Homem justo, rei justo.

Homem justo, rei justo.

Salmos 1 e 2

Desde a minha infância fui ensinado a recitar e memorizar o Salmos 1, certamente uma das preciosidades que me foi ensinada e tem servido como bússola desde então. Mesmo tendo-o lido numa tradução que apresenta seus desafios devido a diferença das construções gramaticais, fui muito beneficiado com seu ensinamento. Portanto tenho grande apreciação pelo mesmo. Mas me restou a pergunta: E se eu o tivesse lido no original, quais teriam sido os benefícios? Fiz esse exercício e quão grande foi o meu deleite! Neste artigo eu partilho a resposta à aquela pergunta.

Nas línguas ocidentais usamos parágrafos, pontuação e sintaxe para ordenar e expressar nossas ideias. No hebraico antigo a “gramatica” era ordenada com posição de ideias, organizada em pequenos blocos que se tornava muito mais fácil memorizar, devido a sua estrutura lógica. Outro ponto diferencial relevante é nós que codificamos ideas e compilamos em livros com índice e páginas, enquanto o hebraico antigo era escrito em pele de animais guardados em forma de rolos. Esse processo era custoso e lento. Poucos tinham acesso aos rolos.

Como não havia abundância desse material pronto para ser escrito, parágrafos e espaço entre as linhas seria uma perda de recursos. Portanto as palavras eram escritas em seguida, sem nenhuma pontuação. Foi daí que surgiu a necessidade de dividir o texto em ideias, em vez de seguir uma estrutura gramatical complexa. O texto dividido em blocos e contraste de ideias ajuda a absorvê-lo melhor. Surge, assim, o acróstico inteligente em forma quiástica. Quiástica vem de quiasmo, que consiste em uma estrutura onde o primeiro elemento corresponde ao último elemento da poesia; o segundo, corresponde ao penúltimo; o terceiro corresponde ao antepenúltimo, etc.. até chegar ao centro onde não há mais correspondência e a mensagem central da poesia é encontrada.

Abaixo o texto apresentado na sua forma original de forma Quiástica:

Quiasmo
O Texto apresentado na sua forma original no quiasmo:
Como os salmos eram dividido por ideias, não em sintaxe, ao lermos o salmos 1 e 2 concluímos que eles, na verdade são temáticos. O salmos 2 é a continuação do salmos 1, expandindo o tema da retidão pessoal até a esfera pública.

Vejamos como funciona:
Salmos 1 – âmbito pessoal.Salmos 1

Portanto, a ideia principal é: D. “as suas folhas não cairão” Salmos 1:3c .
Idea central: serão sustentados.
Por que? Os justos ou retos serão sustentados porque meditam e consideram a lei do Senhor de dia e de noite, em contraste com os ímpios que são como a moinha, formosa e pomposa, mas qualquer vento das tempestades da vida os espalham e destroem. Salmos 1 tenta ditar para o homem comum como viver sua vida e repelir o mal em seu meio.

Salmos 2 – âmbito público.

Salmos 2

Portanto a ideia principal é:
C. “O Senhor me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei.” Salmos 2:7 .
Idea central: O Senhor sustenta os Seus. Por que? Os justos serão sustentados porque: “… ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião.” Salmos 2:6.
A escolha do Senhor ao seu “ungido” é baseada na escolha prévia do individuo de seguir seus mandamentos: “Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.” Salmos 1:2

Salmos 2 aborda as nações como um todo. Então podemos concluir que minhas escolhas no âmbito pessoal são refletidas na esfera pública. O homem reto que escolheu meditar e andar nos caminhos do Senhor será um bom líder e governante do seu povo. Salmos 2 começa com as pessoas confiando em si mesmas, “coisas vãs”, em suas próprias capacidades, inteligência e altivez, expandido para os governantes. Ele termina com um convite à retidão, uma admoestação a andar nos caminhos do Senhor, ponderar a sua Lei e só assim eles serão abençoados, assim como as nações. Caso contrário, serão destruídos pelas sua próprias escolhas, vãs filosofias e ideologias. O alerta fica para aqueles que querem provar o sustento do Senhor (Salmos 1) durante as vicissitudes da vida e querem provar da benção de uma vida plena, ao cumprir os mandamentos do Senhor, que não são pesados, estão ao nosso alcance, e o Seu cumprimento traz vida. (Deuteronômio 30:11-15). Salmos 2 é na verdade a continuação do Salmos 1 e deveriam ser lidos em paralelo.
O Salmo 2 termina alertando que os governantes que não atentarem às palavras do Senhor, vão acabar sendo destruídos.

Adivalter De Assis

HALLOWEEN – Dia das bruxas e dia finados, qual a relação?

HALLOWEEN – Dia das bruxas e dia finados, qual a relação?


HALLOWEEN – Dia das bruxas e dia de finados.

INTRODUÇÃO: Qual seria a necessidade de um estudo sobre o Halloween se esta é uma festa americana e de alguns países europeus?
Apesar desta festividade não ser muito conhecida pela maioria das pessoas no Brasil, ela vem ganhando um grande espaço em nossa cultura através de escolas primárias, escolas de inglês, TV, clubes, etc.

O QUE SÃO AS FESTAS DE HALLOWEEN? O Halloween acontece nas noites próximas do dia 31 de Outubro que são geralmente celebradas com festas a fantasia, fogueiras e com crianças fantasiadas de monstros, fantasmas, bruxas, etc., saindo de casa em casa pedindo doces (brincadeira de “trick or treat”, “travessuras ou doces”). Hoje, Halloween é um dia importante para os lojistas americanos. É uma noite em que “as pessoas decentes se tornam exibicionistas ultrajantes”. Sessenta por cento de todas as fantasias são vendidas a adultos. No dia 31 de outubro, uma em cada quatro pessoas com idades que variam de dezoito a quarenta anos vestem algum tipo de fantasia representando certo personagem. Para os se declaram psíquicos, bruxos, clarividentes e visionários, este é o dia mais agitado do ano. As editoras que publicam livros que vão desde astrologia até bruxaria registram um aumento colossal nas vendas. Salém, no Estado de Massachusetts, sede da bruxaria norte-americana, celebra na época do Halloween, o “festival da assombração”, assim expandindo a temporada de verão.

SIMBOLISMO E SUAS ORIGENS: Definição: “Halloween” é uma palavra do Inglês antigo que significa “santo”, e “e’en” também de origem inglesa significa “noite”, então o significado é “Noite Santa” ou “All Hallows Eve”, “Noite de Todos os Santos”. O dia 31 de outubro não é uma escolha por acaso. No calendário celta, este é um dos quatro principais dias de descanso das bruxas, os quatro dias de “meio trimestre”. O primeiro, 2 de fevereiro, conhecido como Dia da Marmota, honrava a Brigite, a deusa pagã da cura. O segundo, um feriado de maio chamado Beltane, era entre os bruxos, o tempo de plantar. Neste dia os druidas executavam ritos mágicos para incentivar o crescimento das plantações. O terceiro, uma festa de colheita em agosto, era comemorado em honra ao deus sol, a divindade brilhante, Lugh. Esses três primeiros dias marcavam a passagem das estações, o tempo de plantar e o tempo de ceifar, bem como o tempo da morte e ressurreição da terra. O último, Samhain, marcava a entrada do inverno. Nesse tempo, os druidas executavam rituais em que um caldeirão simbolizava a abundância da deusa. Dizia-se que era tempo de “estado intermediário”, uma temporada sagrada de superstição e de conjurações de espirito. SAMHAIN (palavra de origem celta para designar “O Senhor da Morte”). Para os druidas, 31 de outubro era a noite em que Samhain voltaria com os espíritos que morreram naquele ano para possuir o corpo dos vivos. Assim, nesse dia, faziam a comemoração apagando todas as luzes da casa, acendiam enorme tochas e usavam roupas feitas de peles de bichos para espantar os espíritos. Eles precisavam ser apaziguados ou agradados; caso contrário, os vivos seriam ludibriados. Acendiam-se enormes fogueiras nos topos das colinas para afugentar os espíritos maus e aplacar os poderes sobrenaturais que controlavam os processos da natureza. Com a imigração de aproximadamente 4.5 milhões de Irlandeses para os Estado Unidos entre os anos 1820 e 1930, esses introduziram o costume das festa de Halloween. No final do século passado, esse costume se tornou popular. Era oportunidade de infligir danos às propriedades e consentir que se praticassem atos diabólicos não tolerados noutras épocas do ano. A Igreja Católica celebrava originalmente o “Dia de Todos os Santos” no mês de maio e não no dia 1 de novembro como é feito atualmente. O Papa Gregorio III, em 835, tentando apaziguar a situação nos territórios pagãos recém conquistados no noroeste da Europa, permitiu-lhes combinar o antigo ritual do “Dia de Samhain” ou “Vigília de Samhain” (No Brasil, A Igreja Católica usou o mesmo método com os deuses africanos e os santos da igreja no tempo da escravidão). No Panteão de Roma (Pantheum em grego, Pan = muitos, Theum = templo, templo de muitos deuses), templo edificado para adoração de uma multiplicidade de deuses, foi transformado em igreja em 14 de Maio de 609 pelo então papa Boniface IV. Os cristãos celebravam ali o dia dos santos falecidos no dia posterior ao que os pagãos celebravam o dia de seu Senhor dos Mortos. Mas a palavra final nessa mudança de dadas foi pelo papa Gregório IV que introduziu a festa de “todos os santos” no calendário romano, tornando assim universal a dada de 1 de novembro, transferido de 31 de outubro para 1 de novembro. Pouco mais de um século após introduzir o dia de “todos os santos”, a Igreja católica determinou que seria melhor comemorar o “dia dos mortos” logo após o dia de “todos os santos”, sendo assim 2 de novembro o tão conhecido “dia de finados” quer dizer mortos. Uma sequência natural à celebração dos mortos ou “honra a alma do morto”. Numa clara evidência do sincretismo religioso que tem se expandido em todo o mundo nos últimos dois mil anos.

Elementos da Festa da Bruxas:

1- DRUIDAS Estes eram membros de um culto sacerdotal entre os celtas na antiga França, Bélgica, Espanha, norte da Itália, Inglaterra e Irlanda que adoravam deuses semelhantes aos dos gregos e romanos, mas com nomes diferentes. Pouco se sabe sobre eles, pois os sacerdotes passavam seus ensinamentos apenas oralmente jurando e fazendo jurar segredo. Algumas práticas porém são conhecidas, eles moravam nas florestas e cavernas, e diziam dar instruções, fazer justiça e prever o futuro através de vôo de pássaros, do fogo, do fígado e outras entranhas de animais sacrificados. Os druidas também ofereciam sacrifícios humanos e tinham como sagrados a lua, a “meia-noite”, o gato, o carvalho, etc. Os druidas foram dizimados pelos romanos na França e Inglaterra antes do final do primeiro século, mas continuaram ativos na Irlanda até o quarto século.

2- BRUXAS E FANTASMAS Os antigos druidas acreditavam que, na noite de 31 de outubro, bruxas, fantasmas, espíritos, fadas, e duendes saiam para prejudicar as pessoas.

3- LUA CHEIA, GATOS E MORCEGOS Acreditava-se que a lua cheia marcava a época de praticar certos rituais ocultos, que as bruxas podiam transferir seus espíritos para gatos e que toda bruxa tinha um gato. O gato era tido como “um espírito familiar”, por superstição e muitos eram mortos quando se suspeitava ser uma bruxa. Os druidas também tinham os gatos como animais sagrados, acreditando terem eles sido seres humanos transformados em gatos como punição por algum tipo de perversidade. Representavam portanto seres humanos encarnados, espíritos malvados, ou “espíritos familiares” das bruxas. A cor do gato originalmente não era um fator importante. O morcego, por sua habilidade de perseguir sua presa no escuro e ter hábitos noturnos, adquiriu a reputação de possuir forças ocultas e de ser demoníaco e também por possuir características de pássaro, que para o ocultismo é símbolo da alma. Assim, surge a crença, no período medieval, de que demônios transformavam-se em morcegos.

4 – CABEÇAS DE ABÓBORA (“JACK-O-LANTERNS”) A lanterna feita com uma abóbora recortada em forma de “careta”, veio da lenda de um homem notório chamado Jack, a quem foi negada a entrada no céu por sua maldade, e no inferno por pregar peças no diabo. Condenado a perambular pela terra como espirito até o dia do juízo final, Jack colocou uma brasa brilhante num grande nabo oco, para iluminar-lhe o caminho através da noite. Este talismã, representada hoje por uma abóbora, simbolizava uma alma condenada.


5- “TRAVESSURAS OU DOCES – “TRICK OR TREAT”
Na cultura celta havia uma crença de que para se apaziguar espíritos malignos, era necessário deixar comida para eles. Esta prática foi transformada com o tempo e os mendigos passaram a pedir comida em troca de orações por qualquer membros mortos da família de quem lhe dava esmola. Também neste contexto, havia na Irlanda a tradição, que um homem conduzia uma procissão para angariar oferendas de agricultores, a fim de que sua colheitas não fossem amaldiçoadas por demônios. Uma espécie de chantagem, que daí deu origem ao “travessuras ou doces” “Trick or Treat”.

6- AS MÁSCARAS E FANTASIAS As máscaras têm sido um meio de supersticiosamente afastar espíritos maus ou mudar a personalidade do usuário e também de comunicação com o mundo dos espíritos. Acreditava-se enganar e assustar os espíritos malignos, quando vestidos com máscaras. Também em outras culturas pessoas tem usado máscaras para assustar demônios que acreditavam trazer desastres como epidemias, secas, etc. Grupos envolvidos com magia negra e bruxaria também usam máscaras para “criar uma ligação” com o mundo dos espíritos.

7 – AS FOGUEIRAS A palavra inglesa para fogueira é “Bonfire”. Alguém pode até pensar que quer dizer “fogo bom”, mas na verdade vem de “Bone” (osso) + “Fire” (fogo). Nas celebrações da “Vigília de Samhain” nos dias 31 de outubro, os druidas acreditavam poder ver boas coisas e mal agouros do futuro através do fogo. Nestas ocasiões, os druidas construíam grandes fogueiras com cestas de diversos formatos e queimavam vivos prisioneiros de guerra, criminosos e animais. Observando a posição dos corpos em chama, eles diziam ver o futuro. Mais tarde, mulheres, crianças, filósofos e cientistas foram “assados” vivos por católicos, calvinistas e luteranos.

8 – AS CORES LARANJA E PRETA As cores usadas no Halloween, o laranja e o preto, também tem sua origem no oculto. Elas estiveram ligadas a missas comemorativas em favor dos mortos, celebradas em novembro. As velas de cera de abelha tinham cor alaranjada, e os esquifes eram cobertos com tecidos pretos.

9 – FEITIÇARIA NO PASSADO Não só os católicos cometeram as atrocidades da Santa Inquisição, mas também os seguidores de Lutero, durante a selvagem perseguição aos anabatistas, e os calvinistas em sua feroz intolerância, promoveram barbaridades e injustiças com a desculpa de estarem em “Guerra Santa”. Acreditava-se que mulheres com poderes de feitiçaria podiam lançar aos seus vizinhos toda espécie de sorte maléficas, como morte de gado, perda de colheita, morte de filhos, etc. Segundo a tradição, o poder mais pernicioso de tais bruxas era de tornar seus maridos cegos a respeito da má conduta de suas esposas e de fazer com que as chamadas feiticeiras gerassem filhos idiotas ou aleijados. Como a caracterização de bruxas era a de velhas megeras desdentadas com hábitos excêntricos e fofoqueiras, que se dizia possuir língua venenosa. Em 1692, nos EUA, na cidade de Salem, muitas mulheres foram mortas simplesmente por possuírem algumas destas características. Tamanha era a barbárie que ter um filho com alguma deficiência já caracterizava a mãe como bruxa ou feiticeira. Na Europa, a figura de feiticeira era a de “uma moça linda e perversa”, e grande número de adolescentes e jovens mulheres casadas foram mortas na Alemanha e França. As primeiras perseguições ocorreram no séc. XIII e depois em 1484 com a Santa Inquisição. O papa Inocêncio II recomendava que seus os inquisidores torturassem até obter provas que elas eram bruxas. Durante a Revolução Protestante essa caça assumiu proporções absurdas. Lutero aconselhava que se matasse feiticeiras com menos consideração e misericórdia do que se tinha com criminosos comuns. Sob o comando de Calvino em 1545, 34 mulheres foram queimadas ou esquartejadas (vivas) sob acusação de serem ou praticarem feitiçaria. Mulheres, moças e até crianças eram torturadas com agulhas enfiadas sob suas unhas, assando-se os pés em fogueiras ou esmagando-se as pernas sob grandes pesos “até que a medula espirrasse dos ossos”, tudo isso para obriga-las a confessar “orgias repelentes com os demônios”. O ápice desta histeria ocorreu no final do séc. XVI onde o número de vítimas pode ter chegado a 30 mil. Durante essa época em cidades alemãs mais de 900 mulheres foram mortas num só ano, não restando uma só mulher em algumas cidades. Até pessoas celebrizadas por nós defendiam que pessoas fossem mortas sob simples suspeita de feitiçaria.

O HALLOWEEN HOJE  O Halloween tem outros aspectos negativos além de sua herança pagã arraigada na bruxaria e sua ênfase sobre o diabo e as trevas. Alguns vândalos estão mais interessados em brincadeiras de mau gosto do que em festas. Todavia, tais associações com o mal não indicam que os pais que permitem que seus filhos participem dessas celebrações do Halloween estejam a par de suas ramificações históricas. Mas seria difícil achar alguma virtude nos festejos do Halloween pois seu simbolismo envolve demônios, fantasmas, morte, trevas, esqueletos, medo e terror.

O QUE A BÍBLIA DIZ:

O que Deus pensa dessa práticas e seus praticantes:
Deut.18:9-14
“9 Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações.
10 Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro;
11 Nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos;
12 Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti.
13 Perfeito serás, como o Senhor teu Deus.
14 Porque estas nações, que hás de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém a ti o Senhor teu Deus não permitiu tal coisa”

Isaías 8:19
19 Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?

Levítico 19:26, 31
26 Não comereis coisa alguma com o sangue; não agourareis nem adivinhareis
31 Não vos virareis para os adivinhadores e encantadores; não os busqueis, contaminando-vos com eles. Eu sou o Senhor vosso Deus.

Levítico 20:6-8
6 Quando alguém se virar para os adivinhadores e encantadores, para se prostituir com eles, eu porei a minha face contra ele, e o extirparei do meio do seu povo.
7 Portanto santificai-vos, e sede santos, pois eu sou o Senhor vosso Deus.
8 E guardai os meus estatutos, e cumpri-os. Eu sou o Senhor que vos santifica
.

Levítico 20:27
27 Quando, pois, algum homem ou mulher em si tiver um espírito de necromancia ou espírito de adivinhação, certamente morrerá; serão apedrejados; o seu sangue será sobre eles.

Romanos 12:2
2 E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus

Gálatas 5:19-21
19 Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia,
20 Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,
21 Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus

Efésios 6:12
12 Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.

Apocalipse 21:8; 22:15
8 Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos que se prostituem, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.

Apocalipse 22:15
15 Mas, ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira.

REFLETINDO Existe algo de ruim nisto? Quer dizer que esta simples festividade com pessoas e crianças se fantasiando, pedindo doces é um remanescente de antigas práticas de magia negra, culto aos mortos e outras coisas sinistras?

TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES Nos Estados Unidos foram proibidas as orações públicas. O princípio do secularismo tirou das escolas a celebração do Natal. Mas o Halloween permanece. O abrigo de gatos de Chicago tem uma procura muito grande de gatos pretos durante os festejos de Halloween. Temendo que os gatos estivessem sendo usados em rituais macabros pelos que se auto-proclamam bruxos, a Sociedade Protetora de Animais excluiu a adoção durante essa temporada. No Brasil e no mundo estão aparecendo pessoas se auto-intitulando bruxos.Simbolismo apenas? Pense em alguns símbolos e analise-os. Há algum significado? Há alguma importância? Há alguma influência? Devemos acolher tais festividades? Deve um crente participar de tais festividades?

Autor: Adivalter De Assis

BIBLIOGRAFIA: 

BURNS, E. M., Western Civilizations, Their History and Their Culture, W. W. Norton & Co. Inc., New York, 1968.ANKERBERG, J., Weldon, J., The Facts on Halloween: What Christians Need to Know. Harvest House, Oregon, 1996.
PHILLIPS, P., Robie, J., H., Halloween and Satanism. Starburst, 1987.
HURT, R., The History of Halloween and the Word of God, not published (?).
MARGADONNA, S., Halloween Oct. 31: What’s It All About?, not published (?).
PHILLIPS G., Halloween: What It Is From a Christian Perspective, not published, Bay View Church, Alabama:

Que o Senhor Reine!

Que o Senhor Reine!

A todo o momento somos desafiados a fazer escolhas, afinal a vida é feita de escolhas seja na esfera pessoal ou coletiva. Enquanto na nossa nação somos guiados por um sistema democrático, na nossa esfera pessoal somos chamados a servir, num sistema teocrático.
A palavra “democracia” tem origem do grego, e vem de “Demokratia”, sua versão em latim era “Democratia”. O termo tem em sua base duas palavras gregas: DEMOS, que significa “povo” e KRATOS “Domínio, poder”, o que nos traz o significado de “poder do povo” ou “governo do povo”. A democracia, de entre muitos outros sistemas de governo, parece ser o menos nocivo ao indivíduo na esfera pessoal, apesar de ter suas limitações.

Em contraste, a palavra Teocracia, com origem também no grego, é a junção do grego “theos” que significa D-us e “kratein” que significa governar, então um governo regido por D-us.

A vontade da maioria do povo tem suas complicações. O próprio Messias divino foi entregue à morte pela vontade da maioria, do mesmo modo que a tentativa de implementar um governo teocrático se mostrou falho através da história. A chamada democracia optou por matar um inocente e soltar um ladrão (Mateus 27:20); o povo, manipulado pelos líderes, gritou: “Solte Barrabás! Condene Jesus!”

Voltando a origem do homem, antes do pecado entrar no mundo, vemos que havia uma harmonia onde o homem decidia o que fazer debaixo do domínio do Senhor. Nessa liberdade de decisão havia também a possibilidade até de desobedecer. Da mesma forma, hoje, no “pós queda”, somos confrontados por escolhas. O Senhor, ao criar o universo e a terra como habitação para o homem, deu-lhe a escolha de servi-lo livremente ou escolher o seu próprio caminho. Devemos notar que toda a terra estava sujeita ao domínio do homem, mas o Senhor tinha separado um jardim e uma árvore que era do domínio Dele somente. Ao fazer isso, Ele estava dizendo: 99.9% é para você desfrutar, viver e ser feliz, mas esse 0.01% é do meu domínio e você precisa respeitá-lo. Essa árvore chamava-se “a árvore do bem e do mal”.

Se voltarmos um pouco mais no relato da criação, vemos que D-us criava algo e declarava: “Isso é bom”. De facto, existem 7 (perfeições) declarações em Gênesis 1, usando a palavra “bom”, (Tov, em hebraico), que também significava “bem”. Declarar o “bem” e o “mal” era uma prerrogativa da autoridade divina. A realidade de como as coisas deviam ser definidas se originava Nele. Ao pôr a árvore do “bem e mal” no meio do jardim Ele dá a escolha ao homem para viver dentro da realidade proposta e criada por Ele, ou criar a sua própria realidade.

A tentação da serpente é: “e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal (Gênesis 3:5), sugerindo que homem teria a capacidade de decidir o que é “bem e mal”; não precisaria de D-us para isso. Ele poderia, de fato pode torcer a realidade e criar a sua própria sem D-us, a prerrogativa passa ser dele. Ao escolher comer dessa árvore há a possibilidade do homem nomear e determinar o que passa a ser o bem e o mal; se comer poderá declarar (como D-us) o certo e o errado. O homem pensou: Por que não ter 100% do domínio, ditar as regras e ser senhor do meu próprio destino? Se posso ter 99.9%, por que não ter o outro 0,01% também? Essa foi a tentação: querer dominar tudo, ter o que não lhe é permitido, passar dos limites, redefinir a realidade seus meus próprios olhos: “Agora eu defino o que é “TOV”, não preciso de D-us para fazer isso por mim”.

Assim como Adão e Eva, somos na esfera pessoal, diariamente confrontados com essa mesma escolha, pós queda. Agora que somos conhecedores do “bem e do mal” podemos render nossas escolhas para fazer o bem “TOV – טֽוֹב” ou o mal “RA – רָע “ .

Enquanto o voto democrático tem suas limitações, manipulações e inúmeras falhas; na esfera pessoal, podemos render nosso poder de decisão aos padrões que D-us estabeleceu para que vivamos uma vida plena e realizada. Na verdade não é difícil escolher o bem e não é impossível aplicá-lo, o Senhor declara:
11 Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não te é encoberto, e tampouco está longe de ti.
12 Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos?
13 Nem tampouco está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar, para que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos?
14 Porque esta palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires.
15 Vês aqui, hoje te tenho proposto a vida e o bem, e a morte e o mal; (Deuteronômio 30:11-15).

Portanto internamente devemos tentar viver uma “teocracia”, onde D-us governa; consequentemente, haverá um impacto no exterior que será transformado pelas nossas boas escolhas.

Devemos escolher:
1- A vida sobre a morte: A vida é um presente de D-us, só Ele pode criar só Ele pode tirar. Gen 9:6, Salmos 36:9 Toda vida humana é muito importante, até mesmo a de um bebê na barriga da mãe. Por isso, tirar de propósito a vida de um bebê que ainda não nasceu é o mesmo que assassinato. “Se alguns homens pelejarem, e um ferir uma mulher grávida, e for causa de que aborte, porém não havendo outro dano, certamente será multado, conforme o que lhe impuser o marido da mulher, e julgarem os juízes. Mas se houver morte, então darás vida por vida”. (Êxodo 21:22,23)
O Senhor nos propõe:
19 Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, Deuteronômio 30:19
Quem nos deu a autoridade de determinar se um inocente viva ou morra? Essa prerrogativa pertence só ao autor da vida.

2- A honestidade sobre o roubo: Honestidade é falar a verdade, vivendo de maneira íntegra.
O que é verdade? Quando ações e palavras são harmonizadas, andam juntas.
Deus se agrada da honestidade porque ele é o D-us da verdade e odeia a mentira. Deus abençoa quem é honesto. O honesto ganha a confiança de outras pessoas e faz a comunidade prosperar. O salmista escreveu:
Senhor, quem habitará no teu santuário?
Quem poderá morar no teu santo monte?
Aquele que é íntegro em sua conduta e pratica o que é justo; que de coração fala a verdade e não usa a língua para difamar; que nenhum mal faz ao seu semelhante e não lança calúnia contra o seu próximo; (Salmos 15:1-3)

3- A fé sobre a dúvida: Fé, ou “emuná” (em Hebraico) tem mais haver com a fidelidade do que crença. Enquanto crença é aderir a um tipo de ensinamento ou filosofia previamente postulada, a fidelidade é ser fiel a uma aliança/contrato estabelecido. Portanto, tenho fé quando aceito essa aliança feita, sou fiel aos seus termos (essa aliança foi feita entre D-us e os homens através de Sua interação com o povo de Israel), e tento viver nesses princípios. A dúvida é corrosiva à nossa fé, e traz caos à vida humana, nunca estando seguro do que é certo ou errado, relativizando os princípios e se reduzindo aos seus desejos e impulsos. Com a relatividade dos princípios tudo que desejo passa a ser o “certo”, o grande ego está no controle, eu domino os 100%! Quem precisa de D-us?

4- D-us e não o estado: O escritor inglês G. K. Chesterton, (1874-1936) disse: “não há problema em não acreditar em Deus; o problema é que quem deixa de acreditar em Deus começa a acreditar em qualquer outra bobagem, seja na história, na ciência ou sem si mesmo, que é a coisa mais tola de todas. Só alguém muito alienado pode acreditar em si mesmo.” Aqueles que rejeitam a ideia de D-us e a criação acabam acreditando em qualquer coisa; no vácuo muitos tentam substituir D-us pela imagem do estado, porque o mesmo, às vezes, se propõe como provedor de alimento, organizador do caos humano e promovedor da “felicidade” humana, mas isso é uma farsa. A própria história recente já mostrou que quando o estado tenta calçar as botas de D-us as consequências são terríveis; normalmente, se termina com milhares esmagados pelas botas da intolerância humana. O estado tem sua função estabelecida por D-us para boa governança mas o mesmo nunca poderá substituí-lo e precisa estar sujeito às Leis divinas. Toda vez que se tenta substituir leis divinas por filosofias humanas (humanismo), acaba-se em desastre. O humanismo começou no jardim do Éden, onde o homem tentou ser o centro do universo, e até hoje sofremos suas consequências.

Enfim, ao fazer a suas escolhas, seja no âmbito pessoal ou comunitário, considere O Senhor, em todas as coisas; seus princípios e seus mandamentos. Certamente, as suas escolhas internas vão afetar a sua comunidade e o seu país. Que Ele lhe dê sabedoria para viver uma vida plena sem nunca se esquecer que ele é o autor e consumador da vida e só a Ele devemos nossa lealdade (fé).

Adivalter De Assis

Marta e Maria em seu contexto.

Antes de qualquer interpretação bíblica precisamos entender o seu contexto geográfico, linguístico, cultural e espiritual, só assim estaremos aptos em adaptar a passagem ao nossos dias e consequentemente as nossas vidas.

Primeiramente, é do interesse do leitor notar que o texto que temos em mãos passou por varias transformações que se forem ignoradas poderão resultar numa interpretação equivocada.  Ressalto algumas dessas considerações:

1- Contexto histórico: Antes de Mateus, Marcos e Lucas seus livros a maior parte das histórias originais estavam separadas por tópicos, essa é a conclusão que o linguista e pesquisador Robert L. Lindsey [1917-1995] chegou após anos de dedicação ao estudos dos evangelhos sinópticos. Esse pequeno relato de Marta e Maria fazia parte de um texto bem maior, com ao passar dos anos ficou disperso entre os 3 evangelhos. Lindsey usando técnicas linguisticas e temáticas põe o texto de Marta e Maria dentro do seu context original encontrados em  Lucas 10:38-42, Mateus 6:25-34 = (Lucas 12:22-31) Lucas 12:16-20 e Lucas 16:19:31.

Lucas 10:38-42

38 E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa;

39 E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra.

40 Marta, porém, andava distraída em muitos serviços; e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude.

41 E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa (preocupada) e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária;

42 E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.

Mateus 6:25-34

25 Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos (preocupado) quanto à vossa vida (alma), pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida (alma) mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?

26 Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?

27 E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados (preocupação), acrescentar um côvado à sua estatura?

28 E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam;

29 E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.

30 Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?

31 Não andeis, pois, inquietos (preocupados), dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?

32 Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;

33 Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.

34 Não vos inquieteis (preocupados), pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.

Lucas 12:16-20 e  Lucas 16:19-31

2- Contexto Cultural: Os rabinos do primeiro século viajavam de cidade em cidade ensinando a Lei de Moises (Torá e os livros proféticos), essas viagens poderiam durar alguns dias ou até meses. Jesus, um rabino típico do primeiro século ensinava de povoado em povoado e se hospedava na casas dos seus seguidores/discípulos contando com a bondade e hospitalidade dos mesmos, a lei de Moises proibia o recebimento de dinheiro ou pagamento pelo ensino da escrituras (Torá e os profetas). Os ensinamentos eram esporádicos e propositalmente relacionados com atividades do dia a dia dos seus ouvintes. 

3- Método de ensino: A forma mais usada e eficaz de ensino no primeiro século era o uso de parabolas em pares, razão desse uso se acha na Torá, Deuteronômio 19:15 “Uma só testemunha contra alguém não se levantará por qualquer iniqüidade, ou por qualquer pecado, seja qual for o pecado que cometeu; pela boca de duas testemunhas, ou pela boca de três testemunhas, se estabelecerá o fato.” Se tornou pratica de ensinar alguma ideia divina com uso de 2 parabolas para enfatizar a ideia. Assim como no caso de José do Egito, ele teve 2 sonhos paralelos para confirma a sua veracidade. 

4- Problemas na tradução: Consideremos que os sinópticos originais foram escritos em Hebraico e não Grego, como comumente aceito pela maioria. Existem evidencias irrefutáveis que comprovam o caso.Vou explorar esse tema em outra postagem.

5- Visão Grego/Romana vs Visão Hebraica. Na nossa cultura altamente influenciada pela lógica e visão grego/romana temos a tendencia de ler o texto bíblico com nossos óculos culturais grego/romano. A visão grego/romana sustenta a ideia do dualismo, onde tudo que é espiritual é bom e tudo que é material é mau. Se escolho A, automaticamente excluo B.

Se quiser saber mais, leio meu artigo https://raizeshebraicas.com/2013/10/12/mente-hebraica-x-grego-romana-integra/  

Considerando esses aspectos essenciais para uma interpretação saudável, vamos lá: 

V 38 E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa;  

Apesar de o texto em Lucas não mencionar o local preciso, sabemos que isso ocorreu em Betânia de acordo com João 12:1. 

Ao viajar de povoado a povoado Jesus fazia paradas para repousar durante a noite que normalmente durava alguns dias. As viagens no oriente medio eram cheias de perigos, assaltantes, feras do campo e também era muito cansativa. As temperaturas poderiam chegar aos 45-50 graus durante o verão e abaixo de zero no inverno, o que adicionava ao desconforto de uma viajem a pé. 

V 39 E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra.

Aqui existe uma omissão ou má tradução que muda nosso entendimento da passagem, a palavra “a qual” deveriam ser traduzida por “também”, que quer dizer que tanto Marta como Maria estavam sentadas aos pés de Jesus para aprender.

“Sentar-se aos pés” é simplesmente uma expressão que quer dizer “aprender do mestre” Paulo em atos 22:3 usa essa expressão para identificar seu mestre “Quanto a mim, sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, e nesta cidade criado aos pés de Gamaliel, instruído conforme a verdade da lei de nossos pais, zelador de Deus, como todos vós hoje sois.”

Isso é uma reminiscência do ditado judaico no m. ʻAbot 1: 4: “Que a tua casa seja uma casa de reunião para os Sábios (rabinos/metres) e sente-se no meio do pó dos seus pés e beba as suas palavras com sede”.

V-40: Marta, porém, andava distraída em muitos serviços; e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude. 

Maria está se esquivando de suas responsabilidades de ajudar a irmã? Na cultura de Jesus, deveres domésticos eram considerado parte da responsabilidade somente das mulheres. Aprender a Torá (escrituras) era desaprovado. Tenho certeza de que os discípulos de Jesus esperariam que Ele ficasse do lado de Marta aqui e dissesse algo como: “Maria, sua irmã tem muito para fazer. Por que você não se levanta e a ajuda? Seria ótimo”. Mas ele surpreende todos com sua resposta.

Por que Jesus diz coisas tão absurdas? Porque Ele está ensinando. Ele está deixando uma impressão indelével e memorável na mente de Seus discípulos. Seus seguidores foram educados para considerar as responsabilidades de alguém para com a família como preeminentes. Jesus exalta a escolha de Maria mas não repreende Marta pela escolha que fez, afinal todos temos chamados distintos.

V-41 E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária;

Em Lucas 10:5-6 Jesus prescreve hospitalidade para discípulos viajantes.  “E em qualquer casa onde entrardes, dizei primeiro: Paz seja nesta casa. E, se ali houver algum filho de paz, repousará sobre ele a vossa paz; e, se não, voltará para vós.”

Parece contraditório que Jesus não recebesse bem a diaconia (diakonia = serviço em Grego) de Marta. Em João 12:2 Marta é exaltada pelo serviço prestado “Fizeram-lhe, pois, ali uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele.”

Em João 12:26 Jesus ensina a importância do serviço aos outros e ao Senhor,  “Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará.” 

Toda sua vida se resumia ao serviço aos outros, Ele com frequência se mostrava como um servo. Vemos isso em Lucas 22:27 “Pois qual é maior: quem está à mesa, ou quem serve? Porventura não é quem está à mesa? Eu, porém, entre vós sou como aquele que serve.”

Lendo esses textos acima fica difícil de acreditar que Jesus por algum momento diminuiu os esforços de Marta. O serviço de Marta não é avaliado negativamente em nenhum outro texto Lucas. Essa história poderia realmente ser sobre zelo exagerado Martha? 

V-42 E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada. 

Jesus responde a Marta: “Maria escolheu Grego – agatha (boa parte)”. Esta palavra não precisa ser traduzida como “melhor ou excelente”. Pode significar simplesmente “bem”. Jesus está dizendo que Maria escolheu o “bem” e não vai tirar Maria de sua atividade para voltar ao povoado para ajudar Marta. Neste momento, Jesus só confirma a validade da escolha de Maria.

Vale a pena notar que era culturalmente reprovável uma mulher “sentar aos pés do rabino” e aprender direto de um rabino. Normalmente o rabino ensinava ao esposo e o mesmo ensinava a mulher. Como Jesus quebrou muitas barreiras culturais, essa oportunidade de aprender diretamente do rabino foi imperdível para Maria que com essa ação quebrou muitas barreiras culturais. 

Para o Judeu do primeiro século o fato de Jesus ter dito “Maria escolheu a boa parte” não exclui o bom trabalho de Marta, não existe tensão na sua afirmação. Visão Hebraica. Entretanto nossa visão Grego/Romana não deixar espaço para a tensão, a mentalidade Grego/Romana eleva a dualidade, exemplo preto ou branco, material ou espiritual etc.. Já a mente Hebraica vive muito bem com o holismo, pode não ser preto ou branco mas sim cinza, não é nem material nem espiritual mas sim um conjunto dos dois e ambos podem ser bons ou ruins dependendo de como se aplica. 

Jesus reconhece o trabalho valioso de Marta e a escolha de Maria, sem excluir ninguém. Esse episódio não foi isolado, provavelmente Jesus ficou por alguns dias na casa de Marta e Maria. Possivelmente Maria teve a oportunidade de servir assim com Marta.

Portanto Jesus afirmou a posição, chamado, missão de Marta assim como também afirmou a posição, chamado e missão de Maria. Reconhecendo que as pessoas são diferentes, tem personalidades diferentes e chamados distintos mas todos são uteis em sua capacidade no reino. Imagine se todos fossem chamados ao ministério de ensinar, ninguém ao ministério de servir? Seria impossível de alcançar algo concreto.

Contexto do Livro:

O Evangelho de Lucas foi escrito pelo Dr. Lucas, um gentio e o único autor bíblico que não é judeu. Embora ele não fosse um apóstolo original, Lucas era um associado próximo do Apóstolo Paulo, então o Evangelho de Lucas e o Livro de Atos que ele também escreveu, sempre foram considerados “apostólicos” pela Igreja; “Apostólico” significa “dos Apóstolos” – o fato de que uma obra foi escrita por um apóstolo ou (como no caso dos Evangelhos de Marcos, Lucas e Atos) por alguém muito próximo tanto no tempo quanto no relacionamento com um apóstolo, autenticado o trabalho e foi importante em sua colocação final como escritura sagrada.

Lucas era um homem erudito – um médico – e ele era um historiador e escritor – então, podemos esperar que a escrita de Lucas seja cheia de significado e se mantenha unida e não simplesmente seja uma cadeia ou coleção de declarações desconexas. O publico de Lucas foram os gregos, incluindo judeus e gentios helenizados, que esperavam e apreciavam esse tipo de pensamento e escrita sistemáticas. Eles não estavam interessados ​​em ler versos isolados ou passagens curtas; seu lema não era “apenas me dê os fatos. Eles gostavam de ler e considerar obras inteiras para ver como as proposições e a história se mantinham juntas e para captar mensagens e temas gerais.

 

Teologia da substituição Parte 2

Teologia da substituição Parte 2

Como discutido na postagem anterior: Teologia da substituição Parte 1 – https://raizeshebraicas.com/2022/01/29/teologia-da-substituicao-parte-1/
     A teologia da substituição erra em vários pontos, primeiro por apresentar uma narrativa incompleta, depois por deturpar o caráter de D-us. A aliança feita com Abraão foi unilateral, imutável e irrevogável.
Como eram feitas as alianças na antiguidade?
     Numa era onde não existia escrita, nem papel, desenvolveu-se rituais para firmar pactos e alianças de paz, casamento, compra e venda de propriedades etc… Como acreditava-se em vários “deuses” que eram os sustentadores da ordem natural do universo e tinham o poder sobre a morte e vida tudo era feito em nome desses “deuses”. Se duas partes A e B tinham interesse em fazer um pacto ambos traziam alguns dos melhores animais do seu rebanho, os partiam ao meio e arrumavam de forma que as duas metades fizessem um corredor. Então o pactuante A passava ao meio das carcassas e recitava a parte de sua obrigação no contrato, depois o pactuante B fazia a mesma coisa, ao terminar cada um oferecia suas carcassas num altar ao seu deus.
     Esse ritual significava que se tanto parte A ou B não cumprisse sua parte do contrato ele estaria dando a autoridade a outra parte de cortá-lo ao meio como foi feito com os animais.
Tendo dito isso, vamos ver como aconteceu o pacto entre D-us e Abraão:
Gen 15:
1- D-us instrui Abraão o que deve fazer.
v9 E disse-lhe: Toma-me uma bezerra de três anos, e uma cabra de três anos, e um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho.
v10 E trouxe-lhe todos estes, e partiu-os pelo meio, e pôs cada parte deles em frente da outra; mas as aves não partiu

2- A parte de D-us no contrato.
V13 Saibas, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos.
V14 Mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza.

3- A parte de Abraão no contrato, estranhamente ele é posto para dormir por D-us e não recita sua parte da aliança.
v12 E pondo-se o sol, um profundo sono caiu sobre Abrão; e eis que grande espanto e grande escuridão caiu sobre ele.

Indicando que esse pacto seria unilateral, D-us cumpriria sua parte da aliança mas Abraão seria incapaz de cumprir, sabendo disso o pôs para dormir.
Encontramos mais detalhes dessa aliança em Gen 17:7 E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti.

A palavra chave aqui é “perpétua” em hebraico Olam (עוֹלָם), com significado em português: posteridade, para sempre, sempre, eterno, eternamente, perpétuo, existência contínua, perpétua, futuro indefinido ou interminável, eternidade. No grego, aiōn (αἰών): para sempre, uma era ininterrupta, perpetuidade do tempo e eternidade. Exemplo Hebreus 13:8 “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente (αἰών).”

Portanto a aliança feita com Abraão é definitivamente imutável, irrevogável e eterna independente das tendencias e influencias eclesiásticas, método de interpretação humano e triunfalismo gentílico. Lembrando que Paulo nos adverte em Rom 11:25
“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.”

Sim, a maior parte dos judeus rejeitaram o messias mas a aliança eterna e unilateral de D-us continua sendo valida. O evangelho só chegou a nós porque uma minoria dos judeus como os discípulos e os apóstolos foram fiéis ao Senhor e passaram a mensagem para frente chegando até nós, os gentios.

Paulo ainda nos alerta:
Rom 11:
v1 – Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum;
v2 – Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu.
v11 – Digo, pois: Porventura tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum, mas pela sua queda veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação (ciúmes).

E finalmente a exortação mais pungente:

Rom 11:18
“Não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti.”

Finalmente gostaria de lembrar que o apóstolo Paulo (seu nome grego), Saulo (seu nome hebraico) At 13:9 era um rabino e mesmo depois do encontro com o Senhor Jesus no caminho damasco, continuo a guardar o sábado (At 13:14), circuncidou a Timóteo (At 16:3) sua bíblia era o Tanak (velho testamento). Ele manteve sua identidade judaica, observava a Torá e em suas próprias palavras podemos ver que a “teologia da substituição” é uma dicotomia errônea.

A Sfalsin

Teologia da substituição Parte 1

Teologia da substituição Parte 1

     Mas o que realmente é a teologia da substituição? Basicamente é a crença que a igreja substituiu Israel com respeito as promessas e propósitos de D-us. Uma definição mais abrangente pode ser expandida da seguinte forma:
1- Há a possibilidade de judeus individualmente serem salvos aceitando Jesus como Senhor e salvador de suas vidas, mas D-us rejeitou o povo judeu como instrumento dos seus propósitos porque eles como povo rejeitaram ao messias, Jesus.
2- Ao rejeitar a Jesus, o povo judeu transgrediu as alianças que D-us fez com os patriarcas, assim D-us anulou-as.
3- A igreja substituiu Israel como o povo da aliança e propósitos, assim passando a ser o “novo Israel de D-us”
4- As promessas dadas a Israel no passado agora com a “nova aliança” são dadas a igreja.
5- O estado moderno de Israel não tem relevância especial aos acontecimentos recentes. Israel é um país como qualquer outro.

     O impacto da teologia da substituição é sutil, basta abrir a bíblia e olhar no índice onde se divide a bíblia em 2 partes, “velho” e novo testamento. O que a princípio parece inocente ao nossos olhos está carregado de um sentimento antisemita de centenas de anos de má vizinhança entre gentios e judeus. Porque velho e novo testamento? Inconscientemente assumimos que o velho já está ultrapassado portanto o novo testamento é melhor ou até mesmo superior.
     A teologia da substituição tem como raiz o orgulho de pensar que “nós” somos melhores do que “eles”, infelizmente vemos essa teologia aplicada não só em relação aos judeus mas entre as próprias denominações, onde certos grupos empossam a verdade exclusivamente e excluem os que pensam de forma diversa. Sendo assim o problema não está na teologia da substituição, mas sim no coração humano.
     Muitos teólogos que aderiram a essa teologia influenciaram grandes multidões, entre eles destaco Dr Robert Reymond um estimado teólogo dos Estados Unidos, que no seu artigo “Sword and Trowel” (A Espada e a espátula) escreve:
“todas as promessas da terra de D-us para Israel no Antigo Testamento devem ser vistas como sombras, tipologia e profecia, em contraste com a realidade, substância e cumprimento de que o Novo Testamento atesta…” e “nós cristãos, como membros do reino messiânico de Cristo, somos os verdadeiros herdeiros das promessas da terra das escrituras sagradas aqui e agora, e que também se cumprirá no futuro celestial…”
     Provavelmente você já ouviu essa mesma ideia sendo pregada dos púlpitos com diferentes nuances, eu particularmente cresci na igreja ouvindo que “nós éramos o novo Israel de D-us”. O que muitas vezes me deixou inquieto e me fez questionar tal afirmação e caráter de D-us.
     Naturalmente para chegar a essa conclusão tudo vai depender de como você lê a bíblia, sua perspectiva é hebraica ou helenística? Exploro esse tópico com mais detalhes nesse artigo: https://raizeshebraicas.com/2021/05/23/uma-questao-de-perspectiva/
Se você estiver lendo com uma perspectiva helenística provavelmente a narrativa se desenrola desta forma: D-us criou o universo, o homem pecou desobedecendo seu mandamento, então Ele no seu imenso amor ao invés de julgar o homem pelo pecado providencia o redentor Jesus, e todos os que invocarem esse nome será salvo e habitará no céu. Tem algo de errado com essa descrição? No mínimo está incompleta porque ignora a eleição de Israel como povo escolhido para abençoar as nações de todo o mundo.
     Visão hebraica: D-us criou o universo, o homem pecou desobedecendo seu mandamento, então Ele faz várias alianças com o homem através de Noé, Abraão e através dessas alianças Ele abençoa não só a Noé e Abraão mas através de seus descendentes todos os povos gentios são abençoados (Gen 12:2-3) dentro dessa provisão ele manda o redentor da linhagem de Abraão, Jesus; e todos que entrarem nessa aliança (relacionamento) continuará nesse relacionamento com Jesus no mundo por vir. Julgo que essa visão é mais completa e faz jus a bíblia do gênesis ao apocalipse.
     O problema principal da perspectiva helenística é que ignora a história de Israel como povo escolhido para trazer o salvador, Jesus. Ela vê essa história somente como uma sombra do que estava por vir, o messias, e quando o messias foi revelado essa sombra já não tem muita importância, foi cumprida e pode ser descartada. Ela se concentra num D-us universal com atributos abstratos dos filósofos platônicos como: Soberano, perfeito, onipotente, onipresente, primeira causa, fundamento do ser e as vezes até inatingível. Em constraste, D-us se revela ao homen como um D-us particular, pessoal e presente nos conflitos humanos. Esse D-us elege uma família especifica, faz dessa família um povo, se envolve em seus conflitos internos, cuida, interage, está presente todos os dias, se entristece com as más escolhas que fazem e até antecipa seus planos futuros para Abraão Gen 19:23-25 e Moisés Êxodo 32:9-10
     Essa ideia é revelada em toda a bíblia, no “velho” testamento (Tanak):
1- “Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para ser vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus” Números 15:41 , Êxodo 29:46, Levítico 11:45, Levítico 22:33,
2- “Vede agora que eu, eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e ninguém há que escape da minha mão.” Deuteronômio 32:39
3- “E ele lhes disse: Eu sou hebreu, e temo ao Senhor, o D-us do céu, que fez o mar e a terra seca.” Jonas 1:9
4- “Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há D-us; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças;” Isaías 45:5
5- “Portanto o santificarás, porquanto oferece o pão do teu Deus; santo será para ti, pois eu, o Senhor que vos santifica, sou santo.” Levítico 21:8
6- “Porque eu sou o Senhor teu Deus, que agito o mar, de modo que bramem as suas ondas. O Senhor dos Exércitos é o seu nome.” Isaías 51:15
7- “O Senhor guarda os estrangeiros; sustém o órfão e a viúva, mas transtorna o caminho dos ímpios.” Salmos 146:9
     E no novo testamento:
1- “E, acerca dos mortos que houverem de ressuscitar, não tendes lido no livro de Moisés como Deus lhe falou na sarça, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó?” Marcos 12:26
2 – Mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel; Mateus 10:6
3 – Luz para iluminar as nações, E para glória de teu povo Israel. Lucas 2:32
4 – Bendito o Senhor Deus de Israel, Porque visitou e remiu o seu povo, Lucas 1:68
5 – E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Marcos 12:29
6 – E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades. Romanos 11:26
7 – Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Efésios 2:12

     Diferentemente do D-us universal dos filósofos gregos que influenciaram os “pais da igreja” como Clemente de Alexandria (c. 150-200 d.C), Basílio “o Grande” (c. 330-379 d.C.), Justino Mártir (100-165 d.C.) e Agostinho (354-430 d.C), a visão bíblica é de um D-us particular que começa sua missão de resgate através da eleição de uma familia especifica e dá a eles mandamentos específicos para terem uma relacionamento íntimo com ele.
     A teologia da substituição erra em vários pontos, primeiro por apresentar uma narrativa incompleta, depois por deturpar o caráter de D-us. A aliança feita com Abraão foi unilateral, imutável e irrevogável, ao pôr Abraão para dormir durante a consumação da aliança (Gên 15) D-us mostrou que essa aliança seria unilateral, onde Ele manteria sua palavra da parte do contrato porque naturalmente Abraão falharia assim como sua descendência.
Conforme a teologia da substituição, porque Israel não guardou a aliança rejeitando o messias então D-us elegeu um outro povo, os gentios, para ser seu “novo” povo escolhido.
Bom, se D-us faz uma aliança unilateral e depois volta atrás, como poderia estar certo da garantia da vida eterna?

No próximo artigo vamos um pouco mais profundo no assunto.

A Sfalsin

MEIA REFORMA DE LUTERO

MEIA REFORMA DE LUTERO

Há 495 anos atrás enquanto a Europa afundava-se em seus anos negros com cultos aos mortos promovido pela festa do Halloween, Lutero se destacava como uma luz na escuridão ao pregar publicamente suas 95 teses, na porta da Catedral de Wittenberg (Alemanha). Seu apelo era por uma mudança nas práticas da Igreja Católica, e acesso as sagradas escrituras na língua do povo comum.

Ao desafiar os costumes da igreja católica e do império ele possibilitou que o povo tivesse acesso à Bíblia em sua própria língua. A principal doutrina de Lutero era contra o pagamento de penitências e indulgências aos lideres religiosos, ao descobrir lendo em Habacuque e Romanos que a salvação é pela graça somente, não por obras, houve uma profunda mudança em sua vida.

Essa ação deu origem ao que conhecemos hoje como o movimento “protestante” que sem dúvida mudou o curso da história eclesiástica, motivo de comemoração para os cristãos protestantes ou evangélicos. Infelizmente Lutero não “reformou” o suficiente e doutrinas católicas que ainda permanecem enraizadas na igreja protestante, entre algumas, tristemente destaco a “teologia da substituição” que basicamente afirma: “por causa do pecado de Israel em rejeitar Jesus, D-us rejeitou o povo judeu e elegeu um novo povo, a igreja, “o novo Israel de D-us”.

Lutero, mantenedor dessa doutrina, tentou se aproximar das comunidades judaicas ao perceber que os judeus não iriam se converter, ele se empenhou em persegui-los. No fim de sua vida ele incentivou a matança e desprezo de todos judeus que não se convertesse ao chamado “cristianismo” de Lutero. Em 1543 ele escreveu um livro chamado “Os Judeus e suas mentiras” onde ele acusa os mesmos pelo crime de ter matado o messias e por isso mereciam todo o desprezo de D-us e seus seguidores. Triste realidade!!!

Trecho do livro – Os Judeus e suas mentiras, de Martinho Lutero: “A Alemanha deve ficar livre de judeus, aos quais após serem expulsos, devem ser despojados de todo dinheiro e jóias, prata e ouro, e que fossem incendiadas suas sinagogas e escolas, suas casas derrubadas e destruídas (…), postos sob um telheiro ou estábulo como os ciganos (…), na miséria e no cativeiro assim que estes vermes venenosos se lamentassem de nós e se queixassem incessantemente a Deus”. – “Sobre os judeus e suas mentiras” de Martinho Lutero.

Espero que tenhamos um apreço pela iniciativa de Lutero mas ao mesmo tempo reconheçamos que na reforma de Lutero ainda ficaram muitos erros teológicos que precisam ser corrigidos se quisermos viver as escrituras em sua plenitude.

A Sfalsin

O que significa a palavra “benção”

O que significa a palavra “benção”

Antes de qualquer interpretação bíblica precisamos entender o seu contexto histórico, geográfico, linguístico, cultural e espiritual, só assim estaremos aptos em adaptar o texto ao nossos dias e consequentemente as nossas vidas.
Assim como muitas outras palavras usadas no vocabulário de muitos que frequentam à igreja, a palavra “benção” se tornou parte desse vocabulário sem uma definição exata ou até significativa. Muitas vezes, infelizmente, é usada de forma aleatória e esporádica levando a perda do seu real significado.
A melhor forma de entender uma palavra é voltar a sua raiz e saber o que deu sua origem, desse modo proponho explorar a palavra benção.
Uma das formas para determinar o significado de uma palavra precisamos examinar onde ela aparece pelo primeira vez, o que vai nos indicar seu sentido original. A palavra benção em hebraico é “barak” בָּרַךְ aparece nesse versículo de Gênesis 24:11

“E fez ajoelhar (“barak” בָּרַךְ) os camelos fora da cidade, junto a um poço de água, pela tarde, ao tempo que as moças saíam a tirar água.”
Essa mesma palavra aparece novamente em várias outras partes da bíblia mas é traduzido distintamente, exemplo:
1 – Bendize, (“barak” בָּרַךְ) ó minha alma, ao SENHOR! SENHOR Deus meu, tu és magnificentíssimo; estás vestido de glória e de majestade.
Salmos 104:1
2 – O Senhor te abençoe (“barak” בָּרַךְ) e te guarde;
Números 6:24

Aparentemente as palavras “ajoelhar”, “bendize” e “abençõe” não tem muito a ver uma com a outra a não ser que olharmos para seu sentido original. O hebraico diferentemente do grego é uma lingua de ação (verbos) e coisas, ele descreve um conceito originado de uma ação. Nesse caso a palavra “barak” se origina do ato do camelo se ajoelhar perante o seu mestre para que a carga, mantimentos, presentes etc.. pudessem ser carregados/descarregados. Naturalmente o camelo abaixa sua parte dianteira mas mantem a cabeça erguida fixada no mestre, esse ato indica submissão e respeito.
Assim a mesma palavra é usada pelos tradutores da bíblia nos Salmos 104:1 e Números 6:24, o entendimento é que quando “bendizemos” ao Senhor estamos na verdade nos curvando perante ele em reconhecimento e adoração pela Sua grandeza, até aqui é bem compreensivo.
O que não é claramente compreensivo é que em Números 6:24, bênção sacerdotal, diz o seguinte: “O Senhor te abençoe (“barak” בָּרַךְ) e te guarde”. O que? O sacerdote está pedindo ao Rei de todo o universo para se prostrar perante mim e me abençoar? Isso é quase impossível para concebermos, mas é o que a palavra parece indicar. D-us ao lhe abençoar, ele está de certa forma ouvindo o teu pedido, e quem somos nós para que ele se importe conosco? Ele ao se importar conosco, o Rei supremo de todo o universo, está se diminuindo “humilhando” perante nossas prece. Foi assim que Jesus fez com os seus discípulos ao lavar seus pés. Nenhum outro deus faria isso pelo homem, geralmente os outros deus exigem que você primeiro faça algo para depois lhe ajudar, nunca lhe “abençoa/ajoelha” perante você, é uma especie de troca. Só o D-us da bíblia é tão grande que é capaz de se importar com o homem e ouvir sua oração.
No Salmos 104:1 Bendize, (“barak” בָּרַךְ) ó minha alma, ao SENHOR! SENHOR Deus meu, tu és magnificentíssimo; estás vestido de glória e de majestade. O salmista claramente bendiz ao Senhor pelas maravilhas e benções recebidas Dele. É comum vermos pessoas orarem, especialmente antes das refeições dessa forma: “Senhor.. abençoe a comida…” essa frase não faz nenhum sentido apesar de sua boa intenção e sinceridade. A comida já é a benção dada pelo Senhor como forma de provisão e amor por nós, Ele não pode abençoar algo que já está abençoado. A maneira correta de orar seria: “Senhor abençoamos o teu nome pela comida…” em reconhecimento a benção dada e sua soberania, uma forma de gratidão.
Na próxima vez que desejar que alguém seja abençoado ou pedir uma benção para a sua vida, lembre-se que você estará pedindo algo extraordinário que nenhum outro D-us fará, se humilhar e responder a sua prece.

Autor: A De Assis

Qual é a diferença entre a palavra verdade e mentira em hebraico?

Qual é a diferença entre a palavra verdade e mentira em hebraico?

           O hebraico é único entre todos os idiomas, pois as próprias letras que compõem as palavras são vivas e repletas de significado, cada uma das 22 letras do alfabeto hebraico tem um significado espiritual, bem como um valor numérico que transforma a Bíblia em uma espécie de código secreto que está escondido às vistas de todos que diligentemente buscam esse conhecimento divino.
          O alfabeto hebraico começa com a primeira letra א (Alef) e termina com a última letra ת (Tav). Cada letra tem um significado que por si só traz conceitos profundos sobre a vida e como o Eterno criou o universo. Encorajo a todos a estudarem essa fonte de água viva.
A palavra verdade em hebraico é (אמת) Emet composta por 3 letras: Aleph, Mem e Tav. Sendo:
Aleph a primeira letra.
Mem a letra do meio.
Tav a última letra do.

Verdade x Mentira 1

          Quando contamos as letras do Aleph até ao meio do alfabeto chegamos ao Mem que é ​​a 13ª letra. Quando contamos as letras do fim (Tav) até ao meio do alfabeto o Mem também é ​​a 13ª letra se contarmos as letras “sofits” ou letras finais.
A própria construção da palavra nos indica sua essência e verdade, como na gematria* hebraica o Alef vale 1, o Mem vale 40 e o Tav vale 400 reflete a representação de uma proporção completa, um acréscimo de valores indicando o valor da verdade e também um equilíbrio entre o início, o meio e o fim. A verdade sempre será verdade no inicio, no meio e no fim com um acréscimo de sua veracidade a medida que afirmamos a mesmo. Notem no desenho da palavra verdade (Emet) que as letras tem 2 pontos de contato com a linha onde se escrever indicando que a verdade é firmada concretamente e ancorado em algo sólido. Veja a figura 1.

        A palavra mentira em hebraico é (שקר) Sheker, escrita em três letras: Shin, Kof, Resh.
A primeiro letra é Shin.
A segunda letra é Kof.
A terceira letra é Resh

Verdade x Mentira 2

           Novamente pela construção da palavra podemos entender a essência da palavra,
na gematria hebraica o Shin vale 300, o Kof vale 100 e o Resh vale 200 o que reflete a representação de uma desproporção, começando com um valor pretensiosamente alto e depois diminuindo e novamente aumentado, mostrando assim que a mentira começa com grande promessas (300), se torna instável (100) e tenta se equilibrar (200) entre os 2 valores antes afirmados.
Além disso, a mentira tem apenas uma perna no chão, é por isso que todas as mentiras caem porque não tem sustento e não se firma por longo tempo sobre uma perna só, demonstrando sua fragilidade e desequilíbrio, como se diz no popular “a mentira tem perna curta”, mais cedo ao mais tarde se descobre.
         Sabendo dessas verdades qual será a tua escolha?

Autor: A Sfalsin

*Gematria é o método de análise das letras em hebraico atribuindo um valor numérico definido a cada letra.

Uma questão de perspectiva.

 

 

Uma questão de perspectiva.

Na Bíblia duas civilizações se colidem em suas perspectivas e narrativas da experiência humana e em relação ao divino. Na narrativa dos gregos/romanos a máxima é a exaltação da expressão da beleza, do encanto, da admiração, o prazer por meios dos cinco sentidos e o dualismo. Em contraste, na narrativa dos hebreus a máxima é experimentar D-us através das experiencias diárias e o holismo.
Outro aspecto importante é entender que os hebreus estudavam para reverenciar ao divino, os gregos estudavam construir e acumular conhecimento. É nesse contexto cultural do primeiro e segundo século que surge os escritores do novo testamento na sua maioria esmagadora eram judeus e alguns gentios convertidos ao judaísmo. Isso quer dizer que eles podem até ter escrito em grego, mas pensavam em hebraico e lançavam não dos escrituras sagradas Tanak (Bíblia judaica) como base para expandir seus escritos e registrar os feitos do Messias.

Sem dúvida essas duas civilizações influenciam nossa cosmovisão, desejo explorar um aspecto que influi nossa perspectiva quando lemos a bíblia. Frequentemente somos ensinados que os atributos de D-us são qualidades atribuídas ao seu caráter divino e é de suma importância para qualquer cristão entendê-los. Normalmente esses atributos são divididos em 2 categorias;
1- Os atributos incomunicáveis de D-us: Onipresença, Onipotência, Onisciência, Soberania, Infinitude, Imutabilidade, Unidade, Eternidade, Asseidade etc…
2- Os atributos comunicáveis de D-us: Amor, Bondade, Misericórdia, Sabedoria, Justiça, Santidade, Veracidade, Liberdade, Paz etc…

Tipicamente com pouca variação esses atributos são ensinados na teologia sistemática cristã. Minha pergunta é: Essa é a maneira que o homem analisa, define, vê e sistematiza D-us, mas como será que D-us se revela ao homem?
É importante notar que há uma grande diferença entre a perspectiva grego/romana e hebraica. O grego está preocupado com a atribuição de valores, beleza e qualidades por isso que esses atributos são todos adjetivos. Ao contrário do grego o hebraico está preocupado com as ações, os verbos, o que se faz.
Por exemplo:
1- O grego define um dia agradável dessa forma: Que dia lindo, esplendido de sol quente!
2 – Já o hebraico, assim: Que dia de sol que sinto e que queima minha pele.

Enquanto o grego está preocupado com a qualidade do sol, “lindo, esplendido” o hebraico está preocupado com a ação do sol, “sinto, queima”

Mas o que D-us diz a respeito dele mesmo na bíblia? Vamos analisar a perspectiva de D-us ao se revelar ao homem, não esquecendo que essa perspectiva é hebraica.

1- “Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para ser vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus” Números 15:41 , Êxodo 29:46, Levítico 11:45, Levítico 22:33, Verbo = Tirar, Fazer

2- “Vede agora que eu, eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e ninguém há que escape da minha mão.” Deuteronômio 32:39 Verbo = Matar, fazer viver

3- “E ele lhes disse: Eu sou hebreu, e temo ao Senhor, o D-us do céu, que fez o mar e a terra seca.” Jonas 1:9 Verbo = Fazer

4- “Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há D-us; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças;” Isaías 45:5

5- “Portanto o santificarás, porquanto oferece o pão do teu Deus; santo será para ti, pois eu, o Senhor que vos santifica, sou santo.” Levítico 21:8 Verbo = “santificar” = Separar para um propósito

6- “Porque eu sou o Senhor teu Deus, que agito o mar, de modo que bramem as suas ondas. O Senhor dos Exércitos é o seu nome.” Isaías 51:15 Verbo = Agitar

7- “E, acerca dos mortos que houverem de ressuscitar, não tendes lido no livro de Moisés como Deus lhe falou na sarça, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó?” Marcos 12:26 Verbo = Falar

8- “O Senhor guarda os estrangeiros; sustém o órfão e a viúva, mas transtorna o caminho dos ímpios.” Salmos 146:9 Verbo = Guarda (cuidar)

Como podemos observar acima D-us se revela em ações e algumas vezes em atributos que levam a ações. Como devemos nos relacionar com esse D-us? Ao atribuímos adjetivos a D-us constrói-se uma distância entre você e Ele, porque não podemos imitar Seus atributos, especialmente a perfeição.
E porque Ele se revela em ações? Eu suspeito que é mais fácil se relacionar ou imitar suas ações do que seus atributos, ao imitá-lo me torno semelhante a Ele e isso me aproxima.

Quando ele diz:
Portanto santificai-vos, e sede santos, pois eu sou o Senhor vosso Deus.” Levítico 20:7
Ou
“Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.” 1 Pedro 1:16

Muitos de prontidão não conseguem se relacionar com esses versículos, primeiro porque a santidade é sinônimo de perfeição, que não é verdade; segundo, porque é um adjetivo, e adjetivos não são fáceis de imitar.
Na verdade a origem da palavra “santo” no hebraico não é um adjetivo mas sim um verbo קָדַשׁ qâdash = que quer dizer separar-se para um propósito específico, aqui está toda a diferença! Agora posso me relacionar melhor com o criador, Ele está me pedindo para fazer algo, um verbo, essa ação eu posso compartilhar com Ele e me tornar mais “igual” a Ele. Santificação?
Com certeza não posso tirar o povo do Egito nem abrir o mais vermelho, mas posso fazer justiça ao órfão e à viúva, amar ao estrangeiro, dando-lhe pão e roupa. Posso incorporar no meu dia a dia os valores morais ensinados na Torah, que são vitais para uma sociedade equilibrada, posso honrar meu pai e minha mãe, posso ser honesto nos meus negócios, ser fiel a minha esposa(o), praticar a justiça, amar a bondade, ser humilde, não fazer fofoca etc… Isso é o que ele pede de nós, não a perfeição.
Se entendermos isso, nossa familia, comunidade e sociedade se beneficiará muito com a presença de D-us agindo através de nossas ações.

“Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus?”
Miquéias 6:8

O que D-us faz:
“Que faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e roupa” Deuteronômio 10:18

O que eu posso fazer:
“A religião pura e imaculada para com D-us e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.” Tiago 1:27

Nosso desafio é entender essas diferenças, tentar entender o texto dentro do seu contexto histórico e cultural e depois aplicar em nossa vida, não impor ao texto nossa cosmovisão que é fortemente influenciada pela perspectiva grega.

O que é que o Senhor espera de ti?

“Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus?” Miquéias 6:8

O profeta Miquéias (Mikhâ, forma abreviada de Mikayahu em hebraico מִיכָיָ֫הוּ, ‘quem é como Deus?’) profetizou por volta de 742 a 687 AC, cerca de 55 anos, durante os reinados de três reis de Judá: Jotão, Acaz e Ezequias. Nasceu em Moresete cerca de 40 km ao sudoeste de Jerusalém, nas terras baixas de Judá, perto de Gate, na terra dos filisteus. Foi contemporâneo de Isaías. Escreveu para os habitantes de reino de Judá, a fim de adverti-los de que o juízo divino era iminente por haverem rejeitado a D-us e aos seus mandamentos (a Toráh – os 5 livros de Moisés). Livro de Miquéias é o sexto livro de 12 dos profetas menores do Tanak – conhecido pelos cristãos como Velho Testamento.
Miquéias advert aos reinados do norte (Israel cuja capital era Samaria) e do sul (Judá cuja capital era Jerusalém) contra a corrupção do povo e esquecimento dos mandamentos da Toráh. Estavam indo ao contrário aos mandamentos do Senhor, consequentemente houve um total colapso moral na sociedade, os juízes vendiam sentenças em favor dos ricos, os pobres eram explorados, falsos profetas barganhavam profecias de prosperidade, no comércio cidadãos alteravam as balanças e a qualidade dos produtos para obterem um lucro maior, seus filhos (muitos deles recém nascidos) eram oferecidos queimados em sacrifício à deuses pagãos (hoje se sacrifica inocentes no altar da conveniência), lideres religiosos e políticos se enriqueciam com a venda proibida de propriedades, uma vez que as propriedades só eram permitidas de passar de mãos através das famílias.
É nesse contexto que Miquéias escreveu seu famoso versículo: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus?” Depois da advertência da destruição total de Jerusalém e Samaria pelos assírios e babilônios o Senhor oferece uma oportunidade para o povo voltar a Ele e andar em seu caminho, evitando assim total calamidade.

O caminho é simples e demonstra o desejo do Senhor que o povo se aproxime dele, em três passos graduais mas íntegros e complementares.
1 – praticar a justiça
2 – amar a benignidade
3 – andar humildemente

Esses passos fazem parte de uma progressão com a finalidade de se aproximar do Senhor gradativamente.
Primeiro passo – Justiça – em hebraico Tzedakah (צְדָקָה), normalmente traduzido para o português como caridade ou justiça. Na verdade a idéia é de compartilhar o que temos com outras pessoas, e não é algo especial ou extraordinário, é algo que devo fazer no meu dia a dia, a coisa honesta e justa a fazer. Tzadakah é uma obrigação que o Senhor espera de todos aqueles que o seguem. Geralmente pratica-se com seu exterior.

Segundo passo – benignidade – em hebraico Hesed (חֶסֶד) a palavra benignidade não tem muito peso no nosso vocabulário cotidiano, além de bondade. A idéia no hebraico é a seguinte; enquanto o Tzedakah – justiça, se refere a contribuição monetária ao seu proximo em necessidade, Hesed vai um pouco mais além, o compartilhar não se restringe a contribuição monetária mas o compartilhamento do seu tempo, habilidade e conhecimento, um envolvimento pessoal com o beneficiário de sua justiça. Seu envolvimento com a pessoa não há limites, ajuda não é restringida ao pobre, mas a ajuda pode ser oferecida também ao rico independente da classe social. Assim sua característica essencial não é o dinheiro, mas o serviço pessoal. Hesed se torna mais excelente do que Tzedakah. Geralmente pratica-se com seu exterior e interior.

Terceiro passo – Andar em humildade – em hebraico Sāna (צָנַע) humildade, na progressão do verso andar humildemente se torna uma consequência dos 2 primeiros passos. Ao reconhecer que tudo o que você tem, tudo o que você é vem do Senhor (dependência) o compartilhamento dos seus bens materiais (ter) e do seu tempo (Ser) torna-se natural e a humildade é o produto final dessa relação que gradualmente se torna pessoal com o Eterno. Em vez de nos orgulharmos do que oferecemos a Deus, reconhecemos humildemente que nenhum sacrifício pessoal pode substituir um coração comprometido com a justiça e o amor. Pratica-se com todo a tua força toda sua alma eu todo o seu coração, expressando o exterior, interior e entendimento, como prescrito em Deuteronômio 6:5 “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças”.

Como os falsos profetas contemporâneos de Miquéias hoje em dia existem falsos profetas pregando um “evangelho” de prosperidade pessoal que ignora totalmente a justiça que D-us requer de cada um de nós, se torna falso uma vez que o indivíduo e seus desejos se tornam o alvo das “benções” de um deus que precisa do seu recurso material para lhe abençoar. A idea é tão absurda, assim como se eu pudesse oferecer ao mar um copo d’agua. Não há nada que podemos acrescentar a D-us, ele é dono de tudo que existe, não há nada que possamos acrescentar a salvação, ela é dada de graça assim como foi para com Israel quando ainda era escravo no Egito. Mas uma coisa podemos fazer; andar em humildade e se aproximar de D-us cumprindo seus mandamentos (Toráh – Deuteronômio 30:11-15), assim como Israel depois de ser salvo do Egito, andou perante D-us no deserto crescendo diariamente mesmo com queixas, limitações, decepções, erros e acertos. Esse é o caminho que commumente chamamos de “santificação” ou seja separado para o Senhor para um propósito.

O Salmista Davi escreveu nos Salmo 51:17
”Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.” Esse deve ser nosso alvo, andar humildemente com um coração contrito praticando a justiça – Tzedakah e o benignidade Hesed.

Deuteronômio 30:11-15
“Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não te é encoberto, e tampouco está longe de ti. Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Nem tampouco está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar, para que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Porque esta palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires. Vês aqui, hoje te tenho proposto a vida e o bem, e a morte e o mal;”

Autor: A Sfalsin

O plano de salvação para a humanidade. Gênesis 5

Diferentemente da maioria dos livros, a Bíblia foi escrita ao longo de 1600 anos; em três continentes:
Ásia, África e Europa;
e em três línguas:
aramaico, hebraico e grego

Foi escrita por 40 autores diferentes, todos de origens radicalmente diferentes: pescadores, filósofos, camponeses, reis, acadêmicos, cobradores de impostos, poetas e estadistas.
Está dividida em 66 livros. No entanto, há uma continuidade e consistência única e um tema comum em suas páginas.

Muitos duvidam e questionam a origem da bíblia, podemos realmente afirmar que ela é palavra de D-us ao home? Que ela é relevante a nossa vidas hoje?

Antes de tudo devemos compreender que a Bíblia, como temos hoje em nossas mãos, é simplesmente uma tradução e, quando se faz a tradução de um idioma para outro, perde-se muito de sua essência, por isso, para entendermos bem o que está escrito, devemos voltar ao texto original.

Vamos analisar um texto no seu original hebraico em Gênesis, capítulo 5, onde temos a genealogia de Adão até Noé. Este é um daqueles capítulos que frequentemente tendemos a folhear rapidamente quando lemos Gênesis; é simplesmente uma genealogia de Adão a Noé.

Para muitos leitores da Bíblia, quando chegam nas genealogias tem a tendência de pular o texto por achar que é tedioso, sem significado ou mensagem relevantes.

O significado de nomes próprios pode ser uma tarefa difícil, pois uma tradução direta muitas vezes não está disponível.

Um estudo das raízes originais, no entanto, pode revelar alguns discernimentos fascinantes:

Quero desafia-lo a pensar diferente sobres esses textos, te convido a uma aventura voltando a raiz to texto onde descobriremos juntos algo fantástico:
1- a natureza de D’us,
2- seu amor pela humanidade
3- respeito ao texto original Hebraico.

Veja esse video, para entender melhor como funciona a genealogia:

Nesse video acima está descrito as boas novas escondidas dentro de uma genealogia! A Bíblia é um sistema integrado de mensagens, produto da engenharia sobrenatural. Cada número, cada lugar, nome, cada detalhe, cada jota e til está lá para nosso aprendizado, descoberta e espanto. Um exemplo notável dessa inspiração divina pode ser vislumbrado aqui. Na verdade, nosso D-us é um D-us incrível.

Autor: Adivalter Sfalsin

Tenha um bom ano.

Já percebeu que os judeus tradicionalmente não desejam uns aos outros “feliz ano novo”?

Ao invéz dizem a frase hebraica “shanah tovath”, que apesar da tradução equivocada que aparece em quase todos os cartões de felicitações não tem nenhuma ligação com a expressão “feliz ano novo.”

Shanah Tovah transmite a esperança de um bom ano, ao invéz de um “feliz ano” e  a razão para essa distinção tem grande significado.

Em janeiro passado, a revista “Atlantic Monthly” trouxe um fascinante artigo intitulado “Há mais razões na vida do que simplesmente ser feliz. ”O autor, Emily Esfahani Smith, aponta como pesquisadores estão começando a adverter contra a busca simplesmente da felicidade. Eles descobriram que uma vida com propósito é melhor do que uma vida feliz em muitos aspectos. Os psicólogos descobriram que aqueles que esperam sempre “receber da vida” estão buscando “uma vida feliz” enquanto aqueles que estão dispostos a “dar na vida” estão buscando uma vida com propósito.

“A felicidade” sem propósito é caracterizada por uma vida superficial e relativa onde as coisas vão bem, necessidades e desejos são facilmente satisfeitos, difícildades ou tribulações são evitadas. As pessoas felizes obtem alegria em receber, enquanto as pessoas com propósito obtem alegria em dar aos outros, escreve o autor.

Kathleen Vohs, autora de um novo estudo a ser publicado este ano na revista “The Journal of Positive Psychology” diz: “Pessoas que buscam a felicidade obtem alegria ao receber benefícios de outras pessoas, enquanto as pessoas que buscam um propósito obtem alegria em compartilhar com outros”. Em outras palavras, a vida com propósito transcede o eu, enquanto a felicidade é concentrada na satisfação do eu.

Segundo o pesquisador Roy Baumeister, “O que diferência os seres humanos dos animais não é a busca da felicidade, isso ocorre na ordem natural do mundo animal, mas a busca do propósito é exclusivo aos seres humanos.”

Muito antes desses estudos, os judeus de alguma forma intuitiva entenderam isso. Felicidade é algo bom mas propósito é ainda melhor.

Desejar “um feliz ano novo” é reinforçar uma cultura hedonista cujo objetivo maior é o de “satisfazer o ego”, buscar “um bom ano” porém é reconhecer a superioridade do propósito sobre a alegria momentânea.

A palavra “bom” tem um significado especial na Torá, a primeira vez que encontramos essa palavra ela é associada simultanemente a cada dia da criação, Adonai vê a sua obra e proclama “isso é bom”, mas quando Adonai terminou todo o seu trabalho, Ele observou e disse: “e eis que tudo é muito bom”.

O que isso quer dizer? De que forma o mundo era bom? Certamente não era em nenhum sentido moral o que estava sendo mencionado, os comentaristas oferecem uma visão profunda, a palavra “boa-bom” indica que cada parte da criação cumpriu o propósito de D-us, foi bom porque era o que Ele tinha destinado a ser.

Esse é o significado mais profundo da palavra “bom”, quando ele é aplicado, atingimos nosso objetivo maior; nossa vida é boa quando vivemos a medida que fomos destinados a ser.

Podemos dizer que há muitas pessoas que levam uma vida boa apesar de passarem por muitas aflições e enfrentarem muitas dificuldades e experiências infelizes. Na verdade,  grandes indivíduos que escolheram vidas de sacrifício ao invés do prazer momentâneo deixaram um legado de inspiração e realização que nunca poderia ter sido realizado se estivessem preocupados com sua satisfação pessoal.

Shanah Tovah – “um bom ano”, na perspectiva espiritual é muito mais abençoado do que um simples “um ano feliz”.

Propósito Leva à Felicidade

Shanah Tovah provavelmente não enfatiza a felicidade, no entanto é a maneira mais correta de alcançar a felicidade em última análise, outra poderosa idéia descoberta por psicólogos contemporâneos é que a felicidade na maioria das vezes é o subproduto de uma vida com propósito. É justamente quando não buscamos a mesma e estamos dispostos a buscar ideais mais nobres como objetivo de vida que a encontramos inesperadamente, aterrissando numa vida completa e repleta de felicidade verdadeira.

Você pode pensar que a aquisição cada vez mais de dinheiro faria as pessoas mais felizes mas há milhões de pessoas dispostas a testemunhar suas experiências pessoais que simplesmente não é assim. Mas se o acumulo de dinheiro não satisfaz nossa sede de propósito, o que então? Os cientistas sociais chegaram a uma conclusão importante, ter dinheiro não conduz automaticamente à felicidade, mas compartilha-lo quase sempre alcança esse objetivo!

Propósito é o nosso objetivo final, em nossa busca de uma vida “boa”; então Shanah Tovah, você pode ter um ano repleto de significado e propósito e a felicidade inevitavelmente irá te seguir.

Shanah tovah a todos.

Parcialmente traduzido por: Adivalter Sfalsin

Texto original:

http://www.aish.com/jw/s/Jews-Dont-Say-Happy-New-Year.html?s=feat