Visão de Spurgeon em relação aos Judeus e Israel

CHARLES SPURGEON ACREDITAVA NO REGRESSO E RESTAURAÇÃO DOS JUDEUS À TERRA DE ISRAEL

Um dos maiores pregadores evangélicos de sempre, o cognominado “príncipe dos pregadores” – Charles Haddon Spurgeon (1834 – 1892) considerado também um dosmaiores pregadores ingleses de sempre, já antecipava o retorno dos judeus à sua Terra e o seu controle político sobre a mesma. Isto pode parecer básico e elementar para nós que fazemos parte da geração que viu Israel “nascer num só dia”, mas para alguém que viveu num tempo – século 19 – em que tal ideia seria considerada absurda e ridícula, foi certamente necessário muito estudo e reflexão nas Sagradas Escrituras proféticas para chegar a tal conclusão. Sem dúvida que tudo aquilo que ele creu e ensinou foi fruto da revelação divina, para que muitos pudessem à sua semelhança ansiar pelo cumprimento dos grande sinais que precederiam o regresso do Messias ao Seu povo eleito. Mais ainda, passariam a aguardar ansiosamente o primeiro grande sinal a cumprir num futuro não muito longínquo: o regresso dos judeus à sua Terra e o estabelecimento do moderno estado de Israel.

QUEM FOI CHARLES SPURGEON

Charles Haddon Spurgeon foi um famosíssimo pregador baptista inglês (1834-1892), que iniciou o seu ministério pastoral aos 20 anos na New Park Street Church, em Londres, tendo a Igreja mudado para Exeter Hall devido ao rápido crescimento, e mais tarde para o Surrey Music Hall. O contínuo crescimento da congregação – cerca de 10 mil pessoas vinham regularmente escutar os seus sermões – levou-os em 1861 a mudarem permanentemente para o recém construído Metropolitan Tabernacle. Durante 40 anos Spurgeon foi pastor nesta Igreja, tornando-se assim num dos maiores pregadores de sempre. Calcula-se que durante a sua vida Spurgeon pregou a cerca de 10 milhões de pessoas, sendo os seus sermões escritos, publicados e distribuídos pelo mundo inteiro. Este cognominado “príncipe dos pregadores” dedicou também muito do seu tempo a escrever devocionais, comentários bíblicos, e obras teológicas, estando muitos desses livros ainda disponíveis e em circulação nos dias de hoje.

MULTIDÕES ACORRIAM PARA OUVIR SPURGEON PREGAR
Sendo muito mais do que um pregador, Spurgeon punha em prática aquilo que ensinava, tendo fundado escolas dominicais, igrejas, um orfanato, e um colégio pastoral. O pregador baptista editou ainda uma revista muito estimada na época. A profundidade, conhecimento bíblico e poderosa oratória de Spurgeon cativava e empolgava os ouvintes da época, mas ainda hoje ele é considerado como um dos maiores pensadores e escritores cristãos de sempre. As suas obras devocionais e teológicas continuam a alimentar ainda hoje a fé e o conhecimento de inúmeros cristãos pelo mundo fora.

SPURGEON E O REGRESSO DOS JUDEUS À TERRA DE ISRAEL
Algumas das afirmações de Spurgeon sobre esta matéria levam-nos certamente a uma ainda maior admiração por este homem que Deus usou como um grande profeta para o seu tempo.
Eis algumas das suas afirmações registadas dos seus sermões e dos seus escritos:
“É também certo que os judeus, como um povo, ainda possuirão Jesus de Nazaré, o Filho de David, como seu Rei, e que retornarão à sua própria terra, e ‘edificarão nos velhos lugares desolados, restaurarão as antigas desolações, e repararão as velhas cidades, as desolações de muitas gerações.”

SPURGEON EM PREGAÇÃO
No dia 16 de Junho de 1864, numa reunião especial na Igreja na qual foi pastor , o famoso Tabernáculo Metropolitano, e numa época em que pregava sistematicamente a uma audiência de mais de 10 mil pessoas, sem qualquer espécie de amplificação sonora (inexistente na época), Spurgeon pregou sobre “A restauração e conversão dos judeus”. No seu sermão ele proclamou várias afirmações importantes sobre o futuro do povo judeu. Primeiramente, ele acreditava que os judeus iriam regressar física e literalmente para habitar e ter controle político sobre a sua antiga terra. Ele afirmou o seguinte, nas suas próprias palavras:
“Haverá novamente um governo nativo; haverá novamente a forma de um corpo político; um estado será incorporado, e um rei irá reinar. Israel ficou agora alienada da sua própria terra. Seus filhos, ainda que nunca possam esquecer o sagrado pó da Palestina, morrem mesmo assim a uma desesperadora distância das suas sagradas orlas. Mas tal não será para sempre, pois que os seus filhos voltarão a regozijar-se nela: a sua terra chamar-se-à Beulá, pois assim como um jovem casa com uma virgem assim os seus filhos com ela se casarão. ‘Colocar-vos-ei na vossa própria terra,’ – é a promessa de Deus para eles…Eles haverão de ter uma prosperidade nacional que os tornará famosos; sim, tão gloriosos serão eles que o Egipto, Tiro, a Grécia e Roma esquecerão todos as suas glórias à luz do maior esplendor do trono de David…Assim sou bem claro e simples, o sentido literal e o significado desta passagem (Ezequiel 37:1-10) – um significado que não deve ser espiritualizado – tem de ser evidente de que tanto as duas como as dez tribos de Israel terão de ser trazidas à sua própria terra, e então um rei as governará.”

SPURGEON SOBRE A CONVERSÃO DOS JUDEUS
Spurgeon também acreditava que a conversão dos judeus viria através da pregação cristã por intermédio da Igreja e de outras organizações missionárias que Deus iria levantar para essa tarefa.
“Todas estas promessas implicam certamente que o povo de Israel deverá se converter a Deus, e que esta conversão será permanente, pois que o tabernáculo de Deus estará com eles, o Altíssimo terá de forma especial o Seu santuário no meio deles para sempre; assim, quaisquer nações que apostatarem e se voltarem para o Senhor naqueles dias, a nação de Israel nunca, pois que estará efectiva e permanentemente convertida, os corações dos pais se voltarão com os corações dos filhos para o Senhor seu Deus, e eles serão o povo de Deus, um mundo sem fim. Ansiamos então por estas duas coisas. Não vou fazer teorias sobre qual das duas virá primeiro, se eles serão primeiramente restaurados e convertidos depois, ou se convertidos primeiro e então restaurados. Eles serão restaurados e serão convertidos também. Que o Senhor envie estas bênçãos na Sua própria ordem, e nós ficaremos bem contentes com qualquer uma das formas que vier. Tomamos isto como nossa alegria e conforto, que tal irá acontecer, e que tanto no trono espiritual como no temporal o Rei Messias se sentará, e reinará gloriosamente entre o Seu povo.”
Na sua obra “The Church of Christ” (A Igreja de Cristo), Spurgeon afirma com convictamente:
“A hora está chegando, em que as tribos subirão ao seu próprio país. Quando a Judeia, por tanto tempo um deserto uivante, voltar a florescer como uma rosa; quando, se se o próprio templo não for restaurado, for mesmo assim erguido no monte Sião algum edifício cristão, quando os cânticos dos louvores solenes forem escutados como ecos dos velhos Salmos de David cantados no Tabernáculo…eu penso que não damos demasiada importância à restauração dos judeus. Não pensamos demasiado nesse assunto. Mas, certamente, se há alguma coisa prometida na Bíblia é isto mesmo. Eu imagino que não se pode ler a Bíblia sem que se veja claramente que há uma real restauração dos Filhos de Israel…porque quando os judeus forem restaurados, a plenitude dos gentios se completará; e mal eles retornem, Jesus descerá então gloriosamente sobre o Monte Sião com os Seus antigos e os prósperos dias do milénio raiarão então; conheceremos então todo o homem como irmão e amigo; Cristo reinará com um domínio universal.”

SPURGEON E A VINDA DO MESSIAS
Spurgeon via o lugar de Israel no Reino de Deus como um cumprimento claro das profecias:
“Se lermos correctamente as Escrituras, os judeus têm muito a ver com a história deste mundo: eles serão ajuntados; o Messias virá, o Messias que eles estão buscando – o mesmo Messias que veio uma vez voltará de novo – Ele virá da mesma forma que eles esperavam que Ele viesse da primeira vez. Eles pensavam então que Ele viria como um príncipe para reinar sobre eles, e assim será quando Ele voltar. Ele virá para ser o Rei dos judeus, e para reinar gloriosamente sobre o Seu povo; porque quando Ele voltar judeus e gentios terão privilégios iguais, embora vá haver alguma distinção conferida a essa família real da qual Jesus veio; porque Ele sentar-se-à no trono do Seu pai David, e a Ele se juntarão todas as nações.” (in The Leafless tree”)

RESUMINDO… Podemos então resumir as convicções do “príncipe dos pregadores” sobre a restauração de Israel na sua própria terra nestes pontos:
1. Israel como nação virá a ter fé em Cristo;
2. Israel terá uma identidade nacional e geo-política;
3. O sistema político será uma monarquia, “um rei irá reinar”;
4. Israel estará na Terra Prometida;
5. As fronteiras corresponderão às promessas feitas a Abraão e David;
6. Israel terá um lugar especial entre as nações no Reino milenar;
7. Contudo, Israel permanece espiritualmente parte da Igreja;
8. Haverá uma prosperidade nacional que causará a admiração do mundo;
9. As profecias do Velho Testamento não devem ser tratadas de forma não literal.

Pessoalmente, ao fazer esta pesquisa sobre as convicções deste grande pregador baptista, fui extremamente abençoado e motivado a dar graças a Deus por ter levantado no meio do Seu povo homens desta estatura espiritual e de tão profundo conhecimento e revelação bíblicos!
Shalom!

Fonte: http://shalom-israel-shalom.blogspot.pt/2012/12/charles-spurgeon-acreditava-no-regresso.html

Entendendo as palavras difíceis de Jesus Parte 3 “..não vim abolir a lei, mas cumprir” Mat 5:17

Entendendo as palavras difíceis de Jesus Parte 3 “..não vim abolir a lei, mas cumprir” Mat 5:17

Passei boa parte da minha vida ativamente participando de 2 denominações protestantes (Batista e Presbiteriana). Por ter um interesse peculiar nas sagradas escrituras alguns ANOS atrás me dediquei a estudar a raiz de minha fé, ou seja a língua hebraica. Certamente o Senhor criador é um D-us pessoal e por isso iniciou seu plano de salvação com um indivíduo que se tornou uma nação e abençoou todos os membros da raça humana com o advento da vida do Messias, salvador do povo judeu e dos gentios.

Descobri então que ao estudar a bíblia eu era fortemente influenciado por 2 milênios de tradição cristã e interpretações humanas dos “pais da igreja” fazendo com que meu raciocínio fosse exclusivamente Grego/Romano e tivesse uma perspectiva 100% Helenística da bíblia. Hoje ao aproximar-me da bíblia com uma perspectiva crescentemente  hebraica vejo que muitas das interpretações e doutrinas equivocadas ensinadas no mundo cristão protestante hoje é devido há anos de desentendimento entre a igreja e a sinagoga, muitos desses com conseqüências trágicas e até sangrentas. É de suma importância para uma interpretação saudável levar em conta que as culturas são diferentes, as formas de pensar, ver o mundo e D-us podem estar tão distante quanto o leste do oeste entre as culturas diversas. Por exemplo os Gregos estudavam afim de compreender, nos, os ocidentais, estudamos afim de  aplicarmos o conhecimento em coisas práticas, os hebreus estudavam afim de reverenciar. Reverência, temor e admiração vem por meio do estudo das escrituras que levam o indivíduo a obediência, então o estudo é a expressão maior de louvor que uma pessoa pode oferecer ao Senhor.

Ao lermos a bíblia é vital entendermos que seus escritores eram Judeus, raciocinavam em hebraico e transmitiram sua mensagem dentro desse contexto mesmo que para alguns deles como Paulo ao escrever suas cartas usava o grego como instrumento mas a linha de raciocínio era hebraica. Jesus e Paulo pertenciam a escola de pensamento dos fariseus cuja interpretação das escrituras era aceita pela maiorias dos seus contemporâneos e sem dúvida influenciou os autores dos evangelhos assim como Paulo.

É comumente afirmado entre cristãos protestantes o seguinte:

1- Uma nova aliança foi feita e a antiga já não tem significância, e não é a continuação da revelação da primeira aliança.

2 – Judaísmo é uma religião da lei e o cristianismo a religião da graça.

3 – Judaísmo ensina a ira do Senhor e o cristianismo ensina o amor do Senhor.

4 – Judaísmo a religião de um povo exclusivo, cristianismo a religião internacional.

5 – Judaísmo ensina que justiça é alcançada por meio de obras e cristianismo por meio da fé.

Resumindo, ensina-se que o D-us do velho testamento é para ser temido por sua ira e o do novo testamento como o D-us do amor. Parecem até dois D-uses distintos. Naturalmente algumas dessas afirmações não são explicitamente proclamadas nos púlpitos mas implicitamente é o que afirmam.

Na minha busca para entender essas diferenças descobri que tais não existem, o Judaísmo nunca foi uma religião baseada nas obras e sim na graça de D-us. Afinal, o que o povo judeu fez para merecer ser resgatado do Egito? Certamente que ao lermos o velho testamento nos confrontamos com passagens difíceis, por exemplo onde D-us instrui o povo a exterminar seus inimigos, incluindo mulheres, crianças e idosos.. são passagens extremamente difíceis de compreender mas não podemos descartar dezenas de outros livros e passagens só porque a nossa compreensão de algumas passagens são desafiadoras.

Jesus ao “pregar o evangelho” se referia diretamente ao velho testamento principalmente aos 5 primeiros livros que é chamado de Torá, ou Pentateuco  (livros de Moises). O livro que Jesus mais cita é Deuteronômio atestando a autenticidade e autoridade do mesmo, citando-o três vezes ao repelir as tentações de Satanás. (Mateus 4:1-11; Deuteronômio 6:13,16, 8:3). Também, Jesus respondeu à pergunta quanto a qual era o maior e o primeiro mandamento por citar Deuteronômio 6:5. (Marcos 12:30).

Paulo também cita Deuteronômio 30:12-14; 32:35, 36 (em Romanos 10:6-8 e Hebreus 10:30).

Hoje seriamos capazes de testificar o amor de D-us a alguém usando velho testamento? Certamente Jesus, Paulo e os apóstolos usados pelo espirito santo converteram multidões usando esse método.

Um dos versículos com interpretação equivocada que já testemunhei e o de Mateus 5:17. “Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir.”  – Nova versão internacional

Há aqueles que defendem que Jesus ao cumprir toda a lei mosaica (o Pentateuco ou Torá) Ele nos livrou do peso da lei e por isso não precisamos nos preocuparmos em obedece-la. Será que tal interpretação é valida? E o que dizer dos 10 mandamentos, que estão incluídos na lei?

Gostaria de propor uma análise na raíze do texto: Antes de tudo temos que considerar que evidências mostram que os evangelhos foram primeiramente escritos em Hebraico e depois traduzidos para o Grego, apesar de não termos os originais em Hebraicos hoje. Se tiver interesse nesse assunto indico a leitura do livro em Inglês (http://www.jerusalemperspective.com/products-page/ebooks/jesus-rabbi-and-lord/) Jesus Rabbi and Lord.

As três palavras fundamentais para entendermos essa declaração de Jesus são: Lei, abolir e cumprir.

LEI – diferente da conotação em português que é de algo obrigatório, pesado e punitivo, a palavra no hebraico (yarah) significa: instrução, retidão, vida, direção e ensino. A imagem é de uma flecha que é atirada em linha reta e acerta o alvo, sendo o alvo a vontade do Senhor. Então a “lei” nos ensina a andar corretamente a fim de obedecermos ao Senhor que amamos. O Salmista exclama no salmo 119:97  “Oh! Como eu amo a tua lei! Nela medito o dia inteiro.” Como ele pode amar a lei? Eu detesto a lei, ela me obriga a fazer coisas que não desejo. Mas se entendermos o contexto em que o salmista se expressa é fácil de compreender.

ABOLIR – no grego = Karalyõ – “interpretar incorretamente”. No hebraico = batel – abolir, cancelar e destruir. Portanto a pessoa cancela, destrói e abole quando se equivoca na interpretação do texto.

CUMPRIR – no grego = Pleroõ – se refere a interpretar a passagem corretamente. No hebraico = Kiyem – re-afirmar, apoiar, guardar, observar, celebrar. Tanto BATEL quanto KIYEM estão geralmente associadas ao contexto de interpretação das escrituras.

Como alguém pode observar a lei (as instruções) do Senhor se não compreender o que a lei requer dele(a)? Se houver algum equivoco na interpretação das escrituras, provavelmente não conseguira cumprir o mandamento do Senhor como e Seu intuito, ou em outras palavras – acertar o alvo, então a pessoa pode abolir “interpretar incorretamente” – cancelando o mandamento. Em contrapartida quando se compreende corretamente a intenção do Senhor em determinado mandamento então a pessoa consegue cumprir o mandamento ou Lei (Torá). Acerta o alvo!

Então o que Jesus está realmente dizendo é: “Não pensem que vim dar uma interpretação incorreta dos preceitos/ensinamentos ou dos Profetas; não vim para dar interpretação incorreta, mas sim para interpretar corretamente, re-afirmar, apoiar, guardar, observar e celebrar a Lei (Torá).”

Meu desejo é que através do estudo minucioso das escrituras no seu contexto cultural, lingüístico e espiritual possamos viver vidas frutíferas e maduras em reverencia ao Senhor.

A.S.A.