Teologia da substituição Parte 2

Teologia da substituição Parte 2

Como discutido na postagem anterior: Teologia da substituição Parte 1 – https://raizeshebraicas.com/2022/01/29/teologia-da-substituicao-parte-1/
     A teologia da substituição erra em vários pontos, primeiro por apresentar uma narrativa incompleta, depois por deturpar o caráter de D-us. A aliança feita com Abraão foi unilateral, imutável e irrevogável.
Como eram feitas as alianças na antiguidade?
     Numa era onde não existia escrita, nem papel, desenvolveu-se rituais para firmar pactos e alianças de paz, casamento, compra e venda de propriedades etc… Como acreditava-se em vários “deuses” que eram os sustentadores da ordem natural do universo e tinham o poder sobre a morte e vida tudo era feito em nome desses “deuses”. Se duas partes A e B tinham interesse em fazer um pacto ambos traziam alguns dos melhores animais do seu rebanho, os partiam ao meio e arrumavam de forma que as duas metades fizessem um corredor. Então o pactuante A passava ao meio das carcassas e recitava a parte de sua obrigação no contrato, depois o pactuante B fazia a mesma coisa, ao terminar cada um oferecia suas carcassas num altar ao seu deus.
     Esse ritual significava que se tanto parte A ou B não cumprisse sua parte do contrato ele estaria dando a autoridade a outra parte de cortá-lo ao meio como foi feito com os animais.
Tendo dito isso, vamos ver como aconteceu o pacto entre D-us e Abraão:
Gen 15:
1- D-us instrui Abraão o que deve fazer.
v9 E disse-lhe: Toma-me uma bezerra de três anos, e uma cabra de três anos, e um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho.
v10 E trouxe-lhe todos estes, e partiu-os pelo meio, e pôs cada parte deles em frente da outra; mas as aves não partiu

2- A parte de D-us no contrato.
V13 Saibas, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos.
V14 Mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza.

3- A parte de Abraão no contrato, estranhamente ele é posto para dormir por D-us e não recita sua parte da aliança.
v12 E pondo-se o sol, um profundo sono caiu sobre Abrão; e eis que grande espanto e grande escuridão caiu sobre ele.

Indicando que esse pacto seria unilateral, D-us cumpriria sua parte da aliança mas Abraão seria incapaz de cumprir, sabendo disso o pôs para dormir.
Encontramos mais detalhes dessa aliança em Gen 17:7 E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti.

A palavra chave aqui é “perpétua” em hebraico Olam (עוֹלָם), com significado em português: posteridade, para sempre, sempre, eterno, eternamente, perpétuo, existência contínua, perpétua, futuro indefinido ou interminável, eternidade. No grego, aiōn (αἰών): para sempre, uma era ininterrupta, perpetuidade do tempo e eternidade. Exemplo Hebreus 13:8 “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente (αἰών).”

Portanto a aliança feita com Abraão é definitivamente imutável, irrevogável e eterna independente das tendencias e influencias eclesiásticas, método de interpretação humano e triunfalismo gentílico. Lembrando que Paulo nos adverte em Rom 11:25
“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.”

Sim, a maior parte dos judeus rejeitaram o messias mas a aliança eterna e unilateral de D-us continua sendo valida. O evangelho só chegou a nós porque uma minoria dos judeus como os discípulos e os apóstolos foram fiéis ao Senhor e passaram a mensagem para frente chegando até nós, os gentios.

Paulo ainda nos alerta:
Rom 11:
v1 – Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum;
v2 – Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu.
v11 – Digo, pois: Porventura tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum, mas pela sua queda veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação (ciúmes).

E finalmente a exortação mais pungente:

Rom 11:18
“Não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti.”

Finalmente gostaria de lembrar que o apóstolo Paulo (seu nome grego), Saulo (seu nome hebraico) At 13:9 era um rabino e mesmo depois do encontro com o Senhor Jesus no caminho damasco, continuo a guardar o sábado (At 13:14), circuncidou a Timóteo (At 16:3) sua bíblia era o Tanak (velho testamento). Ele manteve sua identidade judaica, observava a Torá e em suas próprias palavras podemos ver que a “teologia da substituição” é uma dicotomia errônea.

A Sfalsin

Teologia da substituição Parte 1

Teologia da substituição Parte 1

     Mas o que realmente é a teologia da substituição? Basicamente é a crença que a igreja substituiu Israel com respeito as promessas e propósitos de D-us. Uma definição mais abrangente pode ser expandida da seguinte forma:
1- Há a possibilidade de judeus individualmente serem salvos aceitando Jesus como Senhor e salvador de suas vidas, mas D-us rejeitou o povo judeu como instrumento dos seus propósitos porque eles como povo rejeitaram ao messias, Jesus.
2- Ao rejeitar a Jesus, o povo judeu transgrediu as alianças que D-us fez com os patriarcas, assim D-us anulou-as.
3- A igreja substituiu Israel como o povo da aliança e propósitos, assim passando a ser o “novo Israel de D-us”
4- As promessas dadas a Israel no passado agora com a “nova aliança” são dadas a igreja.
5- O estado moderno de Israel não tem relevância especial aos acontecimentos recentes. Israel é um país como qualquer outro.

     O impacto da teologia da substituição é sutil, basta abrir a bíblia e olhar no índice onde se divide a bíblia em 2 partes, “velho” e novo testamento. O que a princípio parece inocente ao nossos olhos está carregado de um sentimento antisemita de centenas de anos de má vizinhança entre gentios e judeus. Porque velho e novo testamento? Inconscientemente assumimos que o velho já está ultrapassado portanto o novo testamento é melhor ou até mesmo superior.
     A teologia da substituição tem como raiz o orgulho de pensar que “nós” somos melhores do que “eles”, infelizmente vemos essa teologia aplicada não só em relação aos judeus mas entre as próprias denominações, onde certos grupos empossam a verdade exclusivamente e excluem os que pensam de forma diversa. Sendo assim o problema não está na teologia da substituição, mas sim no coração humano.
     Muitos teólogos que aderiram a essa teologia influenciaram grandes multidões, entre eles destaco Dr Robert Reymond um estimado teólogo dos Estados Unidos, que no seu artigo “Sword and Trowel” (A Espada e a espátula) escreve:
“todas as promessas da terra de D-us para Israel no Antigo Testamento devem ser vistas como sombras, tipologia e profecia, em contraste com a realidade, substância e cumprimento de que o Novo Testamento atesta…” e “nós cristãos, como membros do reino messiânico de Cristo, somos os verdadeiros herdeiros das promessas da terra das escrituras sagradas aqui e agora, e que também se cumprirá no futuro celestial…”
     Provavelmente você já ouviu essa mesma ideia sendo pregada dos púlpitos com diferentes nuances, eu particularmente cresci na igreja ouvindo que “nós éramos o novo Israel de D-us”. O que muitas vezes me deixou inquieto e me fez questionar tal afirmação e caráter de D-us.
     Naturalmente para chegar a essa conclusão tudo vai depender de como você lê a bíblia, sua perspectiva é hebraica ou helenística? Exploro esse tópico com mais detalhes nesse artigo: https://raizeshebraicas.com/2021/05/23/uma-questao-de-perspectiva/
Se você estiver lendo com uma perspectiva helenística provavelmente a narrativa se desenrola desta forma: D-us criou o universo, o homem pecou desobedecendo seu mandamento, então Ele no seu imenso amor ao invés de julgar o homem pelo pecado providencia o redentor Jesus, e todos os que invocarem esse nome será salvo e habitará no céu. Tem algo de errado com essa descrição? No mínimo está incompleta porque ignora a eleição de Israel como povo escolhido para abençoar as nações de todo o mundo.
     Visão hebraica: D-us criou o universo, o homem pecou desobedecendo seu mandamento, então Ele faz várias alianças com o homem através de Noé, Abraão e através dessas alianças Ele abençoa não só a Noé e Abraão mas através de seus descendentes todos os povos gentios são abençoados (Gen 12:2-3) dentro dessa provisão ele manda o redentor da linhagem de Abraão, Jesus; e todos que entrarem nessa aliança (relacionamento) continuará nesse relacionamento com Jesus no mundo por vir. Julgo que essa visão é mais completa e faz jus a bíblia do gênesis ao apocalipse.
     O problema principal da perspectiva helenística é que ignora a história de Israel como povo escolhido para trazer o salvador, Jesus. Ela vê essa história somente como uma sombra do que estava por vir, o messias, e quando o messias foi revelado essa sombra já não tem muita importância, foi cumprida e pode ser descartada. Ela se concentra num D-us universal com atributos abstratos dos filósofos platônicos como: Soberano, perfeito, onipotente, onipresente, primeira causa, fundamento do ser e as vezes até inatingível. Em constraste, D-us se revela ao homen como um D-us particular, pessoal e presente nos conflitos humanos. Esse D-us elege uma família especifica, faz dessa família um povo, se envolve em seus conflitos internos, cuida, interage, está presente todos os dias, se entristece com as más escolhas que fazem e até antecipa seus planos futuros para Abraão Gen 19:23-25 e Moisés Êxodo 32:9-10
     Essa ideia é revelada em toda a bíblia, no “velho” testamento (Tanak):
1- “Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para ser vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus” Números 15:41 , Êxodo 29:46, Levítico 11:45, Levítico 22:33,
2- “Vede agora que eu, eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e ninguém há que escape da minha mão.” Deuteronômio 32:39
3- “E ele lhes disse: Eu sou hebreu, e temo ao Senhor, o D-us do céu, que fez o mar e a terra seca.” Jonas 1:9
4- “Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há D-us; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças;” Isaías 45:5
5- “Portanto o santificarás, porquanto oferece o pão do teu Deus; santo será para ti, pois eu, o Senhor que vos santifica, sou santo.” Levítico 21:8
6- “Porque eu sou o Senhor teu Deus, que agito o mar, de modo que bramem as suas ondas. O Senhor dos Exércitos é o seu nome.” Isaías 51:15
7- “O Senhor guarda os estrangeiros; sustém o órfão e a viúva, mas transtorna o caminho dos ímpios.” Salmos 146:9
     E no novo testamento:
1- “E, acerca dos mortos que houverem de ressuscitar, não tendes lido no livro de Moisés como Deus lhe falou na sarça, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó?” Marcos 12:26
2 – Mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel; Mateus 10:6
3 – Luz para iluminar as nações, E para glória de teu povo Israel. Lucas 2:32
4 – Bendito o Senhor Deus de Israel, Porque visitou e remiu o seu povo, Lucas 1:68
5 – E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Marcos 12:29
6 – E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades. Romanos 11:26
7 – Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Efésios 2:12

     Diferentemente do D-us universal dos filósofos gregos que influenciaram os “pais da igreja” como Clemente de Alexandria (c. 150-200 d.C), Basílio “o Grande” (c. 330-379 d.C.), Justino Mártir (100-165 d.C.) e Agostinho (354-430 d.C), a visão bíblica é de um D-us particular que começa sua missão de resgate através da eleição de uma familia especifica e dá a eles mandamentos específicos para terem uma relacionamento íntimo com ele.
     A teologia da substituição erra em vários pontos, primeiro por apresentar uma narrativa incompleta, depois por deturpar o caráter de D-us. A aliança feita com Abraão foi unilateral, imutável e irrevogável, ao pôr Abraão para dormir durante a consumação da aliança (Gên 15) D-us mostrou que essa aliança seria unilateral, onde Ele manteria sua palavra da parte do contrato porque naturalmente Abraão falharia assim como sua descendência.
Conforme a teologia da substituição, porque Israel não guardou a aliança rejeitando o messias então D-us elegeu um outro povo, os gentios, para ser seu “novo” povo escolhido.
Bom, se D-us faz uma aliança unilateral e depois volta atrás, como poderia estar certo da garantia da vida eterna?

No próximo artigo vamos um pouco mais profundo no assunto.

A Sfalsin

MEIA REFORMA DE LUTERO

MEIA REFORMA DE LUTERO

Há 495 anos atrás enquanto a Europa afundava-se em seus anos negros com cultos aos mortos promovido pela festa do Halloween, Lutero se destacava como uma luz na escuridão ao pregar publicamente suas 95 teses, na porta da Catedral de Wittenberg (Alemanha). Seu apelo era por uma mudança nas práticas da Igreja Católica, e acesso as sagradas escrituras na língua do povo comum.

Ao desafiar os costumes da igreja católica e do império ele possibilitou que o povo tivesse acesso à Bíblia em sua própria língua. A principal doutrina de Lutero era contra o pagamento de penitências e indulgências aos lideres religiosos, ao descobrir lendo em Habacuque e Romanos que a salvação é pela graça somente, não por obras, houve uma profunda mudança em sua vida.

Essa ação deu origem ao que conhecemos hoje como o movimento “protestante” que sem dúvida mudou o curso da história eclesiástica, motivo de comemoração para os cristãos protestantes ou evangélicos. Infelizmente Lutero não “reformou” o suficiente e doutrinas católicas que ainda permanecem enraizadas na igreja protestante, entre algumas, tristemente destaco a “teologia da substituição” que basicamente afirma: “por causa do pecado de Israel em rejeitar Jesus, D-us rejeitou o povo judeu e elegeu um novo povo, a igreja, “o novo Israel de D-us”.

Lutero, mantenedor dessa doutrina, tentou se aproximar das comunidades judaicas ao perceber que os judeus não iriam se converter, ele se empenhou em persegui-los. No fim de sua vida ele incentivou a matança e desprezo de todos judeus que não se convertesse ao chamado “cristianismo” de Lutero. Em 1543 ele escreveu um livro chamado “Os Judeus e suas mentiras” onde ele acusa os mesmos pelo crime de ter matado o messias e por isso mereciam todo o desprezo de D-us e seus seguidores. Triste realidade!!!

Trecho do livro – Os Judeus e suas mentiras, de Martinho Lutero: “A Alemanha deve ficar livre de judeus, aos quais após serem expulsos, devem ser despojados de todo dinheiro e jóias, prata e ouro, e que fossem incendiadas suas sinagogas e escolas, suas casas derrubadas e destruídas (…), postos sob um telheiro ou estábulo como os ciganos (…), na miséria e no cativeiro assim que estes vermes venenosos se lamentassem de nós e se queixassem incessantemente a Deus”. – “Sobre os judeus e suas mentiras” de Martinho Lutero.

Espero que tenhamos um apreço pela iniciativa de Lutero mas ao mesmo tempo reconheçamos que na reforma de Lutero ainda ficaram muitos erros teológicos que precisam ser corrigidos se quisermos viver as escrituras em sua plenitude.

A Sfalsin

MEIA REFORMA DE LUTERO

MEIA REFORMA DE LUTERO

Há 495 anos atrás enquanto a Europa afundava-se em seus anos negros com cultos aos mortos promovido pela festa do Halloween, Lutero se destacava como uma luz na escuridão ao pregar publicamente suas 95 teses, na porta da Catedral de Wittenberg (Alemanha). Seu apelo era por uma mudança nas práticas da Igreja Católica, e acesso as sagradas escrituras na língua do povo comum.

Ao desafiar os costumes da igreja católica e do império ele possibilitou que o povo tivesse acesso à Bíblia em sua própria língua. A principal doutrina de Lutero era contra o pagamento de penitências e indulgências aos lideres religiosos, ao descobrir lendo em Habacuque e Romanos que a salvação é pela graça somente, não por obras, houve uma profunda mudança em sua vida.

Essa ação deu origem ao que conhecemos hoje como o movimento “protestante” que sem dúvida mudou o curso da história eclesiástica, motivo de comemoração para os cristãos protestantes ou evangélicos. Infelizmente Lutero não “reformou” o suficiente e doutrinas católicas que ainda permanecem enraizadas na igreja protestante, entre algumas, tristemente destaco a “teologia da substituição” que basicamente afirma: “por causa do pecado de Israel em rejeitar Jesus, D-us rejeitou o povo judeu e elegeu um novo povo, a igreja, “o novo Israel de D-us”.

Lutero, mantenedor dessa doutrina, tentou se aproximar das comunidades judaicas ao perceber que os judeus não iriam se converter, ele se empenhou em persegui-los. No fim de sua vida ele incentivou a matança e desprezo de todos judeus que não se convertesse ao chamado “cristianismo” de Lutero. Em 1543 ele escreveu um livro chamado “Os Judeus e suas mentiras” onde ele acusa os mesmos pelo crime de ter matado o messias e por isso mereciam todo o desprezo de D-us e seus seguidores. Triste realidade!!!

Trecho do livro – Os Judeus e suas mentiras, de Martinho Lutero: “A Alemanha deve ficar livre de judeus, aos quais após serem expulsos, devem ser despojados de todo dinheiro e jóias, prata e ouro, e que fossem incendiadas suas sinagogas e escolas, suas casas derrubadas e destruídas (…), postos sob um telheiro ou estábulo como os ciganos (…), na miséria e no cativeiro assim que estes vermes venenosos se lamentassem de nós e se queixassem incessantemente a Deus”. – “Sobre os judeus e suas mentiras” de Martinho Lutero.

Espero que tenhamos um apreço pela iniciativa de Lutero mas ao mesmo tempo reconheçamos que na reforma de Lutero ainda ficaram muitos erros teológicos que precisam ser corrigidos se quisermos viver as escrituras em sua plenitude.

A Sfalsin

Onde a Igreja primitiva errou.

“Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes.“ Tito 1:9

Nessa carta ao jovem pastor Timóteo, Paulo escreve: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido,” (porque conheces bem aqueles que te ensinaram, no grego) 2 Tim 3:14. Apesar de Timóteo ter dito um pai grego, sua mãe, Eunice, era judia devota (confira Atos 16:1 e 2 Tim 1:5) como a mãe se encarregava de ensinar as escrituras sagradas no ambiente doméstico, Timóteo foi exposto as escrituras e cultura hebraica desde sua infância, parte importante de sua herança. Mais tarde em sua vida adulta Timóteo é exortado por Paulo a não deixar sua herança e ensina-la as gerações futuras sem dilui-la ou corrompe-la. “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros,” 2 Tim 2:2.
Um estudo cuidadoso dos últimos 19 séculos vai revelar como a igreja abandonou sua herança hebraica e se distanciou consideravelmente do povo e cultura semítica apesar de ter nascida dentro da mesma. A igreja deu pouco importância a exortação de Paulo a Timóteo em preservar e continuar ensinar suas origens hebraicas. Ao invés disso a medida que o tempo passou a igreja adaptou-se e absorveu a filosofia grega com seu crescimento e conquista dos povos no mediterrâneo. Ralph Stob, um filósofo cristão escreve: “O elemento espiritual grego teve grande influência na igreja nos primeiros 3 séculos de sua história, heresias começaram a penetrar, a igreja se tornou vulnerável a tais heresias porque tinha cortado suas raízes com a fonte que lhe deu vida no seu início. Quando o cristianismo cortou suas raízes com o povo hebreu, tornou-se distorcido. Até o dia de hoje colhemos frutos dessa distorção, com freqüência ficamos confusos quando tentamos entender um livro hebraico com uma perspectiva e cultura grego-romana, esse processo criou uma “esquizofrenia espiritual” “
Esse estudo, com a finalidade de discussão, trata de 3 áreas em que a igreja de hoje necessita de correção, redireção e retorno as raízes hebraicas, são elas:
1 – Unidade dinâmica x dualismo
2 – Espiritual x mundano
3 – Coletividade x Individualismo
Essas áreas serão abordadas com o intuito de entender as implicações bíblicas afim de viver uma vida cristã saudável dentro e fora das comunidades cristãs.

1 – Unidade dinâmica x dualismo.
Devemos enxergar o mundo como uma unidade dinâmica. Ao crescer num mundo ocidental é praticamente impossível não ser influenciado pelo formato grego-romano de analise e raciocínio, temos grande admiração por Platão e outros filósofos gregos. O grande impacto de tais não só influenciou o passado antigo mas continua influenciando nosso presente, devemos a Platão e seus discípulos um grande legado no que se refere a razão, as faculdades da mente, verdade, sabedoria e beleza mas infelizmente essa forma de pensamento tem uma perspectiva dualística do mundo, o que afetou a igreja primitiva de forma negativa.
O platonismo basicamente diz que há dois mundos, um visível ou material e outro invisível, espiritual. O visível é uma extensão do invisível, por causa das imperfeições no mundo material, fonte do mal, ele é inferior ao espiritual que é perfeito. Essa visão afirma que o a “alma” tem origem no domínio celestial de onde ela caiu no mundo material. Embora os seres humanos tem relação com os dois mundos, eles almejam serem liberados do mundo material de seus corpos físicos, para voltarem a ser novamente “almas” retornando para o mundo celestial e divino. Platão comparou o corpo humano a uma prisão da alma, a alma imortal, pura foi encarnada num corpo imperfeito, a salvação acontece quando a “alma” escapa na morte do corpo e volta para o mundo invisível das “almas” no mundo espiritual.
A influência de Platão teve grande difusão durante os primeiros anos da história da igreja primitiva, fato esse inegável. De acordo com Werger Jaeger, (The Greek Ideas of Immortality, Harvard Theological reviwe pg 146) “um ponto mais importante na história da doutrina do cristianismo é que o pai da teologia cristã foi Orígenes (Alexandria, Egito c 185, teólogo) foi um teólogo e filósofo platônico na escola de Alexandria. Ele inseriu na doutrina cristã o drama cósmico da alma.
Ao contrário da visão grega o povo hebreu via o mundo como sendo bom, embora caído e necessitado de remissão, foi criado por D-us que tinha as melhores intenções ao criar os seres humanos, então ao invés de estar fugindo do mundo, deveríamos experimentar comunhão e amor com nosso criador. Conforme o pensamento hebreu o ser humano é uma unidade dinâmica de alma-corpo chamado para servir a seu criador apaixonadamente dentro do mundo material.

I – Gozar a vida ou não gozar?
O dualismo de Platão trouxe de forma sutil o ascetismo ou asceticismo – é uma filosofia de vida na qual são refreados os prazeres mundanos. Esse estilo de vida presente em muitas igrejas ainda hoje está em forte contraste com o estilo de vida do povo hebreu das escrituras. O gozar da vida é rejeitado em favor da mortificação das “coisas da carne”, o desejo físico e prazer são considerados satisfações indignas que só resultam no aprisionamento da alma com as coisas materiais.

Então para evitar tal aprisionamento uma pessoa tem que se restringir e negar tudo que lhe dá prazer porque pode atrapalhar a vida “espiritual”. Razão pela qual foram criados os mosteiros anos mais tarde, onde o indivíduo, nega-se a si mesmo, passa horas em silêncio e isolado do mundo, ali ele poderia dominar a “carne” e crescer espiritualmente.

O apóstolo Paulo em Colossenses 2:21 (Não toques, não proves, não manuseies?) combatia tal atitude dentro da igreja que tinha sido influênciada por tal filosofia. Infelizmente ela continuou enraizada na igreja, na época da reforma protestante o erudito Erasmus escreveu: “o cristianismo dos seus dias tinha que ser definido não por – Ame seu próximo como a si mesmo. Mas – abstenha-se de queijo e manteiga e coma lentilhas” Até mesmo o grande Jhon Wesley carregava em sua teologia um pouco de ascetismo, ele escreve: “tenha cuidado em desejar qualquer coisa que não seja D-us. Não admita nenhum desejo pela comida ou outro tipo de prazer…”
As escrituras de forma geral reflete uma realidade totalmente diferente do ascetismo, embora o prazer físico não ser a razão porque vivemos, devemos receber e afirmar o mesmo com gratidão ao criador. A bíblia nos adverte a não nos tornamos escravos dos prazeres e das possessões materiais (I Tim 6:9-10) “Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína.Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.” Mas a solução bíblica para o desejo das coisas materiais não é a negação de tais, mas sim um coração humilde que reconhece que tudo que temos e somos vem do Senhor. São dadivas!
As escrituras hebraicas são bastante “mundanas”, Gênesis 1:28 dá a diretriz ao ser humano; estabeleça a raça humana na terra e não fuja dela. Confira: “Assim diz o Senhor, teu redentor, e que te formou desde o ventre: Eu sou o Senhor que faço tudo, que sozinho estendo os céus, e espraio a terra por mim mesmo;” Isa 44:24. O Senhor está interessado em todos os aspectos da vida humana, tendo nos dado tantos prazeres para desfrutarmos, assim revelando seu amor por nós. Eclesiastes 2:24 diz: “ Não há nada melhor para o homem do que comer e beber, e fazer com que sua alma goze do bem do seu trabalho. Também vi que isto vem da mão de Deus.” Até mesmo um amigo de Davi de 88 anos de idade bem próximo de sua morte mostra sua preocupação em estar hábil para gozar a vida comendo, bebendo e cantando (2 Sam 19:32-37).
Dentro dessa riqueza cultural e tradição, Jesus confirma a criação e a ordem material no seu tempo aqui na terra. Nos evangelhos lemos de camponeses, pescadores, flores, pássaros, casamentos, comida, bebida, celebração etc… o Senhor do universo não é só o invisível mas também tangível e terreno. Ele não chamou homens e mulheres para escapar desse mundo mas sim para agir dentro dele de forma responsável e grata pelas benções materiais que o Senhor criador derramou sobre eles. Como Paulo disse; “Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso;” 1 Cor 3:21. Com freqüência muitos cristão estão tão preocupados com as coisas “espirituais” que se esquecem de aproveitar as dadivas do Senhor e serem gratos a Ele pelas mesmas.
Uma demonstração clássica desse dualismo é quando alguém em sua comunidade precisa de algo tangível na sua vida material; exemplo, uma visita, uma ajuda financeira, uma oportunidade de emprego etc… muitos na comunidade se oferecem a ajudar com uma oração ou com uma promessa de compromisso de oração diária por esse/aquele problema. Então o que se originou no “mundo material” será resolvido no “mundo espiritual”, aqui vemos a confusão que o dualismo causa. Tiago diz “Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.” Tiago 2:18. Se está no teu poder de fazer algo concreto por aquela pessoa e você não o faz sua oração não vale de nada. Afinal o Senhor não tem mãos, pernas e boca, Ele usa seus servos, você! Para ir, agir e falar por Ele. Claro que se você estiver disposto.
“Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e nào lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.” Tiago 2:14-17.
II – Casar ou não casar?
Outro aspecto em que o dualismo afetou a igreja foi na vida familiar. Como dito antes a filosofia grega via o corpo como inferior ao espirito, estavam constantemente em atrito, o corpo era repugnante, corruptível e fonte de pecado. Com o crescimento da igreja e absorção dos gentios chegou ao ponto onde a igreja tinha mais adeptos de origem gentílica do que hebraica, com pouco tempo dessa transformação demográfica a liderança foi assumida por gentios, então todo o conceito de vida familiar e casamento começou a ser moldado dentro da filosofia grega. O casamento começou a ser visto com uma certa desconfiança e um mal necessário, era uma forma inferior de vida porque era a manifestação do consentimento dos desejos carnais. Por falta de entendimento o casamento passou a ser uma relação questionável ao invés de um presente do Senhor para ser desfrutado. Gen 1:31.
A bíblia afirma claramente a instituição do casamento como sendo, santa, honrosa e imaculada. 1 Tim 4:3-4, Heb 13:4. Ela nunca tratou o corpo humano e suas funções de forma vergonhosa e obscena, o livro Cânticos dos cânticos celebra a sexualidade e o amor humano de forma arrojada. O povo hebreu vivia um vida física repleta de prazeres mas não de forma hedonista, o povo hebreu diferente dos povos do mediterrâneo não ensinavam o celibato como forma superior de vida.
As páginas da história da igreja revelam como a comunidade cristã gentílica torceu o conceito judaico do casamento, vejamos alguns exemplos através dos séculos:
1- Padre e freiras que faziam de castidade eram vistos como pessoas mais próximas de D-us porque eles negavam os prazeres desse mundo de tentações. Alguns desses evitam até mesmo tomar banho com medo de se verem nus e assim pecarem. Alguns mais radicais pregaram que o casamento era uma forma de vida poluída e que um pessoa não poderia ser salva se vivesse esse tipo de relacionamento.
2 – Jerónimo de Estridão (c. 347 – 30 de setembro de 420) escreveu “Aquele que ama sua esposa de forma fogosamente é um adultero” (My beloved is Mine: Judaism and Marriage) pg 176.
3 – Agostinho de Hipona (13 de novembro de 354 – 28 de agosto, 430) escreveu “Os patriarcas do povo hebreu teriam preferido fazer a vontade de D-us do que multiplicar e crescer…. eles devem ter tido relações sexuais com relutância só para fazer o mandamento de D-us de multiplicar.
4 -Tomás de Aquino 1274, escreveu “cada ato carnal feito é um vicio da natureza que gravita em direção ao homicídio”.
5 – Martinho Lutero 1546, escreveu “…o celibato é o remédio para o desejo carnal… a cura para os desejos sexuais reprimidos que atormenta a vida de cada ser humano”, “não importa o louvor que é dado ao casamento, eu não vou conceber que não seja um pecado”.
6 – Em tempos modernos o Papa Pius XII escreveu “censuro severamente aqueles que apesar dos ensinamentos da igreja, dão preferência ao casamento acima do principio da virgindade” Afirmações como essas mostram que o princípio do celibato ainda é bastante reverenciado entre alguns cristãos.
A igreja católica até os dias de hoje prega a perpétua virgindade de Maria, nessa visão dualista do mundo onde o corpo humano é associado com o pecado, Maria nunca poderia ter tido relações sexuais or conceber filhos. Portanto os filhos que ela teve que bíblia menciona em Mat 13:55-56 eram filhos de um casamento anterior de José. Resumindo a igreja ao abandonar as raízes hebraicas que a sustentavam se expôs a ensinamentos estranhos que ao passar dos séculos se infiltraram em sua doutrina e distorceram sua identidade. Portanto há uma urgente chamada ao regresso as suas raízes.

Baseado do Livro “Our Father Abraham” de Marvim R Wilson. Chapter 10.
(Encorajo aos que entendem inglês a ler esse livro)
Tradução livre: Adivalter Sfalsin

Onde a Igreja primitiva errou.

     “Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes. Tito 1:9

Nessa carta ao jovem pastor Timóteo, Paulo escreve: Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido,” (porque conheces bem aqueles que te ensinaram, no grego) 2 Tim 3:14. Apesar de Timóteo ter dito um pai grego, sua mãe, Eunice, era judia devota (confira Atos 16:1 e 2 Tim 1:5) como a mãe se encarregava de ensinar as escrituras sagradas no ambiente doméstico, Timóteo foi exposto as escrituras e cultura hebraica desde sua infância, parte importante de sua herança. Mais tarde em sua vida adulta Timóteo é exortado por Paulo a não deixar sua herança e ensina-la as gerações futuras sem dilui-la ou corrompe-la. “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros,” 2 Tim 2:2.
Um estudo cuidadoso dos últimos 19 séculos vai revelar como a igreja abandonou sua herança hebraica e se distanciou consideravelmente do povo e cultura semítica apesar de ter nascida dentro da mesma. A igreja deu pouco importância a exortação de Paulo a Timóteo em preservar e continuar ensinar suas origens hebraicas. Ao invés disso a medida que o tempo passou a igreja adaptou-se e absorveu a filosofia grega com seu crescimento e conquista dos povos no mediterrâneo. Ralph Stob, um filósofo cristão escreve: “O elemento espiritual grego teve grande influência na igreja nos primeiros 3 séculos de sua história, heresias começaram a penetrar, a igreja se tornou vulnerável a tais heresias porque tinha cortado suas raízes com a fonte que lhe deu vida no seu início. Quando o cristianismo cortou suas raízes com o povo hebreu, tornou-se distorcido. Até o dia de hoje colhemos frutos dessa distorção, com freqüência ficamos confusos quando tentamos entender um livro hebraico com uma perspectiva e cultura grego-romana, esse processo criou uma “esquizofrenia espiritual” “
Esse estudo, com a finalidade de discussão, trata de 3 áreas em que a igreja de hoje necessita de correção, redireção e retorno as raízes hebraicas, são elas:
1 – Unidade dinâmica x dualismo
2 – Espiritual x mundano
3 – Individualismo x coletividade
Essas áreas serão abordadas com o intuito de entender as implicações bíblicas afim de viver uma vida cristã saudável dentro e fora das comunidades cristãs.

1 – Unidade dinâmica x dualismo.
Devemos enxergar o mundo como uma unidade dinâmica. Ao crescer num mundo ocidental é praticamente impossível não ser influenciado pelo formato grego-romano de analise e raciocínio, temos grande admiração por Platão e outros filósofos gregos. O grande impacto de tais não só influenciou o passado antigo mas continua influenciando nosso presente, devemos a Platão e seus discípulos um grande legado no que se refere a razão, as faculdades da mente, verdade, sabedoria e beleza mas infelizmente essa forma de pensamento tem uma perspectiva dualística do mundo, o que afetou a igreja primitiva de forma negativa.
O platonismo basicamente diz que há dois mundos, um visível ou material e outro invisível, espiritual. O visível é uma extensão do invisível, por causa das imperfeições no mundo material, fonte do mal, ele é inferior ao espiritual que é perfeito. Essa visão afirma que o a “alma” tem origem no domínio celestial de onde ela caiu no mundo material. Embora os seres humanos tem relação com os dois mundos, eles almejam serem liberados do mundo material de seus corpos físicos, para voltarem a ser novamente “almas” retornando para o mundo celestial e divino. Platão comparou o corpo humano a uma prisão da alma, a alma imortal, pura foi encarnada num corpo imperfeito, a salvação acontece quando a “alma” escapa na morte do corpo e volta para o mundo invisível das “almas” no mundo espiritual.
A influência de Platão teve grande difusão durante os primeiros anos da história da igreja primitiva, fato esse inegável. De acordo com Werger Jaeger, (The Greek Ideas of Immortality, Harvard Theological reviwe pg 146) “um ponto mais importante na história da doutrina do cristianismo é que o pai da teologia cristã foi Orígenes (Alexandria, Egito c 185, teólogo) foi um teólogo e filósofo platônico na escola de Alexandria. Ele inseriu na doutrina cristã o drama cósmico da alma.
Ao contrário da visão grega o povo hebreu via o mundo como sendo bom, embora caído e necessitado de remissão, foi criado por D-us que tinha as melhores intenções ao criar os seres humanos, então ao invés de estar fugindo do mundo, deveríamos experimentar comunhão e amor com nosso criador. Conforme o pensamento hebreu o ser humano é uma unidade dinâmica de alma-corpo chamado para servir a seu criador apaixonadamente dentro do mundo material.

I – Gozar a vida ou não gozar?
O dualismo de Platão trouxe de forma sutil o ascetismo ou asceticismo – é uma filosofia de vida na qual são refreados os prazeres mundanos. Esse estilo de vida presente em muitas igrejas ainda hoje está em forte contraste com o estilo de vida do povo hebreu das escrituras. O gozar da vida é rejeitado em favor da mortificação das “coisas da carne”, o desejo físico e prazer são considerados satisfações indignas que só resultam no aprisionamento da alma com as coisas materiais.

          Então para evitar tal aprisionamento uma pessoa tem que se restringir e negar tudo que lhe dá prazer porque pode atrapalhar  a vida “espiritual”. Razão pela qual foram criados os mosteiros anos mais tarde, onde o indivíduo, nega-se a si mesmo, passa horas em silêncio e isolado do mundo, ali ele poderia dominar a “carne” e crescer espiritualmente.

          O apóstolo Paulo em colossenses 2:21 (Não toques, não proves, não manuseies?) combatia tal atitude dentro da igreja que tinha sido influênciada por tal filosofia. Infelizmente ela continuou enraizada na igreja, na época da reforma protestante o erudito Erasmus escreveu: “o cristianismo dos seus dias tinha que ser definido não por – Ame seu próximo como a si mesmo. Mas – abstenha-se de queijo e manteiga e coma lentilhas” Até mesmo o grande Jhon Wesley carregava em sua teologia um pouco de ascetismo, ele escreve: “tenha cuidado em desejar qualquer coisa que não seja D-us. Não admita nenhum desejo pela comida ou outro tipo de prazer…”
As escrituras de forma geral reflete uma realidade totalmente diferente do ascetismo, embora o prazer físico não ser a razão porque vivemos, devemos receber e afirmar o mesmo com gratidão ao criador. A bíblia nos adverte a não nos tornamos escravos dos prazeres e das possessões materiais (I Tim 6:9-10) “Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína.Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.” Mas a solução bíblica para o desejo das coisas materiais não é a negação de tais, mas sim um coração humilde que reconhece que tudo que temos e somos vem do Senhor. São dadivas!
As escrituras hebraicas são bastante “mundanas”, Gênesis 1:28 dá a diretriz ao ser humano; estabeleça a raça humana na terra e não fuja dela. Confira: “Assim diz o Senhor, teu redentor, e que te formou desde o ventre: Eu sou o Senhor que faço tudo, que sozinho estendo os céus, e espraio a terra por mim mesmo;” Isa 44:24. O Senhor está interessado em todos os aspectos da vida humana, tendo nos dado tantos prazeres para desfrutarmos, assim revelando seu amor por nós. Eclesiastes 2:24 diz: “ Não há nada melhor para o homem do que comer e beber, e fazer com que sua alma goze do bem do seu trabalho. Também vi que isto vem da mão de Deus.” Até mesmo um amigo de Davi de 88 anos de idade bem próximo de sua morte mostra sua preocupação em estar hábil para gozar a vida comendo, bebendo e cantando (2 Sam 19:32-37).
Dentro dessa riqueza cultural e tradição, Jesus confirma a criação e a ordem material no seu tempo aqui na terra. Nos evangelhos lemos de camponeses, pescadores, flores, pássaros, casamentos, comida, bebida, celebração etc… o Senhor do universo não é só o invisível mas também tangível e terreno. Ele não chamou homens e mulheres para escapar desse mundo mas sim para agir dentro dele de forma responsável e grata pelas benções materiais que o Senhor criador derramou sobre eles. Como Paulo disse; “Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso;” 1 Cor 3:21. Com freqüência muitos cristão estão tão preocupados com as coisas “espirituais” que se esquecem de aproveitar as dadivas do Senhor e serem gratos a Ele pelas mesmas.
          Uma demonstração clássica desse dualismo é quando alguém em sua comunidade precisa de algo tangível na sua vida material; exemplo, uma visita, uma ajuda financeira, uma oportunidade de emprego etc… muitos na comunidade se oferecem a ajudar com uma oração ou com uma promessa de compromisso de oração diária por esse/aquele problema. Então o que se originou no “mundo material” será resolvido no “mundo espiritual”, aqui vemos a confusão que o dualismo causa. Tiago diz “Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.” Tiago 2:18. Se está no teu poder de fazer algo concreto por aquela pessoa e você não o faz sua oração não vale de nada. Afinal o Senhor não tem mãos, pernas e boca, Ele usa seus servos, você! Para ir, agir e falar por Ele. Claro que se você estiver disposto.
“Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e nào lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.” Tiago 2:14-17.

II – Casar ou não casar?
Outro aspecto em que o dualismo afetou a igreja foi na vida familiar. Como dito antes a filosofia grega via o corpo como inferior ao espirito, estavam constantemente em atrito, o corpo era repugnante, corruptível e fonte de pecado. Com o crescimento da igreja e absorção dos gentios chegou ao ponto onde a igreja tinha mais adeptos de origem gentílica do que hebraica, com pouco tempo dessa transformação demográfica a liderança foi assumida por gentios, então todo o conceito de vida familiar e casamento começou a ser moldado dentro da filosofia grega. O casamento começou a ser visto com uma certa desconfiança e um mal necessário, era uma forma inferior de vida porque era a manifestação do consentimento dos desejos carnais. Por falta de entendimento o casamento passou a ser uma relação questionável ao invés de um presente do Senhor para ser desfrutado. Gen 1:31.
A bíblia afirma claramente a instituição do casamento como sendo, santa, honrosa e imaculada. 1 Tim 4:3-4, Heb 13:4. Ela nunca tratou o corpo humano e suas funções de forma vergonhosa e obscena, o livro Cânticos dos cânticos celebra a sexualidade e o amor humano de forma arrojada. O povo hebreu vivia um vida física repleta de prazeres mas não de forma hedonista, o povo hebreu diferente dos povos do mediterrâneo não ensinavam o celibato como forma superior de vida.
As páginas da história da igreja revelam como a comunidade cristã gentílica torceu o conceito judaico do casamento, vejamos alguns exemplos através dos séculos:
1- Padre e freiras que faziam de castidade eram vistos como pessoas mais próximas de D-us porque eles negavam os prazeres desse mundo de tentações. Alguns desses evitam até mesmo tomar banho com medo de se verem nus e assim pecarem. Alguns mais radicais pregaram que o casamento era uma forma de vida poluída e que um pessoa não poderia ser salva se vivesse esse tipo de relacionamento.
2 –  Jerónimo de Estridão (c. 347 – 30 de setembro de 420) escreveu “Aquele que ama sua esposa de forma fogosamente é um adultero” (My beloved is Mine: Judaism and Marriage) pg 176.
3 – Agostinho de Hipona (13 de novembro de 354 – 28 de agosto, 430) escreveu “Os patriarcas do povo hebreu teriam preferido fazer a vontade de D-us do que multiplicar e crescer…. eles devem ter tido relações sexuais com relutância só para fazer o mandamento de D-us de multiplicar.
4 -Tomás de Aquino 1274, escreveu “cada ato carnal feito é um vicio da natureza que gravita em direção ao homicídio”.
5 – Martinho Lutero 1546, escreveu “…o celibato é o remédio para o desejo carnal… a cura para os desejos sexuais reprimidos que atormenta a vida de cada ser humano”, “não importa o louvor que é dado ao casamento, eu não vou conceber que não seja um pecado”.
6 – Em tempos modernos o Papa Pius XII escreveu “censuro severamente aqueles que apesar dos ensinamentos da igreja, dão preferência ao casamento acima do principio da virgindade” Afirmações como essas mostram que o princípio do celibato ainda é bastante reverenciado entre alguns cristãos.
A igreja católica até os dias de hoje prega a perpétua virgindade de Maria, nessa visão dualista do mundo onde o corpo humano é associado com o pecado, Maria nunca poderia ter tido relações sexuais or conceber filhos. Portanto os filhos que ela teve que bíblia menciona em Mat 13:55-56 eram filhos de um casamento anterior de José. Resumindo a igreja ao abandonar as raízes hebraicas que a sustentavam se expôs a ensinamentos estranhos que ao passar dos séculos se infiltraram em sua doutrina e distorceram sua identidade. Portanto há uma urgente chamada ao regresso as suas raízes.

 
Baseado do Livro “Our Father Abraham” de Marvim R Wilson. Chapter 10.
(Encorajo aos que entendem inglês a ler esse livro) 
Tradução livre: Adivalter Sfalsin
 

DIA 1 DE JANEIRO PARA O JUDAÍSMO.

O QUE SIGNIFICA O DIA 1 DE JANEIRO PARA O JUDAÍSMO?

 

No ano 46 antes de Cristo o imperador romano Júlio César estabeleceu pela primeira vez o primeiro de janeiro como o dia do Ano Novo. Janus era o deus romano dos portões, e tinha duas faces, uma olhando para a frente e uma para trás. César sentiu que o mês sendo nomeado com o nome deste deus (“Janeiro”) seria a “porta” apropriada ao novo ano. César celebrou o primeiro 01 de janeiro como Ano Novo, ordenando um conflito violento com as forças revolucionários judaicas na Galiléia. Testemunhas escreveram que o sangue fluía nas ruas.

 

Quando o Cristianismo se espalhou, feriados pagãos ou foram incorporados ao calendário cristão ou abandonados. No início do período medieval a maioria da Europa cristã considerava o Dia da Anunciação (25 de março) como o início do ano. (Segundo a tradição católica, o dia da Anunciação comemora o anúncio do anjo Gabriel a Maria que ela estaria gravida e que conceberia um filho que seria chamado de Jesus.)

 

Depois que Guilherme, o Conquistador (conhecido também como “William bastardo” ou “Guilherme da Normandia”) tornou-se rei da Inglaterra em 25 de dezembro de 1066, ele decretou o retorno inglês para a data estabelecida pelos pagãos romanos, 01 de janeiro. Este movimento garantiu que a comemoração do nascimento de Jesus (25 de Dezembro) se alinhasse com a coroação de William, e a comemoração da circuncisão de Jesus (01 de janeiro) iniciando-se assim o novo ano – ligando assim os calendários inglês e cristão em sua coroação. Esta inovação de William foi finalmente rejeitada, e a Inglaterra voltou a fazer como o resto do mundo cristão e voltou a celebrar o Dia do Ano Novo em 25 de março.

 

Em 1582, o Papa Gregório XIII (conhecido também como “Ugo Boncompagni”, 1502-1585) abandonou o calendário juliano tradicional. Pelas contas do Juliano, o ano solar composto por 365,25 dias, e a intercalação de um “dia bissexto” a cada quatro anos tinha a intenção de manter a correspondência entre o calendário e as estações do ano. No entanto, houve uma pequena imprecisão na medição do Juliano (o ano solar é na verdade 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos = 365,2422 dias). Essa pequena imprecisão fez com que o calendário juliano atrasasse as estações do ano, um dia por século. Embora esta regressão ainda fosse de 14 dias no seu tempo, o Papa Gregório, baseou sua reforma sobre a restauração do equinócio vernal, que caia dia 11 de março, para a mesma data que ocorreu 1257 anos antes, quando Concílio de Nicéia foi convocado (21 de março de 325 d.e.c). O Papa Gregório fez a correção avançando o calendário em 10 dias.

 

No dia do Ano Novo de 1577 o Papa Gregório XIII decretou que todos os judeus romanos, sob pena de morte, deveriam ouvir atentamente um sermão de conversão da Igreja Católica proferido de forma obrigatória nas sinagogas romanas depois das reuniões religiosas nas sexta-feiras. No dia do Ano Novo de 1578 Gregório assinou uma lei que forçava os judeus a pagar uma “taxa de apoio” a uma “Casa de conversão”, para converter judeus ao cristianismo. E no Ano Novo de 1581 Gregório ordenou às suas tropas que confiscassem toda a literatura sagrada da comunidade judaica de Roma. Milhares de judeus foram assassinados nesta campanha.

 

Ao longo dos períodos medieval e pós-medieval, 01 de janeiro – supostamente o dia da circuncisão de Jesus – foi reservado para atividades anti-judaicas: queimando sinagogas e livros, atos de torturas públicas e homicídios .

 

O termo em Israel para as comemorações da noite de Ano Novo é “Sylvester (Silvestre)”. Silvestre era o nome do “santo” do Papa romano, que reinou durante o Concílio de Nicéia (325 d.e.c). No ano antes do Concílio de Nicéia ser convocado, Silvestre convenceu Constantino a proibir os judeus de viver em Jerusalém. No Concílio de Nicéia, Silvestre organizou a aprovação de uma série de legislações violentamente anti-semitas. A todos os “santos” católicos foi concedido um dia em que os cristãos celebram e prestam homenagens à sua memória. 31 de dezembro é o de dia de São Silvestre – assim as comemorações do Ano Novo da noite de 31 de dezembro terminaram por coincidir com as da memória de Silvestre.

 

Assim sendo, enquanto bilhões de pessoas no mundo comemoram esta data bebendo e festejando, judeus de Israel em sua maioria apenas a recordam como mais uma data trágica na historia deste povo. Mais uma marcada por fortes declarações anti-semitas e pessoas tentando nos impedir de viver em Jerusalém! Mas este ano podemos comemorar, pois o povo judeu vive e em Jerusalém!!

 

Feliz Ano Novo a todos que seguem o calendário gregoriano!! Muita luz e paz!
 
Autor: Adivalter Sfalsin

Visão de Spurgeon em relação aos Judeus e Israel

CHARLES SPURGEON ACREDITAVA NO REGRESSO E RESTAURAÇÃO DOS JUDEUS À TERRA DE ISRAEL

Um dos maiores pregadores evangélicos de sempre, o cognominado “príncipe dos pregadores” – Charles Haddon Spurgeon (1834 – 1892) considerado também um dosmaiores pregadores ingleses de sempre, já antecipava o retorno dos judeus à sua Terra e o seu controle político sobre a mesma. Isto pode parecer básico e elementar para nós que fazemos parte da geração que viu Israel “nascer num só dia”, mas para alguém que viveu num tempo – século 19 – em que tal ideia seria considerada absurda e ridícula, foi certamente necessário muito estudo e reflexão nas Sagradas Escrituras proféticas para chegar a tal conclusão. Sem dúvida que tudo aquilo que ele creu e ensinou foi fruto da revelação divina, para que muitos pudessem à sua semelhança ansiar pelo cumprimento dos grande sinais que precederiam o regresso do Messias ao Seu povo eleito. Mais ainda, passariam a aguardar ansiosamente o primeiro grande sinal a cumprir num futuro não muito longínquo: o regresso dos judeus à sua Terra e o estabelecimento do moderno estado de Israel.

QUEM FOI CHARLES SPURGEON

Charles Haddon Spurgeon foi um famosíssimo pregador baptista inglês (1834-1892), que iniciou o seu ministério pastoral aos 20 anos na New Park Street Church, em Londres, tendo a Igreja mudado para Exeter Hall devido ao rápido crescimento, e mais tarde para o Surrey Music Hall. O contínuo crescimento da congregação – cerca de 10 mil pessoas vinham regularmente escutar os seus sermões – levou-os em 1861 a mudarem permanentemente para o recém construído Metropolitan Tabernacle. Durante 40 anos Spurgeon foi pastor nesta Igreja, tornando-se assim num dos maiores pregadores de sempre. Calcula-se que durante a sua vida Spurgeon pregou a cerca de 10 milhões de pessoas, sendo os seus sermões escritos, publicados e distribuídos pelo mundo inteiro. Este cognominado “príncipe dos pregadores” dedicou também muito do seu tempo a escrever devocionais, comentários bíblicos, e obras teológicas, estando muitos desses livros ainda disponíveis e em circulação nos dias de hoje.

MULTIDÕES ACORRIAM PARA OUVIR SPURGEON PREGAR
Sendo muito mais do que um pregador, Spurgeon punha em prática aquilo que ensinava, tendo fundado escolas dominicais, igrejas, um orfanato, e um colégio pastoral. O pregador baptista editou ainda uma revista muito estimada na época. A profundidade, conhecimento bíblico e poderosa oratória de Spurgeon cativava e empolgava os ouvintes da época, mas ainda hoje ele é considerado como um dos maiores pensadores e escritores cristãos de sempre. As suas obras devocionais e teológicas continuam a alimentar ainda hoje a fé e o conhecimento de inúmeros cristãos pelo mundo fora.

SPURGEON E O REGRESSO DOS JUDEUS À TERRA DE ISRAEL
Algumas das afirmações de Spurgeon sobre esta matéria levam-nos certamente a uma ainda maior admiração por este homem que Deus usou como um grande profeta para o seu tempo.
Eis algumas das suas afirmações registadas dos seus sermões e dos seus escritos:
“É também certo que os judeus, como um povo, ainda possuirão Jesus de Nazaré, o Filho de David, como seu Rei, e que retornarão à sua própria terra, e ‘edificarão nos velhos lugares desolados, restaurarão as antigas desolações, e repararão as velhas cidades, as desolações de muitas gerações.”

SPURGEON EM PREGAÇÃO
No dia 16 de Junho de 1864, numa reunião especial na Igreja na qual foi pastor , o famoso Tabernáculo Metropolitano, e numa época em que pregava sistematicamente a uma audiência de mais de 10 mil pessoas, sem qualquer espécie de amplificação sonora (inexistente na época), Spurgeon pregou sobre “A restauração e conversão dos judeus”. No seu sermão ele proclamou várias afirmações importantes sobre o futuro do povo judeu. Primeiramente, ele acreditava que os judeus iriam regressar física e literalmente para habitar e ter controle político sobre a sua antiga terra. Ele afirmou o seguinte, nas suas próprias palavras:
“Haverá novamente um governo nativo; haverá novamente a forma de um corpo político; um estado será incorporado, e um rei irá reinar. Israel ficou agora alienada da sua própria terra. Seus filhos, ainda que nunca possam esquecer o sagrado pó da Palestina, morrem mesmo assim a uma desesperadora distância das suas sagradas orlas. Mas tal não será para sempre, pois que os seus filhos voltarão a regozijar-se nela: a sua terra chamar-se-à Beulá, pois assim como um jovem casa com uma virgem assim os seus filhos com ela se casarão. ‘Colocar-vos-ei na vossa própria terra,’ – é a promessa de Deus para eles…Eles haverão de ter uma prosperidade nacional que os tornará famosos; sim, tão gloriosos serão eles que o Egipto, Tiro, a Grécia e Roma esquecerão todos as suas glórias à luz do maior esplendor do trono de David…Assim sou bem claro e simples, o sentido literal e o significado desta passagem (Ezequiel 37:1-10) – um significado que não deve ser espiritualizado – tem de ser evidente de que tanto as duas como as dez tribos de Israel terão de ser trazidas à sua própria terra, e então um rei as governará.”

SPURGEON SOBRE A CONVERSÃO DOS JUDEUS
Spurgeon também acreditava que a conversão dos judeus viria através da pregação cristã por intermédio da Igreja e de outras organizações missionárias que Deus iria levantar para essa tarefa.
“Todas estas promessas implicam certamente que o povo de Israel deverá se converter a Deus, e que esta conversão será permanente, pois que o tabernáculo de Deus estará com eles, o Altíssimo terá de forma especial o Seu santuário no meio deles para sempre; assim, quaisquer nações que apostatarem e se voltarem para o Senhor naqueles dias, a nação de Israel nunca, pois que estará efectiva e permanentemente convertida, os corações dos pais se voltarão com os corações dos filhos para o Senhor seu Deus, e eles serão o povo de Deus, um mundo sem fim. Ansiamos então por estas duas coisas. Não vou fazer teorias sobre qual das duas virá primeiro, se eles serão primeiramente restaurados e convertidos depois, ou se convertidos primeiro e então restaurados. Eles serão restaurados e serão convertidos também. Que o Senhor envie estas bênçãos na Sua própria ordem, e nós ficaremos bem contentes com qualquer uma das formas que vier. Tomamos isto como nossa alegria e conforto, que tal irá acontecer, e que tanto no trono espiritual como no temporal o Rei Messias se sentará, e reinará gloriosamente entre o Seu povo.”
Na sua obra “The Church of Christ” (A Igreja de Cristo), Spurgeon afirma com convictamente:
“A hora está chegando, em que as tribos subirão ao seu próprio país. Quando a Judeia, por tanto tempo um deserto uivante, voltar a florescer como uma rosa; quando, se se o próprio templo não for restaurado, for mesmo assim erguido no monte Sião algum edifício cristão, quando os cânticos dos louvores solenes forem escutados como ecos dos velhos Salmos de David cantados no Tabernáculo…eu penso que não damos demasiada importância à restauração dos judeus. Não pensamos demasiado nesse assunto. Mas, certamente, se há alguma coisa prometida na Bíblia é isto mesmo. Eu imagino que não se pode ler a Bíblia sem que se veja claramente que há uma real restauração dos Filhos de Israel…porque quando os judeus forem restaurados, a plenitude dos gentios se completará; e mal eles retornem, Jesus descerá então gloriosamente sobre o Monte Sião com os Seus antigos e os prósperos dias do milénio raiarão então; conheceremos então todo o homem como irmão e amigo; Cristo reinará com um domínio universal.”

SPURGEON E A VINDA DO MESSIAS
Spurgeon via o lugar de Israel no Reino de Deus como um cumprimento claro das profecias:
“Se lermos correctamente as Escrituras, os judeus têm muito a ver com a história deste mundo: eles serão ajuntados; o Messias virá, o Messias que eles estão buscando – o mesmo Messias que veio uma vez voltará de novo – Ele virá da mesma forma que eles esperavam que Ele viesse da primeira vez. Eles pensavam então que Ele viria como um príncipe para reinar sobre eles, e assim será quando Ele voltar. Ele virá para ser o Rei dos judeus, e para reinar gloriosamente sobre o Seu povo; porque quando Ele voltar judeus e gentios terão privilégios iguais, embora vá haver alguma distinção conferida a essa família real da qual Jesus veio; porque Ele sentar-se-à no trono do Seu pai David, e a Ele se juntarão todas as nações.” (in The Leafless tree”)

RESUMINDO… Podemos então resumir as convicções do “príncipe dos pregadores” sobre a restauração de Israel na sua própria terra nestes pontos:
1. Israel como nação virá a ter fé em Cristo;
2. Israel terá uma identidade nacional e geo-política;
3. O sistema político será uma monarquia, “um rei irá reinar”;
4. Israel estará na Terra Prometida;
5. As fronteiras corresponderão às promessas feitas a Abraão e David;
6. Israel terá um lugar especial entre as nações no Reino milenar;
7. Contudo, Israel permanece espiritualmente parte da Igreja;
8. Haverá uma prosperidade nacional que causará a admiração do mundo;
9. As profecias do Velho Testamento não devem ser tratadas de forma não literal.

Pessoalmente, ao fazer esta pesquisa sobre as convicções deste grande pregador baptista, fui extremamente abençoado e motivado a dar graças a Deus por ter levantado no meio do Seu povo homens desta estatura espiritual e de tão profundo conhecimento e revelação bíblicos!
Shalom!

Fonte: http://shalom-israel-shalom.blogspot.pt/2012/12/charles-spurgeon-acreditava-no-regresso.html