּרַךְ) os camelos fora da cidade, junto a um poço de água, pela tarde, ao tempo que as moças saíam a tirar água.”
Essa mesma palavra aparece novamente em várias outras partes da bíblia mas é traduzido distintamente, exemplo:
1 – Bendize, (“barak” בָּרַךְ) ó minha alma, ao SENHOR! SENHOR Deus meu, tu és magnificentíssimo; estás vestido de glória e de majestade.
Salmos 104:1
2 – O Senhor te abençoe (“barak” בָּרַךְ) e te guarde;
Números 6:24

Aparentemente as palavras “ajoelhar”, “bendize” e “abençõe” não tem muito a ver uma com a outra a não ser que olharmos para seu sentido original. O hebraico diferentemente do grego é uma lingua de ação (verbos) e coisas, ele descreve um conceito originado de uma ação. Nesse caso a palavra “barak” se origina do ato do camelo se ajoelhar perante o seu mestre para que a carga, mantimentos, presentes etc.. pudessem ser carregados/descarregados. Naturalmente o camelo abaixa sua parte dianteira mas mantem a cabeça erguida fixada no mestre, esse ato indica submissão e respeito.
Assim a mesma palavra é usada pelos tradutores da bíblia nos Salmos 104:1 e Números 6:24, o entendimento é que quando “bendizemos” ao Senhor estamos na verdade nos curvando perante ele em reconhecimento e adoração pela Sua grandeza, até aqui é bem compreensivo.
O que não é claramente compreensivo é que em Números 6:24, bênção sacerdotal, diz o seguinte: “O Senhor te abençoe (“barak” בָּרַךְ) e te guarde”. O que? O sacerdote está pedindo ao Rei de todo o universo para se prostrar perante mim e me abençoar? Isso é quase impossível para concebermos, mas é o que a palavra parece indicar. D-us ao lhe abençoar, ele está de certa forma ouvindo o teu pedido, e quem somos nós para que ele se importe conosco? Ele ao se importar conosco, o Rei supremo de todo o universo, está se diminuindo “humilhando” perante nossas prece. Foi assim que Jesus fez com os seus discípulos ao lavar seus pés. Nenhum outro deus faria isso pelo homem, geralmente os outros deus exigem que você primeiro faça algo para depois lhe ajudar, nunca lhe “abençoa/ajoelha” perante você, é uma especie de troca. Só o D-us da bíblia é tão grande que é capaz de se importar com o homem e ouvir sua oração.
No Salmos 104:1 Bendize, (“barak” בָּרַךְ) ó minha alma, ao SENHOR! SENHOR Deus meu, tu és magnificentíssimo; estás vestido de glória e de majestade. O salmista claramente bendiz ao Senhor pelas maravilhas e benções recebidas Dele. É comum vermos pessoas orarem, especialmente antes das refeições dessa forma: “Senhor.. abençoe a comida…” essa frase não faz nenhum sentido apesar de sua boa intenção e sinceridade. A comida já é a benção dada pelo Senhor como forma de provisão e amor por nós, Ele não pode abençoar algo que já está abençoado. A maneira correta de orar seria: “Senhor abençoamos o teu nome pela comida…” em reconhecimento a benção dada e sua soberania, uma forma de gratidão.
Na próxima vez que desejar que alguém seja abençoado ou pedir uma benção para a sua vida, lembre-se que você estará pedindo algo extraordinário que nenhum outro D-us fará, se humilhar e responder a sua prece.

Autor: A De Assis

Mente Hebraica x Grego/Romana Parte 1

Mente Hebraica x Grego/Romana Parte 1

INTRODUÇÃO:

A Bíblia no original é, humanamente falando, um produto da mente hebraica. A primeira manifestação original do que hoje chamamos de “Igreja” foi também uma expressão da mente hebraica. Em algum ponto na história eclesiástica, alguém abandonou o projeto inicial dentro do contexto hebraico que era comum aos dias de Jesus e o substituiu por um não-hebraico, precisamente Grego/Romano. Como resultado, o que foi construído desde então tornou-se uma caricatura do que se pretendia. Em muitos aspectos tornou-se antagônica aos milênios de história, cultura e tradição oral herdada por gerações anteriores.
Vamos analisar algumas das diferenças fundamentais na mentalidade dos hebreus dos tempos bíblicos em contraste com a forma helenística (grego-romana) de pensar que deu surgimento a maior parte da teologia cristã.
O escritor William Barrett, explica diferenças fundamentais entre a mente Hebraica e Helenística: Fazer x Saber. Ele diz, “A distinção … é decorrente da diferença entre o fazer e o saber, a Hebraica está preocupada com a prática do comportamento correto que é de suma relevância, em contraste, a Helenística se preocupa com o conhecimento, o saber tem mais relevância sobre o fazer. Sendo assim a Hebraica exalta as virtudes morais como uma substância superior para uma vida significativa, e a Helenística exalta as virtudes intelectuais, o contraste é entre a prática e a teoria, entre o homem moral e o homem teórico-intelectual.
Isso talvez ajude a explicar o por que para muitas igrejas cristãs seu foco está nas questões ortodoxas doutrinaria e credos, o número de denominações cristãs que existem é uma prova concreta disso. Todas crêem nos mesmos princípios básicos mas divergem e se separam ao ponto de não terem comunhão pelas mínimas diferenças doutrinarias, mostrando que a “doutrina correta” e mais importante do que comunhão com um irmão de uma persuasão diferente da sua.
No judaísmo bíblico, ocorre justamente o oposto. Como Dennis Prager escreveu: “… a crença em D-us e o agir eticamente deve ser indissociáveis, indispensável… D-us exige um comportamento correto mais do que qualquer outra coisa, incluindo liturgia a crença correta.”
Foram gentios, que aceitaram Yeshua, que influenciados pela filosofia grega que intelectualizaram e sistematizaram a doutrina cristã. O pior de tudo e que eles mudaram essa doutrina de forma radical. Os hebreus dos dias de Jesus e logo a seguir a era apostólica da Igreja não tinham teologia formal ou sistematizada. A “igreja primitiva” não tinha hierarquia arraigada ou magistério por meio do qual toda a doutrina tinha de ser filtrada e aprovada.
O que os apóstolos, todos na sua maioria judeus, ensinavam sobre um determinado assunto que foi aprendido diretamente da Torá, do Tanak e de Jesus, foi aprendido com as tradições orais e experiências coletivas do povo judeu. Eles determinavam Halakha (como andar) diretamente das interpretações dos mestres em suas comunidades. A medida que as circunstâncias mudavam eles recorriam a interpretação da Torá (Pentateuco) e determinavam a ação a ser tomada (Halakha) (cf. Mateus 18:18).
Em Atos 15 fornece um relato de como, no mínimo, um ensinamento sobre requisitos para crentes gentios foi formado por volta de 50 DC. Observe a natureza participativa da discussão, todos os membros da comunidade participaram (Atos 15:4,12,22), e não apenas uma elite estava envolvida nas decisões.
Atualmente em círculos cristãos tradicionais muitas vezes é mais importante acreditar e abraçar “a coisa certa ou doutrina correta”, do que viver da maneira certa. Alguns são obcecados com credos, declarações doutrinais, teologia sistemática e ortodoxia contra uma possível heresia, esse modo de pensar é 100% helenístico.
Para muitos de nós, ocidentais, a mentalidade hebraica é tão estranha e impossível de compreender que ao estudar as escrituras hebraicas rapidamente pulamos de volta para a zona de conforto do molde helenístico. Naturalmente ao tentarmos interpretar o texto hebraico com nossa ótica ocidental (helenística) consequentemente será no mínimo distorcida. Note que a maior parte do Pentateuco (velho testamento) foi escrito em hebraico e há fortes indícios de que os evangelhos foram originalmente escritos em hebraico e depois traduzidos para grego, de qualquer forma quase todos os livros do novo testamento foram escritos por judeus, portanto foram escritos por pessoas que pensavam de forma hebraica apesar de terem usado outra língua (grego) para se comunicar e diferentes situações.
Por exemplo, em termos de tempos “proféticos” aqui novamente mostra-se o conceito helenístico de tempo – Inicio-meio-fim – pontos numa trajetória linear. Queremos saber a ordem sequencial quando D-us vai agir, criamos um cronograma pré-ordenado dos acontecimentos e queremos eliminar os eventos do nosso “calendário profético” a medida que eles vão acontecendo. Essa mentalidade é alienígena para a mente hebraica, para ela, não interessa a seqüência exata dos acontecimentos, o que interessa é que D-us vai agir, a leitura do tempo é cíclica e não linear.
Na teologia ocidental, às vezes abandona-se a interpretação literal das Escrituras em favor de interpretações alegóricas. Isso também é tipicamente grego-romano. Interpretação alegórica abre portas para uma infinidade de exposições “criativas” que deixam o estudante das Escrituras confuso e desorientado.
Autor: Brian Knowles
Tradução: A Sfalsin

Qual o propósito da vida?

Qual o propósito da vida?

É indiscutível que todos nós em algum momento de nossas vidas vamos fazer essa pergunta crucial para entender se a vida vale mesmo a pena. Enquanto a bíblia não responde diretamente a essa pergunta, certamente responde de forma indireta.

Deuteronômio 20:1-8 nos relata um episódio de preparação para a guerra, antes de sair os líderes os oficiais deveriam se dirigir às tropas a véspera da batalha e dizer a quatro tipos de pessoas que voltem para casa e não lutem. Abaixo o texto:

1 Quando saíres à peleja contra teus inimigos, e vires cavalos, e carros, e povo maior em número do que tu, deles não terás temor; pois o SENHOR teu Deus, que te tirou da terra do Egito, está contigo.
2 E será que, quando vos achegardes à peleja, o sacerdote se adiantará, e falará ao povo,
3 E dir-lhe-á: Ouvi, ó Israel, hoje vos achegais à peleja contra os vossos inimigos; não se amoleça o vosso coração: não temais nem tremais, nem vos aterrorizeis diante deles,
4 Pois o Senhor vosso Deus é o que vai convosco, a pelejar contra os vossos inimigos, para salvar-vos.
5 Então os oficiais falarão ao povo, dizendo: Qual é o homem que edificou casa nova e ainda não a consagrou? Vá, e torne-se à sua casa para que porventura não morra na peleja e algum outro a consagre (text no hebraico significa – inaugurar).
6 E qual é o homem que plantou uma vinha e ainda não a desfrutou? Vá, e torne-se à sua casa, para que porventura não morra na peleja e algum outro a desfrute.
7 E qual é o homem que está desposado com alguma mulher e ainda não a recebeu? Vá, e torne-se à sua casa, para que porventura não morra na peleja e algum outro homem a receba.
8 E continuarão os oficiais a falar ao povo, dizendo: Qual é o homem medroso e de coração tímido? Vá, e torne-se à sua casa, para que o coração de seus irmãos não se derreta como o seu coração.

Quem são essas pessoas?
Tipo 1.
Versículo 5: Quem construiu para si uma nova casa mas ainda não viveu nela.
Tipo 2.
Versículo 6: Quem plantou uma vinha e ainda não a desfrutou.
Tipo 3.
Versículo 7: Quem está noivo, prestes a casar-se.
Tipo 4.
Versículo 8: Quem é medroso e de coração tímido.

Ao compararmos os 4 tipos fica bem claro que o último é bem diferente de todos os outros. Ele vai para casa para o bem da comunidade. Ele é o covarde e tem medo, a covardia é contagiosa e porque não queremos que os outros soldados fiquem assustados e sejam contagiados então mandá-lo para casa é melhor para o bem comum. Mas ao observamos os outros três, existe um imperativo privado, o motivo pelo qual eles deveriam ir para casa não tem nada a ver com os interesses da comunidade, tem a ver com os interesses próprios. Então devemos colocá-los na mesma categoria – motivo privado.

A pessoa que construiu uma casa para si e ainda não morou deve ir para casa, por quê? Porque seria uma tragédia se ele morresse na guerra e não tivesse a chance de desfrutá-la. O mesmo aplica-se ao noivo e ao que plantou a vinha, mas todos esses motivos são pessoais. Como podemos justificar ou entender a ideia da comunidade dispensar um soldado da batalha baseado na necessidade individual e particular?

Conforme o relato da passagem o soldado que plantou uma vinha, mas não teve a chance de provar os frutos, devemos deixá-lo ir para casa desfrutar os frutos de sua vinha. Mas por quê?
A justificativa é: “para que ele não morra em batalha” e outra pessoa tome, assuma sua vinha e desfrute do seus frutos.

De alguma forma, se você alcançar um desses objetivos e provar os frutos desse sucesso, poderá sentir que não há problema em morrer depois, portanto a ordenança de enviar o soldado que está prestes a realizar seu sonho para casa. Porque quando você está tão perto de ter alcançado algo tão significativo isso te ajuda a transcender a morte, seria realmente uma tragédia morrer e não ter alcançado seus objetivos tão eminentes.

Para a maioria de nós essa decisão de mandar alguém para casa para desfrutar do seus sonhos e projetos não faz o menor sentido. Se ele morrer, para ele não importa quem vai tomar conta da sua vinha, morar na sua casa ou casar-se com sua noiva. Afinal ele não saberá quem está seu lugar, para o morto isso não tem a menor importância. Mas, a bíblia parece tomar um outro rumo e tem uma ideia diferente da nossa. Me parece que está sutilmente indicando que há algo pior do que a própria morte, afinal todos vamos morrer um dia. Esse “algo pior” é morrer sem alcançar um objetivo final após anos de empenho e dedicação, isso seria uma terrível tragédia. Vemos isso claramente quando um jovem ou criança morre, porque havia tanto para conquistar, tantas alegrias que poderiam ser vividas, tantos relacionamentos que poderiam ser cultivados.
Existe uma dimensão maior do que a morte e transcendente dentro de nós. Para sabermos se vale a pena viver temos que paradoxalmente perguntar: Há algo pelo qual eu estou disposto a morrer? Se a resposta for sim, isso quer dizer que você encontra seu propósito de vida fora de você mesmo, a sua vida é representada por algo que está disposto a morrer, seja o que for; D-us, país, amor, familia, crença vemos que há algo transcendente que é maior do que você mesmo e vem fora de você. Portanto, mesmo que não morra por isso, está vivendo em função disso, tenho algo que me motiva a viver.
Agora quais são os motivos pelo qual deveríamos viver? Esse texto sugere 3 razões convincentes, 3 marcos emblemáticos:

1- Construir uma casa,
2- Plantar uma vinha,
3- Casar-se

Mas de onde o texto obtém essas três ideias? São ideias aleatórias? Qual sua origem? Sugiro voltarmos ao evento da própria criação humana. Logo no início em Genesis 1:27 “ E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.”

Primeiro D-us, o grande criador, cria o mundo, o universo, e esse universo torna-se a casa para a humanidade. D-us constrói uma casa.
A segunda coisa que Ele faz é plantar um jardim maravilhoso.
Em terceiro lugar, Ele coloca o homem no jardim onde junto com Ele, dessa forma D-us pode relacionar-se com o homem. Ambos no jardim compartilham uma relação pessoal nesse lugar maravilhoso.
Deus fez três coisas, na mesma ordem de Gênesis a Bíblia descreve aqui em Deuteronômio:
1- Constrói uma casa – o próprio universo.
2- Planta um jardim – este maravilhoso.
3- E coloca o ser que Ele ama naquele jardim para se relacionar com ele.

Como somos feitos na imagem e semelhança de D-us fazemos o mesmo sem mesmo notar,
D-us criou coisas porque eram significativas para Ele, nós as fazemos porque são significativas para nós.
Uma vez que você tem uma casa abre-se outras possibilidade, agora você também pode ter um jardim. O jardim é um lugar especial; uma casa é utilitária porque você tem necessidade de um abrigo para lhe protejer do sol e da chuva, mas um jardim é distinto, é maravilhoso, é estético, é lindo, é sua área de lazer.
O jardim também abre outras possibilidades, agora que voce tem a casa e o jardim então você pode dividi-lo com alguém especial, alguém que você ama e quer dar o melhor do fruto do seu trabalho.

D-us fez exatamente isso com o homem quando o convidou para visitar o jardim todos os dias no final da tarde (Gen 3:8) para compartilhar dos frutos maravilhosos do jardim; fazemos o mesmo quando nos casamos queremos compartilhar a generosidade de nossas vidas com um cônjuge, com nossa família.

Quando faço isso alcanço o terceiro marco da vida que me dá razão suprema para viver. Conforme o texto de Deuteronômio 20 parece que cada um desses marcos é o suficiente para dar razão para viver, mas verdadeiramente marcos 1 e 2 são uma progressão ao terceiro e maior marco: relacionamentos.

Essas três coisas são realmente nobres nelas mesmas, por meio das quais nós, seres humanos, encontramos razão para estarmos vivos que é um tipo de mecanismo para “enganar” a morte. Construindo, plantando e acima de tudo, relacionando-se. De todos os relacionamentos que temos o mais significativo é com o nosso Criador que nos completa, foi para isso que Ele nos criou. Ele construiu uma casa – o universo, plantou um jardim – a terra, e nos colocou aqui para termos uma relação direta com ele. É impossível ser um “ser humano” completo sem a presença de D-us, somos 100% humanos quando nos relacionamos com o Divino.

Esse artigo é baseado num video recente que assisti do Rabbi David Fohrman onde ele faz uma exposição desse texto em Deuteronômio.

 

Autor: A Sfalsin

Qual é a diferença entre a palavra verdade e mentira em hebraico?

Qual é a diferença entre a palavra verdade e mentira em hebraico?

           O hebraico é único entre todos os idiomas, pois as próprias letras que compõem as palavras são vivas e repletas de significado, cada uma das 22 letras do alfabeto hebraico tem um significado espiritual, bem como um valor numérico que transforma a Bíblia em uma espécie de código secreto que está escondido às vistas de todos que diligentemente buscam esse conhecimento divino.
          O alfabeto hebraico começa com a primeira letra א (Alef) e termina com a última letra ת (Tav). Cada letra tem um significado que por si só traz conceitos profundos sobre a vida e como o Eterno criou o universo. Encorajo a todos a estudarem essa fonte de água viva.
A palavra verdade em hebraico é (אמת) Emet composta por 3 letras: Aleph, Mem e Tav. Sendo:
Aleph a primeira letra.
Mem a letra do meio.
Tav a última letra do.

Verdade x Mentira 1

          Quando contamos as letras do Aleph até ao meio do alfabeto chegamos ao Mem que é ​​a 13ª letra. Quando contamos as letras do fim (Tav) até ao meio do alfabeto o Mem também é ​​a 13ª letra se contarmos as letras “sofits” ou letras finais.
A própria construção da palavra nos indica sua essência e verdade, como na gematria* hebraica o Alef vale 1, o Mem vale 40 e o Tav vale 400 reflete a representação de uma proporção completa, um acréscimo de valores indicando o valor da verdade e também um equilíbrio entre o início, o meio e o fim. A verdade sempre será verdade no inicio, no meio e no fim com um acréscimo de sua veracidade a medida que afirmamos a mesmo. Notem no desenho da palavra verdade (Emet) que as letras tem 2 pontos de contato com a linha onde se escrever indicando que a verdade é firmada concretamente e ancorado em algo sólido. Veja a figura 1.

        A palavra mentira em hebraico é (שקר) Sheker, escrita em três letras: Shin, Kof, Resh.
A primeiro letra é Shin.
A segunda letra é Kof.
A terceira letra é Resh

Verdade x Mentira 2

           Novamente pela construção da palavra podemos entender a essência da palavra,
na gematria hebraica o Shin vale 300, o Kof vale 100 e o Resh vale 200 o que reflete a representação de uma desproporção, começando com um valor pretensiosamente alto e depois diminuindo e novamente aumentado, mostrando assim que a mentira começa com grande promessas (300), se torna instável (100) e tenta se equilibrar (200) entre os 2 valores antes afirmados.
Além disso, a mentira tem apenas uma perna no chão, é por isso que todas as mentiras caem porque não tem sustento e não se firma por longo tempo sobre uma perna só, demonstrando sua fragilidade e desequilíbrio, como se diz no popular “a mentira tem perna curta”, mais cedo ao mais tarde se descobre.
         Sabendo dessas verdades qual será a tua escolha?

Autor: A Sfalsin

*Gematria é o método de análise das letras em hebraico atribuindo um valor numérico definido a cada letra.

Arrependimento – Salmos 51

“Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim”. Salmos 51:3

“Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe”.

Salmos 51:5

Nesse Salmo David abri o coração e implora ao Senhor por perdão por seu relacionamento ilícito com Bate-Seba.

Ao Davi afirmar que foi “formado em iniquidade”, ele não quer dizer que seus pais tiveram uma relação ilícita ao concebe-lo mas sim que nasceu com traços em seu caráter de intensa paixão. Nesse salmo de confissão ele assume suas tendências humanas, assume total responsabilidade por seu comportamento, mesmo tratando-se de característica hereditária. Ele não tenta se justificar mas busca tão somente o perdão. Pequei! Sou culpado, me perdoe!

Que pensamento refrescante! Essa atitute é sublime e admirável. Quão diferente dos ensinamentos da psicologia moderna onde os pais muitas vezes são usados como bode expiatório para justificar o mau comportamento dos filhos. O que dizer então do argumento de que a pessoa foi vítima de experiências passadas que distorceram seus valores e portanto não deve responsável  por suas ações?  Argumentos esses que tentam esquivar o autor de qualquer maldade social de sua responsabilidade. Numa era onde os “direitos humanos” são usados para justificar todas as barbaridades grosseiras do caráter humano e defeituoso, ao mesmo tempo desprezando o direito da vitima, esse atitude de Davi tem muito a nos ensinar. Esse salmo instrutivo nos ensina o arrependimento sincero (Em Hebraico: Teshuvá). Muito simples: você errou? Assuma o teu erro, volte ao princípio (seu caráter humano), não procure alguém para culpar e arrependa-se. Isso é que o Senhor espera de você.

Leia também: O que é que o Senhor espera de ti?

https://raizeshebraicas.com/2021/02/09/o-que-e-o-que-o-senhor-espera-de-ti/   

 

A De Assis

Honrando suas promesas.

Honrando suas promesas.

Há um momento no relato bíblico no livro de Êxodo que nunca deixa de me mover. Na última e mais devastadora das Dez Pragas; a morte do primogênito em cada família egípcia, o que finalmente quebrou a resistência de faraó. A meia noite faraó decide deixar os hebreus partirem para a liberdade, eles correm em preparo para sair o mais rápido possível, talvez temendo uma mudança súbita de faraó, nem sequer tem tempo para assar o pão para a viagem. É por isso que até os dias de hoje os judeus comemoram o êxodo comendo matzá (pão sem fermento ou pão ázimo), durante a semana da Páscoa. Os egípcios deram a eles presentes de ouro, prata e tecidos, talvez por vontade de vê-los fora do Egito ou por culpa pela maneira como eles haviam tratado o povo hebreu, esses mesmo presentes que seriam utilizadas para fazer a Arca do Tabernáculo no deserto. Sobre a promessa de Moisés lemos: E Moisés levou consigo os ossos de José, porquanto havia este solenemente ajuramentado os filhos de Israel, dizendo: Certamente Deus vos visitará; fazei, pois, subir daqui os meus ossos convosco. 

Êxodo 13:19

Eu amo essa cena. Todos ao redor de Moisés estão preocupados em encher suas bagagens com os presentes do Egito e Moisés está ocupado mantendo sua promessa a José. Ele mostra a sua grandeza neste momento, optando por manter uma promessa, em vez de se enriquecer.

Precisamos entender a excepcionalidade de Moisés naquele momento, porque um dia você vai estar em uma encruzilhada na vida quando você vai ter que escolher entre o ganho pessoal ou manter uma promessa. Pode haver momentos em que a única maneira de alcançar o desejo do seu coração e fazer seus sonhos se tornarem realidade exigirá a quebra de uma promessa feita a alguém, possivelmente uma promessa feita a si mesmo. O que você vai fazer nesse momento? Você vai manter a promessa ou quebrá-la na busca de sua promoção pessoal? Manter a promessa vai ser um sinal de sua força interior e de sua humanidade madura.

Há sinais muito preocupantes em nossa sociedade quando muitas vezes assumimos que um candidato político que faz promessas generosas enquanto faz campanha política, rapidamente se esquece ou da pouca prioridade as mesmas ao ganhar uma eleição. Da mesma forma quando um cônjuge é atraído, esquecendo do seu compromisso assumido no dia do casamento, quantos casamentos seriam salvos se ambos mantivessem suas promessas? O que acontece com o nível de confiança mútua de toda a sociedade quando uma corporação gigante declara que seus lucros caíram e como resultado, eles deixarão de honrar suas promessas de segurança do trabalho, seguro de saúde, ou benefícios de pensão? E aquele pedaço de papel em que você carrega na carteira, que chamamos de dinheiro, o que faz ele realmente valer algo? A única coisa que faz com que seja mais valioso do que um pedaço de papel é o fato de confiarmos no governo em honrar o valor que a nota traz. Caos terrível iria acontecer se nós deixássemos de acreditar na capacidade do governo de  manter sua promessa de pagar o valor estampado na nota.

Manter uma promessa é mais do que apenas manter a sua própria integridade. É mais do que fazer o que você disse que faria. É um sinal de que você reconhece a imagem de D’us em outra pessoa, quando você leva sua obrigação a sério você esta zelando não só pelo bem estar da pessoa mas também pela integridade do teu caráter e honrando ao seu criador. Quando o salmista tenta definir uma pessoa boa, uma pessoa com integridade, ele faz a pergunta retórica:

“SENHOR, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte? Aquele que anda sinceramente, e pratica a justiça, e fala a verdade no seu coração. Aquele que não difama com a sua língua, nem faz mal ao seu próximo, nem aceita nenhum opróbrio contra o seu próximo; A cujos olhos o réprobo é desprezado; mas honra os que temem ao SENHOR; aquele que jura com dano seu, e contudo não muda.” Salmos 15:1-4

Do livro: Superando decepções da vida

Autor: Harold Kushner

Páginas: páginas de 99-103

Tradução: A Sfalsin

Uma questão de perspectiva.

 

 

Uma questão de perspectiva.

Na Bíblia duas civilizações se colidem em suas perspectivas e narrativas da experiência humana e em relação ao divino. Na narrativa dos gregos/romanos a máxima é a exaltação da expressão da beleza, do encanto, da admiração, o prazer por meios dos cinco sentidos e o dualismo. Em contraste, na narrativa dos hebreus a máxima é experimentar D-us através das experiencias diárias e o holismo.
Outro aspecto importante é entender que os hebreus estudavam para reverenciar ao divino, os gregos estudavam construir e acumular conhecimento. É nesse contexto cultural do primeiro e segundo século que surge os escritores do novo testamento na sua maioria esmagadora eram judeus e alguns gentios convertidos ao judaísmo. Isso quer dizer que eles podem até ter escrito em grego, mas pensavam em hebraico e lançavam não dos escrituras sagradas Tanak (Bíblia judaica) como base para expandir seus escritos e registrar os feitos do Messias.

Sem dúvida essas duas civilizações influenciam nossa cosmovisão, desejo explorar um aspecto que influi nossa perspectiva quando lemos a bíblia. Frequentemente somos ensinados que os atributos de D-us são qualidades atribuídas ao seu caráter divino e é de suma importância para qualquer cristão entendê-los. Normalmente esses atributos são divididos em 2 categorias;
1- Os atributos incomunicáveis de D-us: Onipresença, Onipotência, Onisciência, Soberania, Infinitude, Imutabilidade, Unidade, Eternidade, Asseidade etc…
2- Os atributos comunicáveis de D-us: Amor, Bondade, Misericórdia, Sabedoria, Justiça, Santidade, Veracidade, Liberdade, Paz etc…

Tipicamente com pouca variação esses atributos são ensinados na teologia sistemática cristã. Minha pergunta é: Essa é a maneira que o homem analisa, define, vê e sistematiza D-us, mas como será que D-us se revela ao homem?
É importante notar que há uma grande diferença entre a perspectiva grego/romana e hebraica. O grego está preocupado com a atribuição de valores, beleza e qualidades por isso que esses atributos são todos adjetivos. Ao contrário do grego o hebraico está preocupado com as ações, os verbos, o que se faz.
Por exemplo:
1- O grego define um dia agradável dessa forma: Que dia lindo, esplendido de sol quente!
2 – Já o hebraico, assim: Que dia de sol que sinto e que queima minha pele.

Enquanto o grego está preocupado com a qualidade do sol, “lindo, esplendido” o hebraico está preocupado com a ação do sol, “sinto, queima”

Mas o que D-us diz a respeito dele mesmo na bíblia? Vamos analisar a perspectiva de D-us ao se revelar ao homem, não esquecendo que essa perspectiva é hebraica.

1- “Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para ser vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus” Números 15:41 , Êxodo 29:46, Levítico 11:45, Levítico 22:33, Verbo = Tirar, Fazer

2- “Vede agora que eu, eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e ninguém há que escape da minha mão.” Deuteronômio 32:39 Verbo = Matar, fazer viver

3- “E ele lhes disse: Eu sou hebreu, e temo ao Senhor, o D-us do céu, que fez o mar e a terra seca.” Jonas 1:9 Verbo = Fazer

4- “Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há D-us; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças;” Isaías 45:5

5- “Portanto o santificarás, porquanto oferece o pão do teu Deus; santo será para ti, pois eu, o Senhor que vos santifica, sou santo.” Levítico 21:8 Verbo = “santificar” = Separar para um propósito

6- “Porque eu sou o Senhor teu Deus, que agito o mar, de modo que bramem as suas ondas. O Senhor dos Exércitos é o seu nome.” Isaías 51:15 Verbo = Agitar

7- “E, acerca dos mortos que houverem de ressuscitar, não tendes lido no livro de Moisés como Deus lhe falou na sarça, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó?” Marcos 12:26 Verbo = Falar

8- “O Senhor guarda os estrangeiros; sustém o órfão e a viúva, mas transtorna o caminho dos ímpios.” Salmos 146:9 Verbo = Guarda (cuidar)

Como podemos observar acima D-us se revela em ações e algumas vezes em atributos que levam a ações. Como devemos nos relacionar com esse D-us? Ao atribuímos adjetivos a D-us constrói-se uma distância entre você e Ele, porque não podemos imitar Seus atributos, especialmente a perfeição.
E porque Ele se revela em ações? Eu suspeito que é mais fácil se relacionar ou imitar suas ações do que seus atributos, ao imitá-lo me torno semelhante a Ele e isso me aproxima.

Quando ele diz:
Portanto santificai-vos, e sede santos, pois eu sou o Senhor vosso Deus.” Levítico 20:7
Ou
“Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.” 1 Pedro 1:16

Muitos de prontidão não conseguem se relacionar com esses versículos, primeiro porque a santidade é sinônimo de perfeição, que não é verdade; segundo, porque é um adjetivo, e adjetivos não são fáceis de imitar.
Na verdade a origem da palavra “santo” no hebraico não é um adjetivo mas sim um verbo קָדַשׁ qâdash = que quer dizer separar-se para um propósito específico, aqui está toda a diferença! Agora posso me relacionar melhor com o criador, Ele está me pedindo para fazer algo, um verbo, essa ação eu posso compartilhar com Ele e me tornar mais “igual” a Ele. Santificação?
Com certeza não posso tirar o povo do Egito nem abrir o mais vermelho, mas posso fazer justiça ao órfão e à viúva, amar ao estrangeiro, dando-lhe pão e roupa. Posso incorporar no meu dia a dia os valores morais ensinados na Torah, que são vitais para uma sociedade equilibrada, posso honrar meu pai e minha mãe, posso ser honesto nos meus negócios, ser fiel a minha esposa(o), praticar a justiça, amar a bondade, ser humilde, não fazer fofoca etc… Isso é o que ele pede de nós, não a perfeição.
Se entendermos isso, nossa familia, comunidade e sociedade se beneficiará muito com a presença de D-us agindo através de nossas ações.

“Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus?”
Miquéias 6:8

O que D-us faz:
“Que faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e roupa” Deuteronômio 10:18

O que eu posso fazer:
“A religião pura e imaculada para com D-us e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.” Tiago 1:27

Nosso desafio é entender essas diferenças, tentar entender o texto dentro do seu contexto histórico e cultural e depois aplicar em nossa vida, não impor ao texto nossa cosmovisão que é fortemente influenciada pela perspectiva grega.

Entendendo as palavras difíceis de Jesus Parte 6 “Morada no Céu”

Morada no Céu…
“Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar”
João 14:02

Esse versículo me intrigou por muitos anos, será que há casas no céu onde todos vamos morar quando partirmos desse mundo material para o mundo espiritual? Como seria uma casa no mundo espiritual? Sempre achei um pouco confuso a ideia e a conciliação das duas ideias “casa” que é algo material com o céu algo espiritual. Meus questionamentos não eram sem fundamento, penso que encontrei uma resposta mais coerente ao me aprofundar na raiz do versículo.
Para começar a Bíblia foi um livro escrito, na suma maioria esmagadora, por judeus, sejam profetas, discípulos ou apóstolos. Certo que partes do chamado “novo testamento” foi escrito em grego mas por judeus que tinham uma cosmovisão hebraica em contraste com o mundo grego romano. Como já discuti esse assunto noutro artigo intitulado: “Mente Hebraica x Grego-Romana” https://raizeshebraicas.com/2013/10/12/mente-hebraica-x-grego-romana-integra/ não vou entrar em detalhes, só salientar que a mentalidade Hebraica é holística e a grego/romana é dualista. Na visão grego romana, esse mundo material é mal, caído e inferior, portanto devo olhar para o mundo espiritual que é perfeito e superior, interpretando esse versículo dentro dessa ótica nos dá muito conforto em saber que temos uma mansão celestial esperando por nós quando morrermos, certo? Não tão rápido assim! Será que era isso mesmo que Yeshua estava dizendo nesse versículo e nesse capítulo?

Façamos uma análise desse versículo:
1 – A palavra “casa” no grego = οἰκίᾳ (pronúncia – oikia) plural possessivo que vem direto do hebraico = בָּתֵּימוֹ (pronúncia – bottermo) plural possessivo da palavra בַּיִת (bayit). Descreve uma habitação mas também quer dizer família ou lar.
2 – A palavra “moradas” no grego = μοναὶ (pronúncia monē) indica também habitação com uma pequena sutil diferença, essa é física mas pode também ser relacional. A palavra mais próxima em hebraico é מִשְׁכָן ((pronúncia miškān) que traduzimos como tabernáculo. E a plavra Sakan (שָׁכַן) habitar.
Em Êxodo 25:8 lemos: “E me farão um santuário (miškān), e habitarei (שָׁכַן ) no meio deles.”

Essa palavra morada, no grego = μοναὶ (pronúncia monē), aparece somente 2 vezes no novo testamento, aqui em João 14:2 e no versículo 23:

“Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada (monē).” V23

Vemos claramente no versículo 23 que Yeshua está se referindo a um relacionamento e não a uma morada física. Devemos entender que D-us não precisa de uma habitação física para morar, afinal ele é o dono do universo, a função do tabernáculo era pra que Ele pudesse ter uma relação próxima com o Seu povo. Relacionamento, é a chave para entendermos a intenção de D-us ao mandar o povo judeu construir uma habitação para Ele, quando chegamos no novo testamento esse objetivo continua o mesmo, relacionamento.
Da mesma forma que D-us habitou no tabernáculo no meio de Israel no deserto, Yeshua veio habitar no nosso meio João 1:14
“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.”
Novamente aqui está se referindo primordialmente ao relacionamento entre D-us e a humanidade, através da habitação física. Yeshua, não somente habitou em um corpo humano (casa, residência) mas relacionou-se conosco.
Enquanto as 2 palavras, casa e morada, se referem a habitação e residência, nosso melhor entendimento das palavras do mestre é relacionamento, se lermos todo o capítulo de João 14 vamos concluir que a ênfase é relação com D-us e observação dos mandamentos – Toráh, que é a prova que temos uma relação com o Criador. Não é uma habitação no futuro num mundo celestial e perfeito, a habitação não é geográfica mas sim relacional. Ter um imóvel no céu não é tão importante, mas ter uma relação próxima com o Rei sim.
Observamos também que o movimento é sempre do alto, celestial, para o plano terreno. D-us sempre envia algo ou alguém para se relacionar conosco, desde o jardim do Eden:
“…Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia…” Gen 3:8
Depois vemos no fechamento triunfal em Apocalipse esse mesmo movimento, céu – terra:
“….E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu…”Apocalipse 21:2
Essa frase idiomática parece nos indicar que nosso futuro será aqui numa terra renovada, a último visão de João em Apocalipse 21:1-3 é a nova Jerusalém descendo sobre a terra e D-us finalmente habitando entre aqueles que o amam. Portanto não é minha intenção decepcionar aqueles que estão esperando morrer e terem uma habitação celestial, mas gostaria de estimular a você reavaliar o que crê e buscar entender as escrituras em seu contexto histórico e cultural, grandes surpresas agradáveis te esperam.
Esse segundo entendimento (terra-céu) é baseado num mundo dualístico que nasceu com os filósofos da Grécia antiga e não dentro da perspectiva bíblica hebraica. Só lembrando Yeshua era judeu e não grego.

Autor: A Sfalsin

Questões da vida.

Questões da vida.

Com uma certa relutância compartilho um diálogo profundo que se passou entre minha filha de 10 anos de idade e eu com 50 anos, mas acho que as lições nesse pequeno dialogo podem nos ensinar muito em relação as questões mais profundas que temos.
Era dia 25 de Março por volta das 5 da tarde quando me encontrava com minha filha numa sala de esperada, depois de 22 horas intensas de vários exames médicos para determinar que tipo de tratamento a ser adotado. Estávamos ambos sentados numa sala de espera aguardando o transporte para retorno à casa depois de uma maratona exaustiva de exames. Ambos visivelmente cansados evitamos muita conversa numa tentativa de poupar a pouca energia restante, então, surpreendentemente o silêncio é rompido com a seguinte pergunta”:

Minha filha: “Pai, eu acho que não deveríamos mais servi ao nosso D-us”
Eu: Por que?
Minha filha: “Esse D-us não é bom Ele nos faz sofrer. Quando foram tirar o meu sangue doeu muito e Ele não tirou minha dor quando eu pedi”
Como responder a uma menina de 10 anos em forma simples para questões tão complexas? Esse era o meu desafio.
Eu: Veja filha, o meno D-us que nós dá o sol também dá a chuva, na vida temos tristezas e alegrias, dor e prazer, assim como também existem pessoas boas e más. O fato de você sentir dor não quer dizer que Ele não nos ama. Além do mais a pequena dor que você sentiu é para melhorar sua saúde.
Minha filha: : “Ah papai, eu tive uma boa ideia para dar para D-us.
Eu: Então, que ideia é essa?
Minha filha: “Sabe que você disse que existe pessoas boas e más? Vou dar a idea de dividir o mundo em dois, um lado só pessoas boas e do outro só pessoas más, assim não vai ter tanto problema”.
Eu: Com um certo riso respondi: É, sua ideia é ótima mas Ele prometeu que vai fazer isso no futuro, separar aqueles que amam ao Senhor daqueles que o desprezam.
Minha filha: “Então porque ele não faz isso agora?”
Eu: Sinceramente não sei, mas com certeza fará.

Após esse breve diálogo fiquei pensativo, fui transportado anos atrás ao início da minha juventude quando fazia esse tipo de perguntas. Fiquei surpreendido ao notar que uma menina de 10 anos de idade já faz perguntas tão profundas e tão comum a nós todos. Ao tentar desdobrar as questões fundamentais contidas em tais perguntas inocentes cheguei a conclusão de que o que realmente ela estava perguntando eram questões relacionadas com o propósito da vida, porque sofremos e qual será nosso destino. Em poucas perguntas ela conseguiu tocar nas questões mais profundas da vida, que são:
1- De onde eu venho? Origem.
2- Por que estou aqui? Propósito.
3- Para onde vou? Destino.
4- Por que sofremos? Justiça.
Essas questões são as mais básicas da vida e certamente se você ainda não as fez, em algum ponto de sua vida as fará. Para aqueles que tem uma mente voltada para a ciência a resposta da mesma é insatisfatória porque só lida com a questão da origem, deixando de fora as outras três, ao tentar explicar a origem da humanidade através de acontecimentos aleatórios através de teorias questionáveis, deixa de fora as questões mais importantes, como propósito, destino e justiça. Se somos o resultado do acaso cósmico, passamos simplesmente a ser uma forma de vida biológica que conseguiu evoluir a uma consciência própria. O problema é que essa posição deixa uma grande questão de fora, o propósito. A vida passar a ser uma tentativa de sobreviver e levar a espécie adiante até que o próximo acidente cósmico eleve a nossa forma de vida a um grau mais alto.

Os famosos filósofos gregos tais como Aristóteles, Platão e Heráclito que tanto influenciam o pensamento ocidental tentaram responder essas questões com uma visão dualista do mundo, onde o mundo é dividido em material versus espiritual, sendo que material é inferior e espiritual e superior. Influenciado por esse pensamento os soldados romanos ao serem confrontados com a eminência da guerra e a possibilidade concreta de morrer citava: “Gloria Exercitus” glória ao exército, ele encontrava o propósito no coletivo (algo fora dele) e na certeza da uma glória no mundo espiritual, sua individualidade era sacrificada no altar da glória do império romano para um “bem” maior.
A visão bíblica da vida é muito mais abrangente ao responder essas questões, de forma coerente ela responde os anseios mais profundos do ser humano. Do gênesis ao apocalipse a bíblia responde essas questões de forma coerente e concisa, ao criar o ser humano “E disse D-us: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” Gen 1:26 ele responde a primeira questão – Origem.

Propósito – O sábio Salomão explora a questão da futilidade se vivermos como se este mundo e tudo o que nele existe e pode oferecer fossem tudo o que há. Ele conclui o livro de Eclesiastes da seguinte forma: “De tudo o que se tem ouvido, a suma é:
13 De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem.
14 Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.” Eclesiastes 12:13-14
Ele enfatiza, depois de discursar aspectos práticos da vida, que a vida se resume a honrar a D-us em nosso pensamentos, guardar Seus mandamentos porque um dia estaremos diante do trono divino para prestar contas.
Em Mateus 1:21 diz que Jesus veio para “salvar o seu povo dos seus pecados”. A palavra “salvar’ aqui no grego é “sōzō” que quer dizer “restaurar/curar”, mas restaurar o que? A relação perdida no jardim do éden, onde a relação entre D-us e a humanidade foi quebrada através da desobediência do homen. Vemos que o propósito está intrinsecamente ligado aos relacionamentos, encontramos sabor na vida quando nos relacionamos um com o outro. Uma vida vivida na solidão se torna vazia e sem razão. D-us ao declarar “façamos” da a entender que ele é um Ser relacional. Essas e outros muitas passagens nos revela o propósito da vida em encontrado nas relações, Se a relação humana é tão vital para nosso propósito, quando mais nossa relação com nosso criador.
Destino – O último livro da Bíblia, o Apocalipse, discute o que irá acontecer no fim dos tempos. Após o retorno de Jesus os céus e a terra que nós conhecemos são destruídos e um novo céu e uma nova terra serão criados eternamente. Todas as maldições lançadas no gênesis serão desfeitas, não haverá mais tristeza, doenças, morte e dor. (Apocalipse 21:4). Deus diz que aqueles que persistirem irão herdar todas as coisas, Ele será seu Deus e eles serão Seus filhos. Portanto, como era no início em Gênesis, a humanidade redimida irá viver em comunhão com Deus, livre do pecado e da maldição do mesmo, em um mundo perfeito.
“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos.
E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro”.
1 João 3:2-3.
Justiça – Quem nunca se perguntou porque sofremos ou porque o mal existe? Obviamente não é possível explorar esse tema complexo em poucos linhas, mas gostaria de brevemente tocar em alguns aspectos dessa questão. 1- Ao fazermos essa pergunta pressuponha-se que deve haver justiça. Aquele que crer somente na ciência ou se declara ateu não tem base moral fundamental para fazer tal pergunta, porque na cosmovisão dele não ha D-us, se somos apenas produto da evolução ou do acaso, o que importa se há justiça ou não? Se morremos hoje ou amanha? Se é acidental ou provocado por alguém?
A busca pela justiça pressupõe que haja uma ordem moral universal que me permite fazer tal pergunta, se há uma ordem moral universal tem que necessariamente haver uma doador dessa ordem, na visão bíblica, D-us. Se não há D-us, a questão do bem e do mal se evapora.
Quando presenciamos injustiça ou o sofrimento de um inocente, um mecanismo natural dentro de nós grita estridentemente dizendo: “não devia ser assim”, “isso está errado”, de onde vem esses questionamentos? Talvez seja um indício que realmente haja um D-us justo e que realmente não deveria “ser assim”, mas algo está errado. Esse algo é o pecado, o errar o alvo, o desobedecer ao Senhor. Por isso que Paulo, grande conhecedor do Tanak (Velho testamento) declarou: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.”

 

Autor: Adivalter Sfalsin

Mulher virtuosa quem a achará?

Mulher virtuosa quem a achará?

Provérbios 31:10-31

 

O último poema do livro bíblico de Provérbios fala a respeito da mulher “virtuosa”. O poema foi originalmente escrito em hebraico e consiste em 22 versos, cada verso começando com a primeira letra do alfabeto (aleph) até a última letra do mesmo (tav), assim listando 22 virtudes de uma mulher sábia num acróstico inteligente em forma quiástica, diferentemente do português o poema em hebraico tenta harmonizar as ideias e não as palavras. Infelizmente quando esse lindo poema foi traduzido para português perdeu essa linda estrutura, que na sua forma quiástica aponta para uma mensagem central.
Mas antes de tudo, o que é um quiasmo? O quiasmo consiste de uma estrutura onde o primeiro elemento corresponde ao último elemento da poesia, o segundo corresponde ao penúltimo, o terceiro corresponde ao antepenúltimo, etc.. até chegar ao centro onde não ha mais correspondência e a mensagem central da poesia é encontrada.
Exemplo:

UntitledImage

 

O Texto apresentado na sua forma original no quiasmo:

Texto 2

 

Minha interpretação da ideia de cada versículo:

Definicao

Quero frisar que a palavra hebraica traduzida como “virtuosa” no v. 10 é hay’il (חַיִל ). A conotação dessa palavra em português está ligada a pureza, simplicidade ou moralidade, diferentemente do hebraico que tem vários significados relacionados ao poder, força, poder; capaz, valente, virtuoso, valor; exército, forças, riquezas, substância. O significado básico deste substantivo é “força”, da qual pode ser derivado” exército” e “riqueza“. Hay’il é usado 244 vezes na Bíblia. Portanto, a melhor tradução concisa dessa mulher seria, “a mulher cheia de fibra”.
Note que a ação no lar tem um alcance na sua comunidade local, não só de forma econômica mas também social, ela ajuda aos de casa e também aos de fora, ela ajuda a seu marido em diversos aspectos da vida familiar e pública. “Seu marido é conhecido nas portas”, isso quer dizer que ele se tornou um dos magistrados da cidade expedindo justiça ao povo, isso só foi possível com a ajuda dela. Penso que a mensagem central desse texto seja o comprometimento de um casal em querer o bem comum, sabendo que ambos ganham quando o amor existe entre eles, não só a família mas assim como toda a sociedade. Quando esse comprometimento não ocorre a família é a primeira vítima mas a sociedade em geral.
Infelizmente basta olhar ao nosso redor para ver uma triste realidade de casais separados, famílias destroçadas e filhos sem rumo. Esse poema apesar de seus quase 3.000 anos é tão relevante para nossos dias, devemos prestar atenção e aprendermos com ele.

Autor: A Sfalsin